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Carro antigo com motor elétrico vira moda em Londres

Oficinas especializadas em conversão de carros clássicos para a motorização elétrica cobram até R$ 140 mil pelo serviço que aproveita baterias recicladas

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Modelos clássicos do passado fazem sucesso com motores reciclados dos modernos carros elétricos | Foto: Divulgação

Uma empresa de Londres especializada em converter carro antigo para rodar com motor elétrico está fazendo sucesso na Inglaterra.

O empresário Matthew Quitter, dono da London Electric Cars, criada há quatro anos, reaproveita baterias de veículos elétricos acidentados em modelos de automóveis do passado, como um Morris Minor preto fabricado em 1953 que ele dirige com motorização silenciosa, bem diferente do motor original a combustão.

Ele recicla peças de modelos da Teslas e Nissan descartados pelas empresas de seguros para adaptar os automóveis clássicos do passado.

A empresa cobra o equivalente a R$ 140 mil por conversão, segundo reportagem da BBC. O preço é alto, mas o empresário diz que pretende ampliar a produção e reduzir esse custo para cerca de R$ 38 mil para tornar o serviço acessível para mais pessoas.

Empresa defende incentivos para estimular adaptação de carro antigo para motores elétricos

Oficina da London Eletric Car, que cobra até R$ 140 mil para converter modelo antigo | Foto: Divulgação

O governo britânico uma subvenção equivalente a R$ 18,5 mil para ajudar no custo da compra de um veículo elétrico novo, como forma de incentivar a redução da poluição. Mas o empresário defende que haja subsídio também para incentivar a conversão.

“É um desastre desperdiçar os milhões de carros antigos movidos a gasolina ou diesel, com políticas que incentivando o sucateamento”, diz o empresário, que defende incentivos para estimular a reciclagem.

“O governo precisa oferecer conversões acessíveis em carros antigos baratos, para fazer uso das baterias sucateadas – que têm matérias-primas que ainda estão subindo de preço”, acrescenta o empresário, que está convertendo agora um Lincoln Continental.

“Os incentivos são para comprar novos veículos elétricos, mas isso é jogar fora um carro inteiro quando você pode apenas trocar o motor”, diz ele.

Um porta-voz do Departamento de Transportes informou que o governo está analisando a questão: “A adaptação de veículos com baterias é um mercado emergente, e estamos trabalhando com pesquisadores sobre a viabilidade de um programa de sustentabilidade nessa área”.

Bateria elétrica pode ser instalada no porta-malas nos modelos antigos | Foto: Divulgação

Reino Unido isenta carros de mais de 40 anos de impostos

No Reino Unido, veículos fabricados antes de 8 de janeiro de 1981 são considerados clássicos e isentos de impostos rodoviários, se não forem usados para fins comerciais.

Além disso, o seguro desses modelos também é mais barato, pelo menos se o veículo não faz muita quilometragem. No entanto, as taxas podem subir bruscamente se você disser ao seu provedor de seguros que agora há um motor Tesla sob o capô, o que torna o veículo significativamente mais rápido.

A conversão de um carro antigo para funcionar com energia elétrica reduz a poluição ambiental e sonora do veículos e ainda elimina o custo ambiental em termos de produção de dióxido de carbono (CO2) com a produção de um novo carro elétrico.

Um novo carro totalmente elétrico normalmente produz 18 toneladas de CO2 durante sua vida útil, dos quais 46% vem enquanto ele está sendo fabricado, segundo pesquisas na Inglaterra. No caso de um veículo a gasolina padrão, o volume é de 24 toneladas.

Segundo o dono da London Electric Cars, alguns carros clássicos são mais adequados à conversão elétrica do que outros. Um modelo Aston Martins, por ser leve e ágil, não recebe bem o motor elétrico, diferentemente do que ocorre com os Bentleys e Rolls-Royces.

Os minis antigos e os Land Rovers são os carros clássicos mais baratos de se converter.

Entusiastas dos carros clássicos dizem que conversão é ‘sacrilégio’

Para alguns entusiastas de carros clássicos, a conversão para baterias elétricas é sacrilégio. “A trilha sonora do motor faz parte da experiência do carro, e o que o torna especial”, afirma Wayne Scott, diretor da Federação de Clubes Históricos de Veículos Britânicos.

Trocar a motorização é como pegar o melhor álbum dos Rolling Stones e trocar pela execução da mesma múdica em um teclado Casio e tentar dizer às pessoas que é a mesma experiência”, diz ele.

Ele acrescenta que se o motor de quatro litros do Triumph TR8 fosse convertido para um motor elétrico, ele se transformaria de um monstro cuspidor de fogo e estrondoso que encanta uma legião de fãs em um carro velho e descarado”.

A distância anual coberta por carros históricos no Reino Unido é inferior a 0,25% da quilometragem total dos veículos motorizados do país, de acordo com o Departamento de Transportes. Por isso os especialistas dizem que não há necessidade de converter clássicos em elétricos por razões ambientais.

O empresário David Lorenz, fundador da Lunaz, uma empresa de conversão de carros elétricos de ponta, diz que a indústria automobilística clássica precisa pensar no que pode fazer para torná-los relevantes, dentro de uma perspectiva viável e sustentável”.

Sua empresa recebeu investimento do ex-futebolista David Beckham, R$ 3,7 milhões por um Rolls-Royce elétrico. Lorenz diz que o impulso global para práticas muito mais sustentáveis está causando uma sensação real de que é hora de trabalhar pelo reequilíbrio. “Os Clássicos são bonitos, e há um sentimento mesmo entre os mais jovens de que eles merecem ser preservados e adaptados para os novos tempos”.

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