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Com surpresa positiva do PIB, Bolsa sobe 1,86% no 1º pregão de setembro

Com impulso do PIB melhor que o esperado, Ibovespa fecha em alta consistente e acumula ganho de 1,77% na semana; dólar recua para R$ 4,94

Ibovespa investidor

Anúncio de estímulos ao setor imobiliário na China ajudou a impulsionar a Bolsa em dia de surpresa positiva do PIB | Foto: Getty Images

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro acima do esperado para o segundo trimestre – que resultou em revisões nas expectativas de crescimento para o ano -, deu um impulso no Ibovespa nesta sexta-feira, na última sessão da semana. A abertura de setembro também contou com boas  notícias que enfim vieram da China – entre as quais, recuperação do índice de atividade (PMI) em agosto.

Com isso, o índice da B3 iniciou o mês em alta de 1,86%, aos 117.892,96 pontos, vindo de perda de 5% em agosto. Nesta sexta, o Ibov oscilou entre mínima de 115.743,80, da abertura, e máxima de 117.990,61 pontos, com giro a R$ 26,7 bilhões. Na semana, virou nesta sexta do negativo ao positivo, acumulando ganho de 1,77% no intervalo. Em porcentual, o avanço do dia foi o maior desde 14 de junho (1,99%). Foi também o segundo ganho semanal para o Ibovespa, após alta de 0,37% acumulada na anterior, a qual havia sucedido quatro recuos consecutivos, desde o intervalo entre 24 e 28 de julho. O dólar fechou o dia cotado a R$ 4,94.

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Com o anúncio de estímulos ao combalido setor imobiliário na China, segmento de enorme peso relativo na composição do PIB da segunda maior economia do mundo, Vale ON fechou a sexta em alta de 5,85%, acumulando ganho de 10,99% na semana, mas ainda cedendo 18,77% no ano. O papel da mineradora, o de maior peso individual na carteira do índice, liderou os ganhos do Ibovespa no fechamento da sessão, à frente de Bradespar (+5,02%), Alpargatas (+4,99%) e Petz (+4,93%).

Destaques do primeiro pregão do Ibovespa em setembro

O dia foi amplamente positivo para outra gigante das commodities, Petrobras, com a ON em alta de 3,33% e a PN, de 2,16%, no encerramento – na semana, subiram respectivamente 1,86% e 2,06%. Os bancos, à exceção de Bradesco ON (-0,23%), tiveram desempenho positivo na sessão, embora discreto, conseguindo em geral fechar a semana em recuperação moderada – com destaque para Itaú (PN), em alta de 0,88% na sessão e de 2,98% na semana. Entre as maiores baixas do dia, destaque para Méliuz (-5,51%) , IRB (-2,44%) e Marfrig (-0,67%) – apenas sete ações da carteira Ibovespa fecharam a sessão em baixa.

“O PIB do segundo trimestre foi muito bom e, em resumo, surpreendeu a todos, com a alta de 0,9%, na margem. Teremos um crescimento mais próximo de 3% no ano, se não tivermos alteração nos próximos trimestres. E o que chamou atenção foi o desempenho da indústria – e pelo lado da demanda, o consumo”, ressalta Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos. “Teremos um crescimento muito bom no ano, e que levará efeito positivo para 2024”, acrescenta.

Em relatório divulgado nesta sexta-feira, o Bank of America (BofA) também destaca o desempenho da indústria – especialmente a extrativa, puxada pela produção de petróleo e gás – para o crescimento brasileiro de 0,9% no PIB do segundo trimestre. Por outro lado, o banco aponta que o crescimento lança dúvidas quanto à dimensão do hiato do produto, o que reforça a falta de espaço para a aceleração do ritmo de corte de juros no País.

“Continuamos a projetar atividade econômica mais forte do que o mercado espera, e mantemos nossa recentemente revisada projeção de crescimento de 3% para 2023. Com relação a 2024, nossa previsão é de 2,3%. A redução das taxas de juros, melhores condições no mercado de crédito e o avanço de matérias legislativas fundamentais devem trazer resultados positivos para o próximo ano”, acrescenta o BofA.

“Apesar dos ‘números acima das expectativas’ no PIB, a economia continua em processo de ajuste monetário para combater a inflação, e ainda temos ausência de condições mais amplas e efetivas para a economia decolar de fato”, ressalva Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento). “Estamos ainda em transição cíclica: precisamos ter equilíbrio no otimismo e no pessimismo”, acrescenta o economista, destacando níveis ainda altos de endividamento e inadimplência, tanto entre pessoas físicas como jurídicas.

“PIB é um dado de retrovisor, estamos olhando nele para a primeira metade do ano, entre abril e junho. Mas o que o resultado divulgado hoje mostrou é que a economia brasileira está mais resiliente do que muita gente esperava, especialmente em relação ao que se pensava no começo de 2023 ou no fim do ano passado”, diz Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.

Após três semanas de ausência, a expectativa de queda para as ações no curtíssimo prazo voltou a aparecer no Termômetro Broadcast Bolsa. Entre os participantes, 14,29% responderam que a próxima semana deve ser de baixa para o Ibovespa; 28,57% preveem estabilidade; e 57,14% esperam alta. Na pesquisa anterior, as projeções se dividiam entre ganho (62,50%) e variação neutra (37,50%).

Dólar fecha cotado a R$ 4,94

Após a arrancada da quinta-feira, 31, quando subiu 1,68% e flertou com os R$ 5,00 nas máximas, o dólar à vista apresentou leve recuo na sessão desta sexta-feira, 1º de setembro. Passado o efeito de fatores técnicos sobre a formação da taxa de câmbio, como rolagem de contratos no segmento futuro e formação da última taxa ptax de agosto, houve uma acomodação, com ajustes de posições e realização de lucros.

Segundo operadores, a alta das commodities, em meio a dados positivos da indústria da China, que anunciou medidas de apoio ao setor imobiliário, e o resultado mais forte do que o esperado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre abriram espaço para queda do dólar. Moedas pares do real, como peso chileno, peso colombiano e rand sul-africano também se valorizaram.

Nas primeiras horas de negociação, a divisa ameaçou romper o piso de R$ 4,90 com o exterior, na esteira da divulgação do relatório de emprego nos EUA, e tocou mínima a R$ 4,9005. O ritmo de baixa diminuiu ainda pela manhã e, com máxima a R$ 4,9481, o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 4,9405, em queda de 0,21%. Na semana, contudo, a moeda acumula valorização de 1,33%, atribuída, em parte, ao aumento dos prêmios de risco em razão de dúvidas sobre a gestão da política fiscal. (AE)

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