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Desaceleração de custos favorece processo de desinflação

Componentes que pressionaram o IPCA nos últimos dois anos estão arrefecendo e suportam a tendência de desinflação, informa relatório macroeconômico do Banco Safra

Mulher anota preços em supermercados

Menor pressão de custos e quena da demanda doméstica influem na discussão sobre o grau de aperto monetário após a definição do novo arcabouço fiscal | Foto: Getty Images

Desde meados do ano passado, o ritmo de aumento do custo de produção desacelerou sensivelmente, liderando o processo de redução do IPCA, segundo a análise macroeconômica do Banco Safra. Segundo o banco, a tendência é de continuidade da tendência de desinflação, ou seja, de queda nas projeções de inflação futura. A não ser que haja aumentos de impostos de combustíveis para ajudar no processo de consolidação fiscal.

O arrefecimento do custo de produção foi consequência da queda dos preços no atacado, menor expansão dos salários e ausência de pressão na energia, aponta o relatório do Safra. O custo de produção das empresas é formado por vários fatores, como mão de obra, insumos industriais e agrícolas, energia elétrica, entre outros. O Banco Safra utiliza o rendimento médio da PNAD, os preços no atacado do IPA-DI e o índice de preço da energia elétrica do IPCA na análise da variação do custo de produção nacional.

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Queda de preços no atacado favorece desinflação

A queda do preço das commodities internacionais em moeda local tem gerado deflação no atacado desde julho do ano passado. O IPA-DI, com ajuste sazonal, acumulou queda de preços de 3,5% nos últimos sete meses.

Essa deflação aconteceu tanto nos itens agrícolas como industriais. Mesmo excluindo produtos alimentícios, combustíveis e extrativa mineral, o núcleo do IPA-DI Industrial está em deflação desde agosto. O índice de difusão dos preços no atacado também está substancialmente abaixo da média histórica. Assim, a queda do preço dos insumos tem ajudado a conter o ritmo de alta dos custos de produção e, consequentemente, colaborado para a desinflação ao consumidor.

Rendimento médio nominal

O ritmo de aumento do rendimento médio nominal ainda está acima da média do período anterior da pandemia, mas é importante observar que houve uma desaceleração relevante no segundo semestre do ano passado.

O aperto nas condições financeiras e o desaquecimento do consumo das famílias têm reduzido a confiança dos empresários e, consequentemente, prejudicado o desempenho do mercado de trabalho.

Aliado à redução da inflação pela queda de tributos em meados do ano passado, o ritmo de reajuste salarial mensal desacelerou nos últimos meses.

Preço da energia elétrica

O preço da energia elétrica não tem sofrido alteração relevante nos últimos meses, após a forte queda com a redução de tributos. A ausência de pressão nesse insumo de produção também ajudou a conter os aumentos de preços ao consumidor.

Dessa forma, o ritmo de aumento do custo de produção das empresas tem desacelerado e colaborado para o processo de redução da inflação ao consumidor.

O Banco Safra acredita que o indicador de custo de produção continuará desacelerando nos próximos trimestres. Em primeiro lugar, o mercado futuro de commodities internacional sinaliza ausência de pressão nos preços no atacado à frente (se não houver desvalorização cambial, o IPA pode apresentar variação nula nesse ano).

Em segundo lugar, a elevada taxa de juros real manterá a tendência de arrefecimento da atividade e do mercado de trabalho, com consequências para os reajustes salariais.

Por fim, com menor peso no indicador do custo de produção do Safra, o preço da energia elétrica deverá subir pontualmente no curto prazo com alterações tributárias (TUSD e TUST) em alguns Estados.

Os preços ao consumidor têm sido muito afetados por pressões de custos nos últimos anos. O próprio banco central divulgou no dia 10 de janeiro que o hiato do PIB contribuiu com -0,45p.p. ao desvio do IPCA 2022 em relação ao centro da meta.

Dessa forma, uma análise de custos ajuda a entender a inflação passada, presente e futura. Portanto, os componentes que exerceram pressão altista sobre o IPCA nos últimos dois anos estão arrefecendo e suportam a tendência de desinflação à frente, excetuando os aumentos de impostos necessários para ajudar no processo de consolidação fiscal.

A projeção do Safra de inflação oficial (IPCA) de 6,2% em 2023 inclui aumento de PIS/Cofins sobre combustíveis e aumento de ICMS sobre gasolina, além elevação de tributos em alguns Estados.

Excluindo esses fatores pontuais, o IPCA ficaria em torno de 5% nesse ano. Menor pressão de custos e arrefecimento da demanda doméstica permitirão a discussão sobre o grau de aperto monetário necessário, após a divulgação do novo arcabouço fiscal.

Íntegra da análise macroeconômica semanal do Banco Safra.

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