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Ibovespa se recupera após pregão abalado pelo exterior

Índice recupera parte das perdas, mas fecha em queda de 0,35%, puxado por empresas ligadas às commodities, como Vale e Petrobras

Crise financeira

O desempenho negativo é puxado por Vale e Petrobras. A Vale cai mais de 2% nesta sessão, depois de despencar mais de 10% na semana passada | Foto: Getty Images

A aceleração da covid na China, que tem estendido os confinamentos por mais tempo, aliada à perspectiva de uma atuação mais austera do Federal Reserve (Fed, banco central americano), abalaram os mercados nesta segunda-feira.

As bolsas asiáticas caíram fortemente nesta sessão, assim como as europeias, e as americanas abriram o pregão em queda, mas inverteram a trajetória e fecharam em alta. No Brasil, depois de despencar ao longo do dia, o Ibovespa seguiu a tendência internacional e fechou em ligeira baixa de 0,35%.

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As bolsas americanas, que iniciaram o pregão em forte queda, se recuperaram ao final da sessão com a notícia de compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk, e fecharam em alta nesta segunda-feira. Dow Jones subiu 0,71%, S&P500 outros 0,58% e Nasdaq fechou em evolução de 1,29%.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em queda de 0,35%, aos 110.684. O desempenho negativo foi puxado por Vale e Petrobras. A Vale caiu quase 2% nesta sessão. Na semana passada, os papeis da mineradora despencaram mais de 10%. Neste pregão, as ações da companhia fecharam em queda de 1,58%.

A razão para este desempenho está na perspectiva de um lockdown mais longo na China para conter a disseminação da covid-19 no país. Com isso, a produção de aço é mais restrita, o que afeta a comercialização do minério de ferro, principal matéria-prima siderúrgica.

Os contratos futuros do minério de ferro na bolsa de Dalian caíram quase 11% nesta segunda-feira, para uma mínima em mais de um mês, já que um amplo declínio nos mercados globais e as preocupações com a demanda de aço na China derrubaram os preços.

O contrato de minério de ferro mais negociado na Dalian Commodity Exchange da China para entrega em setembro recuou 10,7%, para 795 yuans (US$ 121,36) a tonelada, o menor preço de fechamento desde 23 de março.

Em Pequim, a capital chinesa, foram registrados 22 novos casos de covid-19 no domingo (24), o maior número deste ano. Já em Xangai, ocorreram 39 mortes pela doença no sábado (23), número mais de três vezes maior do que o dia anterior. Os sinais de piora da pandemia intensificaram temores sobre a desaceleração da China, que já ficaram evidentes em março.

“A sensação é de que acordamos hoje em março de 2020”, disse Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed. “A China começa a fazer lockdowns cada vez mais severos e se continuar da mesma forma como está, vamos ter 70% do PIB trancado na China.”

Segundo ele, mesmo com as medidas de alta de juros para controlar a inflação ao redor do mundo, principalmente nos Estados Unidos, devem surtir efeito se a China não controlar a disseminação do vírus.

“Enquanto sobem juros no Ocidente e a principal cadeia de produção, a China, não voltar ao normal, vamos continuar nessa situação instável”, afirmou Oliveira.

Na Ásia, o principal índice acionário chinês, o Xangai Composto teve queda de 5,13% nesta segunda-feira, a maior desde fevereiro de 2020, a 2.928,51 pontos, seu menor nível desde junho de 2020. O Shenzhen Composto mostrou perda ainda mais expressiva, de 6,48%, a 1.790,03 pontos.

A situação da China e a guerra também pesam sobre os preços do petróleo. O barril do Brent recuou 3,76% nesta sessão e foi cotado a US$ 102,16. Com isso, as ações da Petrobras operam em baixa nesta segunda-feira. O PETR4 é cotado a R$ 30,23, queda de 1,08%.

Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos, reforça que o Ibovespa segue o ritmo das bolsas internacionais que estendem a queda da semana passada. Segundo ele, esse recuo é ancorado à posição mais dura do Fed que quase que deve aumentar a taxa de juros em 0.5 ponto percentual e sinalizou que haverá mais altas durante o ano.

“Além disso, a Chona sofrendo com a covid-19 e afetando muito a economia e esse ambiente global muito negativo pesa sobre os mercados e sobre o dólar”, disse Varejão. A moeda americana seguiu a recuperação com alta de 1,47% frente ao real. O dólar fechou cotado a R$ 4,80.

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