Dia da Sobrecarga da Terra alerta para esgotamento de recursos naturais
Com destaque negativo do Brasil, data que marca fim dos recursos naturais regeneráveis chega um mês antes do que em 2020
29/07/2021O Dia da Sobrecarga da Terra em 2021 chegou hoje, 29 de julho, quase um mês antes do que no último ano.
Ou seja: foi atingido o ponto em que a humanidade está consumindo mais do que o planeta pode regenerar – 74% a mais, especificamente.
Sendo assim, hoje a população mundial precisa de 1,7 Terra para manter os atuais padrões de produção e consumo.
A data conhecida internacionalmente como ‘overshoot day‘ é determinada pela Global Footprint Network (GFN), entidade que calcula as pegadas de carbono e outros dados ambientais de todos os países, a partir de informações da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Faltando ainda meio ano, já esgotámos a nossa cota de recursos naturais da Terra para 2021”, diz em comunicado da GFN a conselheira Susan Aitken.
“Se é preciso lembrarmo-nos que estamos à beira de uma emergência climática e ecológica, chegou o Dia de Sobrecarga”.
Déficit ecológico a partir do Dia da Sobrecarga da Terra
A chegada do Dia da Sobrecarga da Terra pode ser trazida de forma prática à sociedade de forma simples.
A partir de hoje, o planeta e a humanidade funcionam com déficit ecológico.
Segundo a Contas Nacionais de Pegada e Biocapacidade (NFA), este déficit é um dos maiores desde que o mundo entrou em sobrecarga ecológica no início dos anos 1970.
De acordo com a NFA, desde a década 1970 a população mundial cresceu 121% e sua pegada de carbono (que envolve suas emissões de gases do efeito estufa) se elevou em 57%.
Brasil contribui negativamente para o Dia da Sobrecarga da Terra
Em 2020, o Dia da Sobrecarga da Terra foi em 22 de agosto, ligeiramente mais tarde devido às medidas de isolamento social necessárias para conter a pandemia de covid-19.
Neste ano, entre os fatores que anteciparam a data estão o aumento da pegada mundial de carbono em 6,6%, em relação ao ano passado.
Além disso, o Brasil ocupa um lugar ingrato de destaque: 1,1 milhão de hectares de floresta na Amazônia foram perdidos em 2020, segundo a GFN.
Nesse sentido, houve redução de 0,5% na biocapacidade florestal global.
Para piorar, as estimativas para 2021 indicam um aumento de até 43% no desmatamento.
“Estes dados deixam bastante claro que os planos de recuperação na era pós-covid 19 só podem ter sucesso a longo prazo se forem adotadas medidas de regeneração e eficiência ecológica dos recursos”, diz em nota a CEO da GFN, Laurel Hanscom.
Previsões
Em 2021, a pegada de carbono decorrente dos transportes ainda permanece mais baixa do que os níveis pré-pandêmicos, segundo a GFN.
Dessa forma, espera-se que as emissões de carbono das viagens aéreas domésticas e do transporte rodoviário permaneçam 5% abaixo dos níveis de 2019.
Com relação à aviação internacional, o segmento deve registar um recuo de 33%. As informações são da Agência Internacional de Energia (IEA).
Por outro lado, as emissões globais relacionadas diretamente com a geração energia devem crescer 4,8% ante 2020.
À medida que a recuperação econômica acelera, cresce a procura por combustíveis fósseis.
Nessa equação é destacada a previsão de que o uso global de carvão deve contribuir com 40% da pegada de carbono total este ano.