Guerra abala oferta de fertilizantes e agrava problemas logísticos

O conflito na Ucrânia pode agravar os problemas logísticos no comércio internacional, ainda não recuperado dos efeitos da pandemia de covid-19. Eventuais bloqueios dos portos do Mar Negro ameaçam os embarques e desembarques de commodities e matérias-primas na Rússia ou na Ucrânia, que fornecem principalmente fertilizantes para o agronegócio brasileiro.

Os fertilizantes são aplicados no solo para prover um ou mais nutrientes essenciais ao crescimento dos produtos agrícolas, de forma a melhorar a produção. O Brasil é altamente dependente dos fertilizantes russos, e a ministra da Agricultura já busca alternativas de novos fornecedores. O Brasil tem a opção de recorrer a fontes alternativas para substituir a Rússia, mas reorganizar a logística leva tempo e pode causar problemas no abastecimento.

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Se a Rússia cortar as exportações de gás natural em retaliação às sanções econômicas impostas pelo Ocidente, a produção europeia de nitrogenados será fortemente prejudicada, o que também traz riscos para a agricultura brasileira.

Os preços das matérias-primas já subiram fortemente no ano passado e poderiam recuar em 2022, como já acontecia com os nitrogenados, mas agora tendem a se manter em níveis

elevados. A Rússia tem forte participação nas exportações globais de fertilizantes nitrogenados e detém parcela significativa do mercado de fosfatados e potássicos.

Rússia abastece 15% da demanda de fertilizantes no Brasil

O Brasil é altamente dependente dos fornecedores russos, responsáveis por suprir cerca de 15% da demanda doméstica de fertilizantes, principalmente em relação ao cloreto de potássio (KCl), muito utilizado como um adubo químico na agricultura por ser altamente solúvel e barato.

Os preços dos fertilizantes fosfatados e potássicos subiram muito em 2021 e não deram sinais de recuo neste início do ano, diferentemente da expectativa do mercado, devido às tensões entre a Rússia e a Ucrânia. Os preços dos nitrogenados caíram, embora a Rússia tenha bloqueado as exportações inicialmente até abril.