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Federal Reserve deve manter estímulos nos EUA

Para os economistas do Banco Safra, o banco central dos EUA, não deve elevar taxas de juros ao menos no curto prazo

Foto da fachada do federal Reserve, nos Estados Unidos

Fala do presidente do Fed faz especialistas do Safra projetarem continuidade dos estímulos para aquecer a economia dos EUA | Foto: Getty Images

A conquista do Senado pelo Partido Democrata fez o mercado elevar as chances de maior ativismo fiscal nos Estados Unidos.

Desde março de 2020, a taxa de juros-base dos EUA, determinada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está no intervalo de 0% a 0,25%, como forma de estimular a economia.

Nesse ambiente, as discussões na última reunião de política monetária do Fed chegaram a dar força à interpretação de que possíveis ajustes poderiam ocorrer já em 2021.

O possível aumento dos juros-base pelo Fed foi reforçado pela manifestação de membros regionais da autoridade monetária, bem como pela subida em juros longos e pela valorização do dólar.

Entretanto, para economistas do Banco Safra, o presidente da instituição, Jerome Powell, descartou na última semana qualquer discussão de redução do volume de compras de títulos, e muito menos de normalização da taxa de juros. 

Powell disse que a crise de 2008 ensinou que a retirada muito rápida dos estímulos à economia dos EUA por parte do Fed poderia trazer riscos maiores do que uma eventual inflação um pouco acima da meta.

Inflação e emprego

O foco da mensagem foi que o novo sistema de metas implementado pelo Fed pressupõe que a inflação mantenha-se perto do objetivo de longo prazo de 2% na média, compensando períodos em que tenha estado abaixo desse valor.

Assim, se a inflação apenas atingir 2%, ou ultrapassar esse valor por um breve período, isso não seria condição suficiente para a diminuição dos estímulos.

Powell também ressaltou que o Fed tem mandato duplo, cobrindo o mercado de trabalho, além da estabilidade de preços.

Esse mandato não se refere, disse ele, somente ao nível de desemprego, mas também à distribuição do emprego entre diferentes grupos da sociedade.

Nesse sentido, o Fed estaria disposto a continuar estimulando a economia até que, mesmo as pessoas com menor produtividade ou dificuldade de inserção encontrassem ocupação, reduzindo a desigualdade na sociedade.

Debate da política monetária nos EUA

Em 2021, diversos membros do Fed já vieram a público explicitar suas visões sobre o cenário econômico.

Ainda que haja diversas opiniões dentro da instituição americana, os economistas do Safra destacam o tom mais otimista da última reunião de política monetária.

Quatro membros do Fed reforçaram a visão de que o crescimento em 2021 poderá ser bastante robusto, apresentando visões que refletem alguns pontos:

  • A ausência de preocupação com a alta recente das taxas de juros de mercado, movimento que reflete uma expectativa mais positiva para o crescimento;
     
  • O impulso adicional que a política fiscal deverá dar ao crescimento econômico no 2º semestre para além do que a atual recuperação da economia já sugere;
     
  • A possibilidade de uma redução no ritmo de compras de ativos ainda em 2021 ou início de 2022, dependendo da atividade;
     
  • A chance de discutir no início de 2022 a adequação das taxas de juros.

No entanto, três desses presidentes regionais não participarão das decisões sobre a política monetária em 2021, em razão do rodízio de membros votantes (entenda mais abaixo).

Além disso, vários participantes das reuniões deliberativas consideram que, mesmo com a melhora na economia, o hiato do produto, aberto especialmente pela deterioração do mercado de trabalho, justificaria a manutenção dos atuais níveis de estímulos.

O hiato do produto é a diferença entre o PIB corrente e o PIB potencial. O indicador serve para verificar o quanto a demanda de uma economia está distante de oferta em termos de capacidade produtiva.

Na visão dos participantes das reuniões do Fed, ainda há riscos para atividade advindos do recrudescimento da pandemia e da lentidão da vacinação.

Outro ponto é que o crescimento dos últimos anos não teria sido suficiente sequer para gerar inflação na meta.

A inflação em 2021 deverá ficar em 2% pela base de comparação, e não por excesso de demanda.

Como o Fed define a política monetária

O Federal Reserve é composto por um board of governors, que orienta e supervisiona o sistema, bem como por 12 filiais regionais.

As filiais do Fed cuidam primordialmente do dia a dia da operação do sistema financeiro, incluindo diversos aspectos da supervisão bancária.

O board é uma agência governamental independente subordinada ao Congresso, cujos membros são escolhidos pelo Presidente da República e aprovados pelo Senado.

Já os presidentes regionais do Fed são escolhidos pelos bancos comerciais de cada região.

O órgão decisório para a política monetária é o Fomc, que é liderado pelo presidente do Fed.

O Fomc é composto pelos sete membros do board e por cinco presidentes regionais.

O presidente do Fed de Nova Iorque é membro permanente e vice-presidente do Fomc.

Já os outros 11 presidentes alternam-se nas outras quatro vagas, em um sistema de rodízio anual.

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