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Mudanças climáticas desafiam gestão das distribuidoras de energia

Mudanças climáticas destroem infraestrutura de distribuição de energia e desafiam empresas do setor, afirma Enel

Enel mudanças climáticas

Por causa dos eventos climáticos extremos, a empresa tem sido acusada de reduzir | Foto: Getty Images

A empresa italiana Enel disse que enfrenta desafios operacionais na gestão das redes de distribuição no Brasil por causa das mudanças climáticas cada vez mais intensas, que causam destruição na infraestrutura elétrica da companhia.

Durante o Capital Markets Day Enel 2023, evento realizado nesta quarta, dia 22, para atualizar o plano de investimentos e a estratégia para o período, os executivos comentaram que estão atentos às situações enfrentadas em suas áreas de concessão em São Paulo, que sofreu com cortes de energia recentemente por conta de eventos climáticos extremos, deixando sem energia por dias 2,1 milhões de clientes.

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“Estivemos muito próximos da capital paulista e carioca que foram atingidas por eventos climáticos extremos e sofreram cortes de energia por alguns dias seguidos. Fizemos o impossível, mobilizamos as nossas equipes, estabelecemos uma espécie de interdependência entre as nossas redes em busca de ajuda. Precisamos lembrar que isso é resultado das alterações climáticas”, disse o responsável pelas operações da Enel fora da Itália, Alberto De Paoli.

Por causa dos eventos climáticos extremos, a empresa tem sido acusada de reduzir pessoal de campo, diminuir investimentos e inflar lucros. O diretor de redes e inovação da Enel, Gianni Vittorio Armani, rebate e garante que, no Brasil, a empresa está investindo todo o fluxo de caixa gerado em suas redes. Segundo ele, os sistemas regulatórios precisam encontrar soluções para resolver tais emergências.

Mudanças climáticas: regulação deve garantir investimentos, afirma Enel

“A regulamentação deve promover o investimento. Isso é definitivamente importante para o Brasil. É por isso que novas regulamentações serão necessárias e algo em que trabalharemos nos próximos anos”.

No mesmo evento, o CEO da empresa, Flavio Cattaneo, anunciou a decisão de interromper o processo de venda da distribuidora no Ceará (antiga Coelce) até que o processo de renovação das concessões das distribuidoras no Brasil esteja definido.

Cattaneo explicou que a empresa espera que as discussões prossigam para definir o processo de alienação da companhia. “Estamos aguardando a renovação das concessões. No momento está em vigor, mas temos que ver como as discussões continuam.”

Em 2022, a empresa anunciou seu novo reposicionamento geográfico para sair de mercados não estratégicos e focar nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. A partir de 2025, diversas concessões de distribuição no Brasil começam a vencer. Em cada vencimento, o governo pode decidir se vale a pena renová-los, se pretende abrir concorrência para contratar uma nova empresa ou se ele mesmo vai prestar o serviço.

O Ministério de Minas e Energia (MME) já concluiu uma consulta pública sobre os termos para a renovação, mas exigências específicas podem ser feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As empresas do setor defendem que a renovação ocorra sem o pagamento de outorgas das concessões de distribuição.

Grupo italiano vende ativos não estratégicos

O grupo italiano Enel pretende vender ativos não estratégicos para reduzir as dívida em cerca de 11,5 bilhões de euros entre 2023 e 2024. O anúncio foi feito pelos executivos da companhia nesta quarta-feira (22) durante o Capital Markets Day Enel 2023, evento realizado para atualizar seu plano de investimentos e a estratégia para o período.

Segundo a empresa, espera-se que a implementação do plano de alienação tenha um impacto positivo na dívida financeira líquida com uma entrada de recursos (cash-in) de cerca de 8 bilhões de euros em 2024, seguindo medidas regulamentares obrigatórias, aprovações e conclusão de novos negócios que foram identificados no segundo semestre de 2023.

As alienações da empresa estão em vários estágios de conclusão. No Brasil, a empresa vendeu sua distribuidora em Goiás para a Equatorial e estava com a concessionária do Ceará em processo de venda, em uma operação que poderia movimentar entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões. Entretanto, os executivos disseram que vão esperar as regras do governo federal para a renovação da concessão das distribuidoras. No processo, CPFL e Equatorial chegaram a fazer propostas pelo ativo.

Neste ano, a empresa já reduziu aproximadamente 2,8 bilhões de euros em termos de impacto da dívida líquida com a saída da Romênia, venda de ativos de geração na Argentina, alienação de 50% das atividades renováveis na Austrália, além de desinvestimento de um portfólio solar no Chile.

Há ainda a assinatura de negócios pendentes de conclusão que deverão levantar cerca de 5,4 bilhões de euros de impacto da dívida líquida, como a venda de ativos de geração no Peru e a venda de uma portfólio solar e geotérmico nos Estados Unidos. A meta é que a dívida financeira líquida caia para cerca de 2,3 vezes o Ebitda em 2026 contra 3,1 vezes em 2022. A previsão é que a dívida financeira líquida em 2023 atinja entre 60 bilhões e 61 bilhões de euros. (Valor Econômico)

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