Brasil pode ser líder mundial em créditos de carbono, diz Wilson Ferreira Júnior

O Brasil pode ser o maior gerador de créditos do mundo, afirma o presidente da Vibra Energia (VBBR3), Wilson Ferreira Júnior. Segundo ele, o mercado pode ajudar a mitigar os efeitos das queimadas e do desmatamento ilegal no Brasil, um dos países que mais crescem na geração renovável de energia.

O presidente da antiga BR Distribuidora foi o convidado da série Cenários de entrevistas promovidas pelo Banco Safra em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo. Ele afirmou que, a despeito da recente repercussão negativa sobre sustentabilidade, o Brasil segue como potência sustentável.

“A emergência climática gera eventos extremos e tivemos infelicidade de, no ano mais seco da história, também termos um ano muito ruim nas queimadas, seja no Pantanal, seja na Amazônia. Os 3% de emissão (percentual de gases do efeito estufa de responsabilidade do Brasil frente ao mundo) são devidos quase que metade às queimadas. A queimada ilegal tem que ser combatida. Nossa má fama está ligada ao desmatamento ilegal, às queimadas e a incapacidade de fazer um gerenciamento disso”, disse Ferreira Júnior.

Conduzida pela jornalista Sonia Racy, a entrevista teve transmissão ao vivo. Para rever, basta dar play no vídeo no canto superior à direita. Com a missão de liderar a transição energética da Vibra, Wilson Ferreira Júnior acredita fortemente que o Brasil vai liderar o mercado de créditos de carbono em um futuro próximo.

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O executivo lembra que o Brasil tem uma matriz energética diversificada e avança cada vez mais para torná-la menos dependente da hidrelétrica, esta também considerada uma fonte ‘verde’.

“O Brasil é um País muito diferente. Temos o trauma de 2001, quando tivemos racionamento, mas naquela época, 95% da matriz era hidrelétrica. Hoje ela representa cerca de 60%”.

Wilson Ferreira Júnior destacou o compromisso e as ações da Vibra Energia com o movimento Net Zero, de neutralidade das emissões de carbono em suas operações até 2025.

“Numa empresa listada na Bolsa, como a Vibra, com o nível de liquidez que ela tem, os investidores olham fortemente para esse aspecto. A nossa frota de veículos está sendo adaptada para o uso de etanol, estamos atualizando processos em que usamos combustíveis para outros que usam fontes mais ambientalmente favoráveis”, detalhou Ferreira Júnior. “Estamos criando plataforma multienergia, com as energias necessárias para a transição energética”.

Entre outras mudanças, que segundo o executivo ocorreram nos últimos seis meses, ele cita a parceria com a Coopersucar para amplificar o uso do etanol, a criação de uma comercializadora de energia elétrica no mercado livre, a extração de gás biometano de origem vegetal e a abertura de uma biorefinaria na Amazônia para produzir combustível verde para a aviação em quatro anos.

Influência sobre a Eletrobras

Na entrevista, Ferreira Júnior falou sobre sua influência no processo de privatização da Eletrobras, que está em curso. Para ele, seu pedido de demissão da estatal, em janeiro de 2021, ajudou a acelerar o processo, em um momento em que o governo federal ganhava mais apoio das novas lideranças da Câmara dos Deputados (Arthur Lira) e do Senado (Rodrigo Pacheco).

Ele esteve por cinco anos à frente da Eletrobras e, em março do ano passado, assumiu a Vibra Energia. "Em janeiro pedi demissão e logo em fevereiro as Casas retomaram as atividades com novas lideranças. Acho que a minha saída provocou uma preocupação que o processo de privatização não conseguia andar. Acho que acabou sendo um gatilho para que a discussão ficasse mais alto nível. O governo com a liderança maior nas duas Casas e com capacidade de aprovar o projeto em Medida Provisória. Estou muito feliz com isso. Contribui para que isso chegasse a esse ponto", disse Wilson Ferreira Júnior.

Todas as entrevistas da série Cenários podem ser assistidas aqui.