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Inflação tende a cair e Bolsa do Brasil pode surpreender, afirma Joaquim Levy

Diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra analisa o cenário mundial e vê boas perspectivas para o Ibovespa

Joaquim Levy

Joaquim Levy analisa cenário global desafiador e os impactos na economia brasileira | Foto: Reprodução

O cenário econômico global continua conturbado, com a guerra da Ucrânia e risco de recessão, mas a economia brasileira não corre grande risco, na avaliação do diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Safra, Joaquim Levy. Segundo ele, a pressão inflacionária no Brasil tende a diminuir, e o País não enfrenta nenhum grande desequilíbrio. Ele vê boa perspectiva para a Bolsa brasileira no fim do ciclo de aperto dos juros.

Em novo episódio do ‘Conjuntura Safra’, Joaquim Levy avalia o crescimento do Brasil, o cenário global desafiador e as perspectivas para o mercado de ações. “A economia brasileira não tem nenhum grande desequilíbrio, e o câmbio tem reduzido a pressão sobre a inflação”, afirma Levy. “Nossa expectativa para a inflação é de resultados melhores em junho, julho e agosto, o que permitiria uma reação bastante positiva do mercado e valorização dos preços das ações”.

“Qualquer boa sinalização da inflação nos próximos meses pode ter efeito muito positivo nas expectativas e nas respostas das empresas. O lucro das empresas continuou alto nos últimos balanços. Este cenário pode ter um impacto positivo na uma recuperação dos preços na Bolsa de Valores”, analisa o executivo.

Cenário global ainda é preocupante, afirma Joaquim Levy

A avaliação do diretor do Safra é a de que o cenário econômico internacional continua conturbado no terceiro mês da guerra da Ucrânia, que não tem qualquer perspectiva de solução. A Europa busca outras fontes energéticas, o que cria uma nova situação no mercado do petróleo, com impacto na inflação global. É clara a decisão da Alemanha e de outros países da Europa de acelerar a transição energética e reduzir a dependência dos combustíveis fósseis.

Segundo Levy, os preços globais continuam sofrendo os efeitos do choque de oferta. “O Banco central europeu já deu sinal claro de que vai mexer na taxa de juros. O mercado aguarda para saber quando os juros começam a subir e até onde podem seguir. Na China, a economia dá sinais de acomodação. A diminuição da produção nos últimos dois meses por causa da covid também causa inpacto no comércio internacional, podendo chegar aos Estados Unidos, pressionando ainda mais a inflação”.

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Inflação nos EUA e desaceleração na China

A dificuldade de aumentar importações piora a situação da inflação nos Estados Unidos, onde a demanda continua forte. O PIB do primeiro trimestre mostrou isso, segundo Joaquim Levy. No segundo trimestre isso tende a piorar por causa da situação na China e da chegada do verão americano.

As famílias americanas estão com mais dinheiro disponível e dispostas a gastar, apesar do aumento de preços, enquanto o mercado de trabalho continua aquecido, com excesso de demanda por mão-de-obra – em níveis que não se via desde a Guerra do Vietnã. “Enquanto essa diferença grande entre a demanda e oferta de mão-de-obra não diminuir, vai ser difícil baixar a inflação nos Estados Unidos, por isso o Federal Reserve tem dado todos os indícios de que vai agir, mesmo que isso venha a ter impacto no mercado de trabalho”.

As perspectivas de crescimento já começam a diminuir, e grandes empresas já falam na necessidade de cortar mão-de-obra. “Infelizmente isso era necessário para evitar o risco de uma espiral inflacionária, por isso a perspectiva é de desaceleração do mercado de trabalho nos próximos meses”, afirma o executivo.

PIB mostrou crescimento e Bolsa pode viver momento positivo no segundo semestre

A desaceleração da economia dos Estados Unidos, ocorrendo ao mesmo tempo em que várias outras economias também desaceleram, pode ter impacto no Brasil, na avaliação de Levy. Segundo ele, a economia brasileira está vivendo um momento favorável, e que se reflete nos números do PIB do primeiro trimestre.

Os setores da indústria e agricultura não vieram muito bem, mas o setor de serviços teve uma recuperação, enquanto do lado da demanda o consumo cresceu, refletindo ações do governo. O investimento veio abaixo do esperado, o que ajudou a reduzir o resultado final.

“Apesar da agricultura não ter apresentado aumento expressivo, do lado da demanda as exportações agrícolas foram fortes. A maior parte do crescimento veio das exportações. O mais importante é analisar o que vem pela frente. No segundo semestre o Brasil não deve crescer, e pode até enfrentar uma pequenas retração por causa da política monetária. A renda real das famílias pode forçar o processo de despoupança, ou seja, a poupança vai diminuir”, comenta Levy.

“A maior parte da inflação brasileira no primeiro semestre veio importada, mas a inflação deve começar a cair. Se não houver novos choques, é possível que a inflação comece a cair nos próximos meses, mas isso ainda é incerto. O Banco Central deve seguir com cautela acompanhando a situação, pra decidir em que momento poderá voltar a diminuir as taxas de juros. Os juros podem subir mais um pouco na reunião do Copom de 15 de junho, e talvez suba em agosto”.

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