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Transição energética abre oportunidades para investir a longo prazo no Brasil

Apesar de altos e baixos da economia brasileira, especialistas em investimentos destacam oportunidades de longo prazo em energia limpa

J.Safra Conference

Tania Chocolat e Mariana Moura discutiram oportunidades para investir a longo prazo no Brasil | Foto: Divulgação

Alguns especialistas em investimentos já disseram que o Brasil nunca será visto como um investimento de longo prazo ( “buy and hold”), mas apenas uma oportunidade eventual de negócio (“trade opportunity”). Mas, isso pode estar mudando, segundo debatedores que participaram do J. Safra Brazil Conference, evento que reuniu cerca de 1.400 executivos de finanças em evento sobre a economia brasileira e global no Grand Hyatt, em São Paulo.

Mariana Moura, sócia da 23S Capital, afirma que há vários aspectos do País que estão melhores nos últimos anos. “O mercado de capitais está mais evoluído, a governança das empresas é melhor, a inflação está relativamente sob controle. Então, o ambiente em geral é melhor”, afirmou. Ela destaca que a 23S Capital leva em conta que, no Brasil, há diversos serviços que não são oferecidos da melhor maneira, como saúde, educação e serviços financeiros, no atual estágio de desenvolvimento do país. ”Isso é uma oportunidade de investimentos para a gente”, disse.  

A head de Active Equities da CPP Investments, Tania Chocolat, citou o processo de estudo para investir na América Latina: ”Nós analisamos se há estabilidade política e econômica, se a gente acha que tem crescimento, se é uma oportunidade transgeracional. E todo ano fazemos uma avaliação do que aconteceu”.  

Brasil abaixo na indústria de manufatura 

Apesar de ter grandes destaques em outros segmentos, o Brasil costuma ter uma posição menos relevante quando falamos da indústria de manufatura. Mariana explica que a grande diferença entre o Brasil e outros países mais avançados é a qualidade da educação que, em sua visão, traz uma maior capacidade de inovação. 

“Investimentos em educação e tecnologia são de longo prazo. Um investimento sério em educação, que vai trazer tecnologia, não será algo que gerará resultado em 1, 2 anos. Possivelmente, vamos ter que esperar uma próxima geração”, declara a sócia da 23C Capital. “Empresas brasileiras de manufatura não competem globalmente, infelizmente”. 

Tania Chocolat acrescentou outro panorama: “Temos um mercado muito jovem em termos de acesso ao mercado de capitais, e a taxa de juros no país foi muito alta nas últimas décadas. Isso torna os negócios intensivos em capital. Exceto quando há vantagem competitiva muito clara, como em alguns casos de commodities, isso mais difícil”. 

Foco na transição energética para investir a longo prazo

Ao abordar a transição energética, um dos temas mais comentados na J. Safra Brazil Conference, a sócia da 23C Capital destacou a importância do protagonismo do Brasil no setor: ”Eu vejo diversos agentes de mercado articulando como o Brasil será uma potência em transição energética, por conta da matriz renovável”. Ela acredita que este mercado pode virar uma nova mina de crescimento para o Brasil, com mais oportunidades para investir a longo prazo. 

Mariana explica que, na 23C Capital, há uma “coincidência” em certos setores escolhidos para o investimento, mesmo que cada oportunidade passe por estudos detalhados: “Quando a gente procura empresas que crescem acima de 40% ao ano, um produto ou uma solução já aprovado, com esse crescimento secular, a gente acaba chegando sempre nos mesmos setores, como consumo, saúde e serviços financeiros”. 

Dessa forma, a evolução do Brasil na temática da transição energética pode significar um novo mercado se abrindo para várias possibilidades.  

Saiba mais:

Geopolítica interfere em investir a longo prazo? 

Tania comentou sobre outro tema importante: o impacto da geopolítica nos investimentos. ”A China é um mercado gigantesco, mas tem restrições de investimentos dadas as tensões geopolíticas, e a nossa margem tem ficado menor”, explica.  “No Brasil, passamos por uma mudança de governo que, naturalmente, tem impacto nos investimentos”, acrescenta. Ela descarta, no entanto, que esse seja um problema: “Como investidores de longo prazo, a gente não está olhando tanto esse governo específico versus governo passado. Nós estamos olhando se existe instabilidade econômica, política, social e fatores semelhantes”. 

“Claro que é importante entender onde a gente está, mas a política vigente é menos relevante do que uma visão de investidor, de enxergar uma estabilidade regulatória, política e econômica. Entendendo que isso existe, os eventuais ruídos não incomodam tanto”, completa a head de Active Equities da CPP Investments. 

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