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Novas operadoras entram na telefonia com leilão do 5G

Em relatório, Safra destaca entrada de novas empresas e benefícios para as grandes do setor, especialmente TIM e Telefônica Brasil

Pessoas com celulares nas mãos juntas sobre mesa de madeira, alusivo à entrada de novos participantes no mercado com o leilão do 5G

Embora sem surpresas na principal frequência leiloada, o Safra vê nicho de concorrência com o certame | Foto: Getty Images

A quinta-feira, 4, foi marcada pelo leilão de lotes de fornecimento da tecnologia 5G no Brasil.

Promovido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o certame envolveu as frequências de 700 MHz, 2,3 GHz e 3,5 GHz. Já o leilão de 26 GHz será realizado nesta sexta-feira, 5.

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O valor total pago pelas frequências na quinta-feira foi de R$ 7,1 bilhões, com ágio sobre o preço mínimo de 247%.

Este foi o maior leilão da história das telecomunicações no País. Ao todo, 15 empresas participaram da disputa.

Em relatório, o Banco Safra destaca a entrada de novas empresas no mercado nacional de telecomunicações.

Entre eles, a Winity II Telecom LTDA, criada há cerca de um ano pela Pátria Investimentos. A empresa arrematou o lote de 700 MHz por R$ 1,427 bilhão.

Por outro lado, o banco também evidencia a ausência de uma quarta companhia para dar lances pelo bloco nacional de 3,5 GHz.

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Isso permitiu às três grandes empresas de telecomunicações - Claro, TIM Brasil (TIMS3) e Telefônica Brasil (VIVT3) - aumentarem a sua participação nesta frequência (para 100 MHz cada).

Na visão do Safra, apesar do enorme prêmio sobre os preços mínimos, parte desse ágio deverá ser convertido em Compromissos de Investimentos a serem definidos pela Anatel na próxima terça-feira, 9 de novembro.

Portanto, esse valor não necessariamente será pago à vista.

Além disso, o Safra pondera que o preço da licença em dinheiro pode ser financiado com a Anatel em 20 parcelas (uma por ano), corrigidas pela taxa Selic.

Perspectiva para TIMS3 e VIVT3

De forma objetiva, o Safra considera haver um nicho de competição decorrente do leilão do 5G da Anatel.

Os investimentos da Vivo e da TIM em novas radiofrequências ficaram acima da estimativa do banco, de R$ 2 bilhões por empresa.

Entretanto, a instituição não estava considerando aquisições de blocos de 2,3 GHz, referente à expansão de tecnologia 4G, o que aconteceu.

Portanto, o banco mantém visão positiva para as ações da TIM e da Telefônica Brasil, com base no valuation atrativo e no potencial resultado positivo da aquisição dos ativos móveis da Oi.

Destaques do leilão do 5G

Sem surpresas na principal frequência

No caso do leilão da frequência de 3,5 GHz (a frequência mais adequada para a tecnologia 5G), o Safra não viu surpresas, com três grandes teles levando os blocos nacionais.

A Claro arrematou o primeiro bloco por R$ 338 milhões, com 5% sobre o preço mínimo.

Já a Vivo ficou com o segundo bloco, por R$ 420 milhões (31% de ágio) e a TIM pagou R$ 351 milhões pelo terceiro bloco (9% de prêmio).

O maior prêmio pago pela Vivo se deve à vantagem técnica do segundo bloco, que facilita o ran sharing (compartilhamento de espectro) com as demais frequências próximas.

No geral, a Claro foi a que mais gastou no leilão, pagando um total de R$ 1,6 bilhão por todos os blocos, seguida pela TIM, com R$ 976 milhões empregados, e a Vivo, que pagou R$ 967 milhões.

Em seguida, a análise destaca a Brisanet, que conquistou os blocos do Nordeste em 3,5 GHz e 2,3 GHz, embora a um preço elevado.

A Highline, que poderia surpreender neste leilão, porém, terminou sem nenhum bloco.

700 MHz: um novo player nacional no serviço móvel

A Anatel leiloou o bloco remanescente do leilão de 2014 na frequência de 700 MHz. O único bloco, com tamanho de 20 MHz (10+10), foi disputado entre Pátria (Winity), Highline e Datora (VDF).

O Pátria venceu com a oferta de R$ 1,4 bilhão, 9 vezes o preço mínimo e 4 vezes maior que a proposta da Highline (R$ 333 milhões).

Nesse sentido, o Safra acredita que a Pátria deve fornecer infraestrutura neutra para players móveis. Estes podem ser os grandes players ou players de nichos regionais específicos.

Ausência da "quarta força"

Após as 2 rodadas de blocos de 3,5 GHz, o 4º bloco nacional foi dividido e leiloado em 4 vias (20 MHz cada).

Como esperado, Claro, TIM e Vivo foram as únicas licitantes pagando o preço mínimo de R$ 80 milhões cada uma.

Com esses 20 MHz adicionais, as três terminaram com 100 Hz na frequência de 3,5 GHz.

Por outro lado, o investimento inicial pago em dinheiro deve crescer para R$ 2 bilhões (se somado o preço mínimo dos investimentos para limpeza do espectro, rede de fibra na Amazônia e rede privada do governo).

Portanto, a Vivo e a TIM devem desembolsar entre R$ 2,5 bilhões e R$ 2,9 bilhões cada. Isso se somados os preços das licenças aos desembolsos de 3,5 GHz para cumprir os compromissos especiais de investimentos.

Preços altos para os blocos regionais em 3,5GHz

A Sercomtel venceu o bloco C2 (Região Norte + Estado de São Paulo), pagando R$ 82 milhões em competição com Highline e Mega Net.

A Brisanet, por sua vez, conquistou os blocos das regiões Nordeste (C4) e Centro-Oeste (C5), mas a um preço altíssimo, segundo o Safra.

Sendo assim, a empresa pagou R$ 1,250 bilhão (13.700% de ágio) pelo bloco C4 e R$ 105 milhões (4.000% de ágio) pelo C5.

Já o Consórcio 5G Sul, composto pela Copel e Unifique, venceu o bloco da região Sul, enquanto a Cloud2U venceu o bloco referente à região Sudeste ex-São Paulo.

O relatório do Safra destaca também a Algar que, como esperado pela instituição e pelo mercado, venceu o bloco de seu território (Triângulo Mineiro em Minas Gerais), pagando R$ 2,4 milhões.

A mediana do prêmio pago pelas empresas foi de 2.755% sobre os preços mínimos (média de 4.400%).

2,3 GHz: mais competitivo do que o esperado

Por fim, o Safra aponta os destaques no leilão da frequência 2,3GHz do 5G.

Nesse sentido, a Claro foi a que mais gastou, pagando um total de R$ 1,2 bilhão para arrematar blocos de 50 MHz nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul, além dos blocos nos Estados de São Paulo e Minas Gerais (área da Algar).

Como a Algar perdeu o bloco de 50 MHz em sua área, foi forçada a pagar um prêmio de 1000% pelo bloco de 40MHz, no último do leilão de quinta-feira. Além disso, a Brisanet foi a única vencedora do Nordeste.

Enfim, o Safra vê essa frequência como um ponto positivo na capacidade das operadoras, principalmente para Claro, Vivo e TIM.

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