Incorporadora chinesa Evergrande reduz prejuízo e volta a ter ações negociadas
Incorporadora mais endividada do mundo, em crise há um ano e meio, reduz prejuízos e volta a ter ações negociadas em Hong Kong
28/08/2023A chinesa Evergrande, considerada a incorporadora imobiliária mais endividada do mundo, reduziu significativamente seus prejuízos no primeiro semestre de 2023, principalmente devido à ausência de perdas por deterioração de investimentos. A crise da incorporadora que já dura um ano e meio é a maior evidência da crise no setor imobiliário da China.
O prejuízo líquido durante os seis meses encerrados em junho foi de 33,01 bilhões de yuans (US$ 4,53 bilhões), em comparação com 66,35 bilhões de yuans (US$ 9,1 bilhões) no mesmo período do ano passado, informou a empresa na noite deste domingo, 27. A receita aumentou para CNY 128,18 bilhões (US$ 17,6 bilhões), em comparação com CNY 89,28 bilhões (US$ 12,2 bilhões) no mesmo período do ano passado, principalmente devido à maior contribuição do negócio de desenvolvimento imobiliário.
Saiba mais
- Crise imobiliária na China traz risco de desvalorização com impacto global
- Onde investir em agosto, para aproveitar a onda de corte dos juros
- Como operar na bolsa de valores com a segurança da Safra Corretora
Os mercados acionários da Ásia registraram ganhos, nesta segunda-feira, 28, após no fim de semana a China anunciar medidas recentes de estímulo, inclusive ao mercado acionário. Em Hong Kong, porém, a ação da incorporadora China Evergrande Group recuou quase 90%, na volta do papel a negociações depois de 17 meses de suspensão, com o setor imobiliário chinês ainda como foco de cautela.
Na China, a Bolsa de Xangai fechou em alta de 1,13%, em 3.098,64 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, subiu 0,95%, a 1.988,02 pontos. Estímulos recentes da China, como um corte no fim de semana na taxa para negociações no mercado acionário, apoiaram o humor.
Na avaliação do banco Nomura, porém, sem medidas adicionais mais agressivas de estímulo deve haver pouco impacto positivo sustentável nos mercados acionários e também na economia. Entre ações em foco em Xangai, Poly Developments & Holdings Group subiu 2,7% e China Vanke, 4,5%.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng registrou ganho de 0,97%, a 18.130,74 pontos, com ações do setor financeiro e de seguradoras entre os destaques. Já China Evergrande Group, que voltou a ser negociada após hiato de 17 meses, recuou 89%.
A incorporadora chinesa cumpriu as várias obrigações estabelecidas pela Bolsa de Hong Kong para voltar a ser negociada, entre elas publicar balanços financeiros, mas enfrentou seu pior dia desde a listagem, no fim de 2009.
As perdas por depreciação de ativos financeiros da Evergrande foram de apenas CNY 643 milhões (US$ 88,2 milhões), em comparação com a perda de CNY 8,19 bilhões (US$ 1,1 bilhão) no primeiro semestre de 2022. As perdas por depreciação de investimentos contabilizados no primeiro semestre de 2023 foram nulas em comparação com CNY 18,03 bilhões (US$ 2,5 bilhões) um ano antes, utilizando o método de equivalência patrimonial.
A repressão da China à alavancagem no setor imobiliário em 2021 prejudicou muitas incorporadoras, que sofreram quedas severas nas vendas de residência e acesso reduzido ao mercado de dívida. A Evergrande passou a dar calote à medida que os seus problemas de fluxo de caixa aumentaram, deixando-a incapaz de pagar construtores e fornecedores.
Evergrande deve acelerar reestruturação de dívidas
O passivo total da empresa no final de junho ascendia a 2,39 trilhões de yuans (US$ 328 bilhões), anunciou a empresa, acrescentando que irá acelerar a reestruturação das dívidas offshore e trabalhar para proteger os interesses de longo prazo de vários credores.
No início deste mês, a empresa solicitou a aprovação da Justiça dos Estados Unidos para reestruturar mais de US$ 19 bilhões de suas dívidas offshore, como parte de uma tentativa de avançar nos planos para concluir uma das maiores e mais complexas reestruturações de dívida do mundo.
A empresa disse que suas ações, com negociação suspensa desde 21 de março do ano passado, voltarão a ser negociadas na Bolsa de Valores de Hong Kong a partir de 28 de agosto.
A Country Garden, outra gigante do setor imobiliário na China, comunicou “incertezas” quanto ao pagamento de títulos há duas semanas e na última sexta-feira adiou o alongamento deles por falta de apoio dos acionistas. No primeiro semestre deste ano, as vendas da incorporadora caíram 30% em relação ao período em 2022. (AE)