Joaquim Levy avalia perspectivas para a economia brasileira na transição política
Diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, Joaquim Levy, analisa as perspectivas para a economia brasileira em 2023
29/09/2022O programa Conjuntura Safra analisa o atual momento da economia do Brasil e do mundo. O diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Safra, Joaquim Levy, explica o que tem movimentado o mercado em setembro e o cenário para quem deseja investir. Levy destaca a importância das mudanças na política de juros nas principais economias. A onda de aperto monetário no mundo para conter a inflação aumentou o clima de cautela e causa instabilidade nas bolsas.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve promoveu um aumento de 0,75 ponto percentual, para um intervalo de 3% a 3,25%. Segundo Levy, os juros nos EUA devem voltar a ser reais (positivos) depois de muitos anos no início de 2023, podendo passar dos 4% no primeiro trimestre. “Se a estratégia do FED estiver correta, a taxa cairá para 3% no fim de 2023, dentro da estratégia para debelar a demanda e garantir estabilidade de preços”, explica Levy.
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No Brasil, ele analisa o fim do ciclo da alta de juros, estabilizada em 13,75% ao ano a partir deste mês. Ao mesmo tempo, o esforço do governo com medidas de estímulo elevou o ritmo da economia, que crescia 1% no início do ano. “As medidas aqueceram a economia no segundo semestre, e o PIB deve ficar em 2% no ano, mas ainda há incerteza sobre qual será a política econômica a partir de 2023”, afirmou.
“Vai ser uma política de crescimento ou uma política de gastar sem olhar o crescimento? Vão ser políticas preocupadas com a sustentabilidade, cada vez mais importante para o investidor estrangeiro, ou a gente vai seguir de qualquer jeito? Essas questões é que vão influenciar o crescimento no ano que vem”, comenta Levy.
Ele diz que a projeção do Banco Safra é de pouco mais de 1% de crescimento no ano que vem, podendo ser maior se o País conseguir aumentar a confiança e atrair capital estrangeiro, para conter o câmbio e a inflação, garantindo outros benefícios em termos de investimento.
A inflação até o fim do ano deve cair a 6%, e segundo Levy as cadeias de produção começam a registrar estabilidade ou até queda de alguns insumos importantes para a indústria, como o ferro, o aço e outros.
Com desaceleração maior da economia mundial, a queda dos preços das commodities e dos alimentos deve favorecer o cenário de inflação no Brasil, desde que isso não se reflita numa desvalorização do real.
Para o ano que vem, se a inflação convergir para 5% ao ano, o Banco Central pode sinalizar redução até ‘agressiva’ dos juros. “Podemos ter um cenário benigno para a inflação, mas ainda existem riscos no cenário externo com a persistência do conflito no Leste Europeu”, comenta Levy, na entrevista ao jornalista Marcelo Poli.