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Bolsa cai 0,57% com agravamento da crise na Ucrânia

Temor de agravamento da crise entre Rússia e Ucrânia volta a derrubar a Bolsa, que acumula perda de 0,61% na semana; dólar cai a R$ 5,14

Bolsa

dia também foi negativo na Europa e na Ásia, com destaque para Frankfurt (-1,47%) e Hong Kong (-1,88%) | Foto: Getty Images

A Bolsa acumulou nesta sexta-feira a primeira perda semanal desde a primeira semana de janeiro, quando havia cedido 2,01%, depois de cair  quase 12% ao longo de 2021. Depois da abertura negativa do novo ano vieram cinco semanas de recuperação. Agora, com a perda de 0,57% nesta sexta-feira, aos 112.879,85 pontos, o Ibovespa recua 0,61% na semana. Na quarta-feira, aos 115,1 mil pontos, o índice obteve seu melhor nível de encerramento desde 14 de setembro. De lá para cá, em duas sessões negativas, retrocedeu 2,3 mil pontos, refletindo a aversão global a risco, com elevação do grau de incerteza sobre o que sucederá entre Ucrânia e Rússia.

Assim como ontem, as perdas em Nova York foram superiores às observadas na B3 na maior parte da sessão, ao final relativamente limitadas à faixa de 0,68% (Dow Jones) a 1,23% (Nasdaq). No mês, o Ibovespa ainda avança 0,66%, com ganho de 7,69% em 2022. O giro financeiro desta sexta-feira foi de R$ 31,4 bilhões, em dia de vencimento de opções sobre ações. Entre a mínima e a máxima do dia, o Ibovespa oscilou dos 112.701,12 aos 114.213,43, saindo de abertura aos 113.533,58 pontos.

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Prevaleceu nesta sexta-feira a cautela associada a uma combinação de eventos: o teste com mísseis balísticos e intercontinentais a que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pretende assistir no sábado e o feriado de segunda-feira nos Estados Unidos pelo Dia do Presidente, data federal em que não haverá negócios com ações e títulos no país.

Assim, sem desdobramentos nas últimas 24 horas que contribuíssem para amenizar a fervura no leste europeu, os investidores compraram Treasuries, em busca de proteção, e venderam ações em Nova York – o dia também foi negativo na Europa e na Ásia, com destaque para Frankfurt (-1,47%) e Hong Kong (-1,88%). O dólar DXY, que o contrapõe a seis outras moedas de referência, teve alta moderada nesta sexta-feira.

Tensão na Ucrânia preocupa investidores e derruba a Bolsa

Funcionários do governo dos Estados Unidos continuam a afirmar que esperam um ataque russo à Ucrânia nos próximos dias, o que pode envolver uma ampla combinação de caças, tanques, mísseis balísticos e ofensivas cibernéticas, com a intenção final de tornar a liderança do país impotente. Autoridades americanas afirmam agora que a perspectiva de evitar a guerra parece muito frágil, e acrescentam que a gestão Joe Biden continuará tentando manter a janela aberta para a diplomacia.

Pela manhã, a indicação de que o secretário de Estado americano, Antony Blinken, deve se reunir com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, na próxima semana, contribuía para alimentar a expectativa de que uma solução diplomática para o impasse sobre a Ucrânia ainda é possível, aponta em nota a Guide Investimentos. O acirramento da tensão entre os separatistas do leste e o governo ucraniano, com relatos de deslocamento de população e ataques pontuais como o que atingiu uma escola ontem, contribui para reforçar a narrativa de que um conflito aberto estaria próximo.

Depois de ter caído mais de 2% pela manhã, os contratos futuros do petróleo fecharam o dia em leve alta, com o Brent acima de US$ 93 por barril – Petrobras ON cedeu 0,64%, mas a PN obteve ganho de 0,61% na sessão. Além da tensão no leste europeu, a aproximação de um acordo nuclear entre Irã e o Ocidente, com potencial para aumentar a oferta da commodity, tem afetado os preços do petróleo recentemente.

Em contraponto ao enfraquecimento de Petrobras, e do grau menor de dinamismo visto em Vale (ON +0,21%), as ações do setor financeiro, o de maior peso no índice, tiveram sessão positiva, com destaque, entre outras, para Banco do Brasil (ON +2,04%), Bradesco (PN +0,57%) e B3 (+0,49%). Na ponta do Ibovespa, Cielo (+12,30%), MRV (+2,73%) e BB (+2,04%). O mercado reagiu bem ao anúncio da Cielo de que sua subsidiária nos Estados Unidos assinou na quinta-feira, 17, contrato para vender a Merchant E-Solutions para a Sam I, subsidiária da Integrum Holdings, em transação que pode chegar a US$ 290 milhões. No lado oposto do Ibovespa, Rumo (-8,81%), Locaweb (-7,12%) e Natura (-5,65%).

Dólar acumula queda de 3,13% desde o início do ano

Os ganhos firmes da moeda americana no exterior e o mau humor predominante das bolsas em Nova York ao longo da tarde – com investidores reduzindo exposição ao risco diante de temores de uma possível invasão russa à Ucrânia nos próximos dias – não foram capazes de tirar o brilho do real nesta sexta-feira, 18.

Afora uma alta pontual logo após a abertura dos negócios, o dólar operou sempre em queda no mercado doméstico, na contramão do sinal predominante da moeda tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes. No início da tarde, o dólar chegou a flertar com o nível de R$ 5,10, ao descer até a mínima de R$ 5,1120 (-1,06%).

Com uma desaceleração das perdas na reta final do pregão, fechou R$ 5,14, em baixa de 0,52% – acumulando desvalorização de 1,95% na semana e de 3,13% em fevereiro, após ter recuado 4,84% em janeiro. O real – que muito apanhou no ano passado – lidera o ranking das melhores moedas do mundo em 2022. (AE)

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