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Estudo indica que 90% dos doentes de covid não tomaram vacina

Levantamento do Instituto Emílio Ribas constata que de 1.172 pacientes internados com coronavírus desde janeiro, só 138 tinham tomado vacina

UTI

Dados do estudo preliminar do Emílio Ribas servem de estímulo para que a população complete o esquema vacinal | Foto: Getty Images

Um estudo do Instituto de Infectologia Emílio Ribas de São Paulo concluiu que quase 9 em cada 10 pacientes internados no hospital com complicações da Covid-19 entre janeiro e a primeira quinzena de setembro não haviam completado o esquema de vacinação contra a doença.

Dados preliminares da pesquisa foram divulgados em coletiva de imprensa pelo médico infectologista Jamal Suleiman.

Segundo o pesquisador, de 1.172 pacientes internados com coronavírus no Emílio Ribas no período, apenas 138 tinham completado o esquema vacinal, ou seja, recebido duas doses de vacina contra Covid-19 há mais de 14 dias.

Outros 1.034 pacientes ainda não haviam sido completamente vacinados no momento da internação. Dentre os pacientes internados de janeiro a setembro, 274 morreram por complicações da Covid-19, de acordo com o infectologista.

Dados comprovam importância da vacina contra a covid

“Desses, 237 não estavam vacinados, 21 tinham recebido a primeira dose e outras 16 pessoas tinham recebido duas doses”, disse Suleiman.

O pesquisador ressaltou que os dados ainda precisam ser analisados por meio de um tratamento estatístico.

“Aqui, há de se ter um tratamento estatístico para a gente avaliar o impacto disso. Mas, de qualquer forma, esse número já mostra claramente o papel da vacina na contenção da pandemia. E esse recorte é importante porque, na primeira fase, a vacinação abrangeu os sujeitos mais vulneráveis, a população do extremo da faixa etária”, explicou.

Para a médica Ana Freitas Ribeiro, também do Emílio Ribas, os dados do estudo preliminar podem servir como um estímulo para que a população complete o esquema vacinal.

“É muito bom para que aquelas pessoas que ainda tenham dúvidas em tomar sua vacina ou que estejam com seu calendário atrasado – tomou primeira, falta segunda, falta reforço – que procurem as unidades de saúde e façam sua vacinação”, disse Ribeiro.

A falta de informações sobre a vacinação prévia de pacientes internados com Covid-19 prejudica “qualquer análise sobre a efetividade das vacinas”, alertou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em relatório publicado no final de setembro.

Estudo indica falhas no sistema de saúde

Na nota técnica, a fundação destacou que os registros de casos graves de Covid, que são feitos por meio do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), apresentam um grande número de informações incompletas, o que prejudica esse tipo de conclusão.

No campo em que os profissionais de saúde informam se o paciente já tomou a vacina contra Covid-19, a informação foi preenchida como “ignorada” para 35% dos hospitalizados. Os pesquisadores analisaram as notificações de casos graves feitas entre abril e 25 de agosto deste ano em todos os estados.

O estudo destaca que há um grande número de unidades de saúde que não inseriram nenhum dado sobre a vacinação.

Nos estados de Roraima, Maranhão, Pernambuco, Espírito Santo, Ceará, Bahia e Alagoas, cerca de 60% dos dados de hospitalizados entre abril e 25 de agosto não possuem nenhuma informação sobre vacinação.

Diego Xavier, especialista em Saúde Pública da Fiocruz e um dos responsáveis pelo estudo, afirma que a falta de preenchimento dos campos pode ocorrer porque as equipes estão sobrecarregadas ou porque enfrentam dificuldades com o sistema.

A pesquisa também critica a falta de integração entre as bases nacionais de vacinação e de hospitalização: como os sistemas não são conectados, o preenchimento desta informação depende de um questionamento feito ao paciente no momento da internação.

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