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Cultura brasileira perde José Ramos Tinhorão

Um dos mais respeitados historiadores da música brasileira, José Ramos Tinhorão morreu aos 93 anos de causa não informada

Tinhorão

Pesquisador e crítico musical José Ramos Tinhorão deixou acervo de mais de dez mil itens que contam história da música brasileira | Foto: Estadão Conteúdo

Morreu nesta terça-feira, aos 93 anos, o pesquisador e crítico musical José Ramos Tinhorão. A morte foi confirmada pela Editora 34, que lançava seus livros, segundo O Globo. A causa da morte não foi informada.

Um dos mais respeitados historiadores da música brasileira, Tinhorão foi o mais importante crítico musical do Brasil.

Tinhorão passou mais de 40 anos juntando raridades para a sua coleção – que ele chama de “acervo temático”, pois os itens mais variados (discos, livros, fotografias, folhetos, periódicos etc.) se complementam, ajudando a contar a história de fatos e personagens da música popular brasileira. Seu pequeno apartamento não conseguia mais abrigar pilhas e pilhas de documentos.

Em 2001, vendeu seu acervo ao Instituto Moreira Salles. Na sede da entidade, em São Paulo, a Coleção Tinhorão começou a ser trabalhada: foi feita a digitalização dos cerca de discos de 78 rotações e a catalogação dos livros. Em fevereiro de 2010, a coleção foi transferida para o IMS do Rio de Janeiro, na Gávea.

Acervo de Tinhorão tem mais de dez mil itens

O acervo acumulado ao longo de décadas pelo pesquisador, jornalista e crítico musical vai muito além da discoteca formada pelos aproximadamente 10 mil itens: o que ele chama de “conjunto de informações de caráter urbano, com enfoque histórico-sociológico”, é a soma de uma grande variedade de coleções indispensáveis aos estudiosos da evolução da cultura urbana brasileira em geral, e não apenas da música popular.

Segundo o Instituto Moreira Salles, a coleção inclui fotos, filmes, scripts de rádio, programas de cinema e teatro, cartazes, jornais, revistas, rolos de pianola, folhetos de cordel, press-releases de gravadoras e uma biblioteca especializada em obras sobre música, que abrange também ficção, crônica e memórias, além de 11 coleções de suplementos literários de jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo, publicados a partir da década de 1940.

Completam o acervo fitas de áudio com depoimentos de personalidades, gravações de palestras e programas de televisão de que o próprio Tinhorão participou. No quadro geral, o período histórico coberto vai da segunda metade do século XIX ao final do século XX.

A discoteca em si é formada por cerca de 6 mil discos de 78 rpm (gravados e lançados no mercado fonográfico entre 1902 e 1964), e p4 mil discos de 33 rpm. Cobre todos os ciclos e movimentos da música popular brasileira no século XX, com algumas de suas peças mais valiosas, pela raridade, concentradas no período do nascimento do samba.

No dia 13 de abril de 2010, a Reserva Técnica Musical do IMS inaugurou uma exposição dos itens raros do acervo, com a curadoria do próprio Tinhorão – que, aos 82 anos, trabalhou com a vitalidade pela qual sempre foi conhecido.

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