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Crédito para imóveis atinge recorde de R$ 2 trilhões, apesar dos juros

Crédito imobiliário bate recordes, ajudado pela diversificação das fontes de recursos e menor dependência dos recursos da poupança

Avenida Paulista esquina com Augusta vista aérea

Outras fontes de financiamento ganham importância no mercado e atraem investidores | Foto: Getty Images

Apesar do cenário econômico de juros ainda altos, o crédito imobiliário bateu recordes nos últimos anos, ajudado pela diversificação das fontes de recursos e pela menor dependência dos recursos direcionados, como os da poupança. O volume disponível de recursos para crédito imobiliário aumentou de R$ 1,63 trilhão, em julho de 2021, para R$ 1,80 trilhão, no mesmo mês de 2022, chegando a R$ 2,04 trilhões, em julho deste ano.

O montante diz respeito a todos os tipos de instrumentos de crédito atrelados a bens imobiliários e representa uma alta de 25% no período (julho de 2021 a julho de 2023), de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). A evolução do crédito imobiliário aconteceu mesmo com o encolhimento de 7,5% do saldo disponível no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) no período, quando baixou de R$ 798 bilhões, em julho de 2021 para R$ 772 bilhões, em 2022, e R$ 739 bilhões, em julho deste ano.

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As fontes alternativas de crédito imobiliário – fundos, letras e certificados de recebíveis (FIIs, LCIs, LIGs e CRIs) – cresceram nos últimos anos como boas opções de investimento na carteira dos brasileiros. Com isso, eles já superaram em termos nominais e relativos a poupança, que é historicamente a principal origem dos empréstimos para a compra e a construção de imóveis no Brasil.

Fundos imobiliários e outras aplicações ligadas ao setor batem a poupança

Juntas, as carteiras totais de fundos de investimento imobiliários (FIIs), letras de crédito imobiliário (LCIs), letras imobiliárias garantidas (LIGs) e certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) foram de R$ 338 bilhões em 2021 para R$ 555 bilhões no ano passado e para R$ 765 bilhões neste ano, passando a caderneta em volume de dinheiro.

Por sua vez, a participação da poupança no financiamento total do setor vem caindo ano a ano: de 46% para 43% e, agora, 36%. Por outro lado, as fontes alternativas pularam de 24% para 31% no ano passado e, agora, 38%. Outra cesta importante é o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), destinado para a habitação popular, como o Minha Casa, Minha Vida. Em volume, o saldo na carteira do fundo cresceu de R$ 440 bilhões para R$ 533 bilhões no período, enquanto em participação nos financiamentos ficou estável em 26%.

Financiamento para imóveis ganha mais importância no mercado

Na visão de especialistas, esta transformação tem sido essencial para o setor da construção não ficar parado mesmo quando faltam recursos para o setor. “Percebemos como outras fontes de financiamento vêm ganhando importância no mercado”, disse o presidente executivo do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Ely Wertheim. “Isso ainda não acontece na velocidade com que a gente gostaria, por conta dos juros altos e de outros problemas estruturais da economia, mas são avanços relevantes.”

Wertheim lembrou que por muitos anos as incorporadoras tiveram seus projetos limitados pelo volume de dinheiro disponível para financiamentos nas cadernetas e no fundo de garantia. Daí a importância de haver cada vez mais a diversificação de fontes. Embora essa transformação já esteja em andamento, existe a barreira dos juros maiores nos demais instrumentos, o que ainda inibe a contratação de crédito. “Ainda dependemos da caderneta de poupança como fonte de recursos. O incorporador ainda vai ficar muito tempo agarrado a ela”, afirmou. (AE)

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