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Cientista político Francisco Weffort morre no Rio aos 84 anos

Cientista político não resistiu a procedimento médico para desobstrução de artérias após desmaio

Francisto Weffort

Weffort comandou o Ministério da Cultura no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) | Foto: Divulgação

O cientista político Francisco Weffort morreu aos 84 no Rio de Janeiro. A notícia foi confirmada nesta segunda-feira, 2. Ele se tratava de um problema do coração diagnosticado recentemente e morreu neste domingo, 1.

Após um desmaio no sábado em Petrópolis, ele foi levado para a capital e chegou a ser preparado para uma cirurgia para desobstrução de artérias e colocação de uma válvula na aorta. Não resistiu ao procedimentos médico. Deixa a mulher, Helena Severo, e as filhas Carolina, Helena, Cristina e Marina.

Formado em ciências sociais pela Universidade de São Paulo (USP), Francisco Weffort ingressou no quadro de docentes da instituição em 1961 e lecionou na graduação até o golpe militar de 1964.

No período seguinte, Weffort trabalhou no Instituto Latino-Americano de Planificação Econômica e Social (Ilpes), sediado no Chile, na Universidade de Essex, na Inglaterra, e na Universidade de La Plata, na Argentina, onde também atuou como assessor da Organização Internacional do Trabalho.

Weffort integrou o Cebrap e foi ministro da Cultura

Ele integrou o corpo de pesquisadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e foi um dos fundadores do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec). Em 1977, tornou-se livre docente na USP e, no ano seguinte, publicou “O Populismo na Política Brasileira”.

Weffort foi fundador, ideólogo e um dos principais dirigentes do PT. Na década de 1990, saiu da legenda e comandou o Ministério da Cultura no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP). Se afastou do partido que fundou a ponto de defender o impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

Entre 1990 e 1992, deu aulas no Woodrow Wilson Center e no Helen Kellogg Institute, da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos. De volta ao Brasil, assumiu a chefia do Departamento de Ciência Política da USP.

Reconhecido como um dos principais intelectuais do país, Weffort tinha como eixo central de sua vida acadêmica a reflexão sobre a democracia e o populismo no Brasil e escreveu livros clássicos como “Formação do Pensamento Político Brasileiro”, “Por que Democracia” e “Qual democracia?”.

Helena Severo, que viveu com ele por 25 anos, afirma que Weffortt “estava ativo e lúcido até seus últimos dias, lendo, pensando, formulando. Ele era um intelectual raro, um pensador, um formulador, um estudioso obsessivo que tinha a alma do pesquisador. Atuou na esfera política, mas gostava de se qualificar sobretudo como um professor”. Segundo ela, Weffortt estava preocupado com os rumos do Brasil.

Seu último trabalho publicado foi o livro “Crise da Democracia Representativa e Neopopulismo no Brasil”, com o professor José Álvaro Moisés.

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