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Hapvida investe em aquisições e tecnologia

Empresa com sede em Fortaleza, no Ceará, planeja ir de 45 a 59 hospitais próprios até o fim do ano, em todo o Brasil

Presidente do Hapvida, Jorge Pinheiro

Jorge Pinheiro, presidente do Hapvida, vê 2021 com otimismo para o setor de saúde no Brasil | Foto: Divulgação/Hapvida

Passado um dos anos mais desafiadores da história para o setor da saúde, o Sistema Hapvida (HAPV3) volta as atenções agora para a expansão.

Em entrevista a O Especialista, o presidente do Hapvida, Jorge Pinheiro, revelou que a empresa planeja ter 59 hospitais próprios até o final de 2021.

Atualmente, a companhia tem 45 unidades hospitalares espalhadas pelas cinco regiões do Brasil. A maior concentração é no Nordeste, onde a empresa tem sua sede, localizada em Fortaleza (CE). A companhia tem ao todo uma carteira com mais de 6,7 milhões de clientes e emprega 36 mil profissionais.

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Para expandir as operações após um 2020 marcado pela pandemia de covid-19, a empresa investe nas aquisições de grupos menores e em tecnologia para aumentar a base de clientes.

“Enxergamos o ano de 2021 com otimismo, com a a recuperação do país e do mundo após a pandemia. Todo o empresariado, assim como nós, deve investir fortemente”, disse Pinheiro.

Aquisições do Hapvida

Entre os movimentos mais recentes do Hapvida está o anúncio da construção de dois hospitais, um geral e outro pediátrico, em Recife (PE), com investimento de R$ 135 milhões.

Na primeira semana de janeiro, a empresa anunciou uma proposta de fusão com a NotreDame Intermédica.

Se concretizada, a união das companhias deve formar um colosso da saúde, com valor de mercado estimado em R$ 120 bilhões. A proposta ainda está sob análise do Conselho de Administração da NotreDame Intermédica.

O Hapvida também adquiriu a cooperativa Medical, de Limeira, e o Grupo São José Saúde, de São José dos Campos, ambas cidades do interior de São Paulo.

Na espera, estão as aprovações de duas outras aquisições em Goiás e a conclusão do negócio envolvendo firmas de Belo Horizonte (MG).

“Temos um pipeline robusto de aquisições. O Brasil ainda é muito fragmentado na indústria de saúde suplementar”, afirmou Jorge Pinheiro.

Aposta na tecnologia

Segundo o Hapvida, a tecnologia tem sido usada para aprimorar a jornada do cliente. O processo consiste no acompanhamento permanente da experiência de cada um com a empresa, visando a fidelização.

As unidades hospitalares próprias permitem que a empresa monitore constantemente os processos envolvendo cada paciente.

Isso ajuda não somente no tratamento de uma enfermidade, mas também na prevenção.

Nesse sentido, a inteligência artificial (IA) é uma ferramenta-chave. Por isso, em 2019 o Sistema Hapvida fundiu sua antiga startup, a Haptech, com a empresa Infoway, criando a Maida.health. A chamada health tech trabalha em soluções de IA para o dia a dia de atendimento nos hospitais

Ao longo de 2020, a companhia investiu mais de R$ 115 milhões em ações de combate à pandemia. Parte desses recursos foi para o desenvolvimento de softwares que possibilitam atualmente a realização de mais de 35 mil consultas por mês via telemedicina.

Confira a entrevista completa com Jorge Pinheiro, do Sistema Hapvida:

O Especialista – O ano de 2020 foi desafiador para o setor da saúde. Quais são as lições que a pandemia de covid-19 trouxe para empresas do setor de saúde?

Jorge Pinheiro – A pandemia representou um desafio enorme para todos nós do Sistema Hapvida, para o Brasil e para o mundo. Não é preciso lembrar que não havia nenhuma entidade e nenhum país preparado para fazer frente a uma situação tão inesperada como essa tem sido até agora. No entanto, acho que a nossa empresa tem trabalhado muito bem. A gente se preparou através da montagem de times especializados e de grupos que trabalhavam em diversas frentes. Dentre eles, a criação de um comitê técnico que estudava as primeiras iniciativas, mesmo quando a pandemia ainda não havia chegado ao Brasil, fornecendo diariamente um book técnico com estatísticas e indicadores da doença na Europa, principalmente. Com base nisso, nós nos preparamos e planejamos internamente.

Como fruto desse trabalho tivemos uma série de ações. Na área de estrutura, possibilitamos a criação de até 2.500 novos leitos para expandir a nossa rede, alugando imóveis como hotéis. Além disso, nosso time de suprimentos travou uma batalha enorme. Nós nos super estocamos de equipamentos de proteção individual para todos os nossos colaboradores, médicos e times especializados, de medicamentos e equipamentos como respiradores, bombas de infusão e monitores. Esse abastecimento foi capaz de nos atender com muito conforto em todas as nossas unidades.

Além disso, times técnicos foram deslocados de uma ponta a outra do Brasil de acordo com a intensidade da pandemia e um esquema logístico foi montado para isso, inclusive utilizado aeronaves fretadas.

Quais as oportunidades que foram identificadas e aproveitadas pelo Sistema Hapvida na esteira da pandemia?

