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EUA anunciam retaliação contra a Rússia e tensão no mercado se agrava

Decisão do presidente Russo de reconhecer a independência de duas regiões da Ucrânia agrava a tensão global e ameaça as bolsas

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Bolsa brasileira (B3) caiu 1,02%, aos 111.725,30 pontos em meio ao agravamento das tensões na Ucrânia | Foto: Getty Images

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, irá assinar um decreto que proibirá novos investimentos, comércio e financiamento em regiões separatistas da Ucrânia. Segundo comunicado emitido pela Casa Branca, a ordem executiva fornecerá autoridade para impor sanções a qualquer pessoa determinada a operar nas áreas de Donetsk e Luhansk.

A retaliação americana veio depois que o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu nesta segunda-feira, 21, a independência de Donetsk e Luhansk, regiões separatistas no leste da Ucrânia, em confronto com Kiev desde 2014.

Apesar do desempenho favorável do real, a Bolsa brasileira (B3) caiu 1,02%, aos 111.725,30 pontos, sem o apoio de Nova York, cujos mercados estão fechados em razão do feriado do Dia do Presidentenos Estados Unidos. A entrada de investimentos estrangeiros no Brasil, apesar do cenário externo pouco favorável, fez odólar fechar em queda de 0,64%, a R$ 5,1070.

Segundo a Casa Branca, medidas adicionais relacionadas à flagrante violação desta segunda-feira dos compromissos internacionais da Rússia, serão anunciadas. “Prevemos um movimento como esse da Rússia e estamos prontos para responder imediatamente, afirma a nota.

Segundo a Casa Branca, tais ações são separadas e seriam adicionais às medidas “econômicas rápidas e severas” que estão sendo preparadas em coordenação com os aliados e parceiros caso a Rússia invada ainda mais a Ucrânia.

Rússia abre caminho para separatistas da Ucrânia e EUA respondem com retaliação

A decisão da Rússia abre caminho para que os combatentes que lutam contra o Exército ucraniano na região requisitem assistência militar russa, o que, em tese, abre caminho para uma operação em território ucraniano.

A decisão irritou os países europeus, principalmente a Alemanha e a França. Antes do discurso, a União Europeia ameaçou a Rússia com sanções caso as regiões separatistas fossem reconhecidas. O presidente francês, Emmanuel Macron, que ontem tentou negociar um encontro entre Putin e o presidente americano, Joe Biden, para amenizar a tensão na região, convocou uma reunião de emergência de seu gabinete.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou que o reconhecimento das independências de Donetsk e Luhansk pelo governo russo implicaria em uma “ruptura unilateral” dos acordos de Minsk, enquanto o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que o bloco está “preparado para reagir fortemente se Putin reconhecer a independência das regiões”.

A decisão de Putin é o último desdobramento de uma crise que dura três meses, mas que tem suas origens no fim da Guerra Fria. Com o colapso dos regimes comunistas no Leste Europeu, a aliança militar entre europeus e americanos avançou rumo a leste, com países que antes eram da esfera soviética passando à zona de influência ocidental.

Com a ascensão de Putin ao poder na Rússia, em 2000, lentamente começou uma reação russa no sentido de conter essa expansão para o leste. Isso ocorreu porque, para Putin, é fundamental uma espécie de ‘zona-tampão’ entre a Rússia e o Ocidente para a defesa estratégica de seu país.

Diante disso, primeiro, o Kremlin trabalhou para desestabilizar governos pró-Ocidente na Ucrânia e no Caucaso, ainda na primeira década deste século. A partir de 2007, a preocupação de Putin com o avanço da Otan o levou a operações militares contra a Geórgia, em 2008, e contra a Ucrânia, com a anexação da Crimeia em 2014.

Em 2021, o presidente russo voltou a se queixar da presença da Otan no leste europeu e da intenção da Ucrânia de se juntar ao bloco. Isso ocorreu em paralelo a duas trocas de comando importantes em países do Ocidente. Nos Estados Unidos, Joe Biden substituiu Donald Trump, e na Alemanha, Olaf Scholz sucedeu Angela Merkel.

Desde novembro, Putin reúne milhares de militares russos nas fronteiras norte e leste da Ucrânia e navios de guerra no Mar Negro. A Otan teme uma invasão da Ucrânia, algo que Putin ainda não decidiu. A pressão militar, no entanto, obrigaria os aliados ou a aceitar uma presença russa cada vez maior no país ou retaliar – com sanções ou militarmente.

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