A gente foi muito corajoso, pioneiro e único quando decidimos divulgar diariamente todas as estatísticas da doença dentro da nossa experiência. Número de atendimentos em urgência, internações, número de altas e também óbitos. A gente entende que é uma informação bem corajosa, mas necessária do ponto de vista de saúde pública.

A empresa se prestou a fazer pesquisas científicas e estudos clínicos, numa iniciativa que envolveu várias universidades brasileiras e a universidade americana de Yale. Fizemos um estudo muito significativo mostrando que a abordagem precoce da doença causa resultados maravilhosos, reduzindo em 60% o nível de gravidade da doença quando eram aplicados o conjunto de medicamentos e tratamentos preconizados por nós. Esse conjunto de ações, que reuniram mais de R$ 115 milhões ao longo dessa pandemia permitiram que a taxa de mortalidade na nossa experiência fosse muito inferior a do restante do Brasil, em relação à rede hospitalar pública e privada no Brasil.

A gente vive hoje fases diferentes da doença em cada região brasileira. Algumas cidades já viveram a segunda onda e cito o exemplo de Salvador, Aracaju, João Pessoa e Natal. Essas cidades estão no decréscimo de uma segunda onda da doença. Em alguns casos, com a mesma intensidade da primeira onda e em outros casos um pouco menor que a primeira.

Porém, com atenção observamos algumas cidades como Manaus, que vive uma segunda onda muito intensa, com curva ascendente muito aguda. Trabalhamos na abertura de um hospital que seria dedicado a outra especialidade, a gente converteu rapidamente a cuidados com covid-19. A gente torce para que outras cidades não passem por uma segunda onda tão intensa como Manaus está passando.

Quais são os benefícios da estratégia conhecida como “jornada do cliente” para a empresa? O quanto a aplicação da mesma representa em redução de custos para a companhia?

A gente tem uma oportunidade diferenciada em revisar toda a jornada do cliente, dado que nós temos um modelo que investe muito na verticalização. Portanto, os ambulatórios, diagnósticos por imagem, parte laboratorial e internações são feitas em unidades próprias. Então, nós temos a possibilidade de acompanhar muito de perto toda a jornada do cliente.

Foram criados departamentos específicos na empresa, com times multidisciplinares, que têm constantemente avaliado toda a experiência do cliente, passando pelas mais diversas situações dentro da nossa empresa, desde a venda do plano, até o atendimento de baixa, média e até altíssima complexidade. Essa revisão continuada da experiência do cliente tem o objetivo de sempre torna-la mais acolhedora, rápida e eficaz.

O modelo de negócio do Hapvida, com planos de saúde a custos mais acessíveis, tem se mostrado sólido e vem sendo reproduzido por outros players que usam a tecnologia para viabilizar suas operações, como o Dr. Consulta. O quanto a tecnologia influencia nas atividades do Hapvida atualmente? Como a empresa trabalha a inovação?

A tecnologia e a inovação com disrupção são as nossas maiores preocupações. Desenvolvemos novos softwares ainda no início da pandemia e criamos novas plataformas de telemedicina. Hoje, por exemplo, fazemos mais de 35 mil consultas por mês à distância nessas plataformas que foram criadas, só para casos que necessitem de cuidados imediatos. A tecnologia foi uma aliada fundamental nesse período.

Recentemente, foi criada a vice-presidência de Digital e Tech, que tem toda uma pegada de uma gestão mais moderna, sempre envolvendo tecnologia e revendo as nossas atividades no dia a dia. A gente vem investindo muito em tecnologia como por exemplo com a criação da Maida Health, uma health tech que trabalha fortemente com inteligência artificial. Temos vários projetos internos que vêm usando essa tecnologia e que têm trazido resultados. Também temos trabalhando com outras startups para trabalharmos em soluções para o nosso dia a dia. A ideia é que a empresa se mantenha na vanguarda.

Recentemente, a companhia anunciou a construção de dois hospitais em Recife (PE), com investimento de R$ 135 milhões. Quais os planos de expansão da empresa para 2021?

A empresa mantém um ritmo bem agressivo de crescimento. A empresa continua se destacando organicamente muito puxada pelo nosso cliente, em especial, os de planos corporativos, que tem nos levado a novas regiões. Hoje somos a única empresa brasileira a ter, não só presença nas cinco regiões, mas rede própria com hospitais em todas elas.

O plano de expansão inorgânico é bem robusto. No último trimestre de 2020 nós tivemos a incorporação de duas novas empresas, uma em Limeira e outra em São José dos Campos, ambas no interior de São Paulo. Já temos na esteira duas novas aquisições que deverão ser aprovadas pelos reguladores no estado de Goiás. Além disso, temos duas importantes aquisições de empresas que têm matrizes em Belo Horizonte, uma delas com operações no centro-oeste também.

Entre construções e aquisições deveremos chegar a 59 hospitais ainda neste ano de 2021. Temos um pipeline robusto de aquisições, o Brasil ainda é muito fragmentado na nossa indústria de saúde suplementar. A gente, ainda de maneira muito otimista, enxerga o ano de 2021 de recuperação em que o país e o mundo vão estar deixando essa doença, com o empresariado assim como nós, investindo fortemente.

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