Mercado automotivo da China terá menos investimentos em 2024
Segmento está aquecido e o ritmo de incentivos às energias renováveis deve cair como um todo na China neste ano, segundo o J Safra Sarasin
05/04/2024Os investimentos do governo chinês renderam bons frutos em 2023, segundo análise do relatório Cross-Asset Weekly, do banco suíço J Safra Sarasin. O volume de inventivos foi liderado por energias renováveis e produtos relacionados, em valores que devem ser reduzidos neste ano por conta do aquecimento dos setores e bons números. Para 2024, contudo, mercado automotivo da China deve ter redução de aportes e incentivos.
Veículos elétricos: setor aquecido, investimentos esfriando
Houve um aumento de 36% no investimento em veículos de novas energias, chamados pela sigla NEV. A venda interna cresceu apoiada pela isenção de impostos e chegou a 7,8 milhões de unidades, representando um maket share de vendas de 36%. Os investimentos em estações de carregamento, fundamentais para viabilizar a transição, aumentaram em 65%. As exportações de veículos elétricos atingiram 1,76 milhões de unidades, um crescimento de 66% em relação a 2022.
Na avaliação do J Safra Sarasin, a sensação é de que estes investimentos podem ter ido longe demais. Um dos índices que baseia a tese é de excesso de capacidade de produção, já estimado em cerca de 5 a 10 milhões de unidades por ano. A projeção de investimento em energias renováveis e veículos de novas energias deste ano deverá é menor do que em 2023 segundo a instituição financeira suíça.
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Apesar de valores mais tímidos de investimentos, a expectativa é de um setor ainda aquecido. Entidades automotivas chinesas estimam cerca de 20% de crescimento da produção e das vendas em 2024.
Incentivos não estão apenas em carros elétricos
O incremento do investimento foi em todos os tipos de energias renováveis, não apenas no mercado de NEVs. A liderança dos investimentos foi em energia solar, com 60%, e a eólica contribuiu com mais de 30%. Houve aumento de 23% in fornecimento de eletricidade, aquecimento, gás e água e 19% de crescimento no mercado automotivo em comparativos anuais. A capacidade total de produção energética da China aumentou 14%, mas a participação da energia térmica ainda domina a geração real de energia, com 69%.
O investimento na rede elétrica foi superado significativamente pelo aumento da capacidade e isso ressalta uma diferença entre a capacidade instalada e a produção real. Segundo a visão semanal de macroeconomia do J Safra Sarasin, isso pode refletir nas faltas de capacidades de distribuição para a rede e de armazenamento de eletricidade. A produção real de energias renováveis, portanto, permanece muito inferior à sua capacidade instalada.
O ritmo desses investimentos também deve cair. A estatal responsável pela eletricidade da China prevê que a capacidade instalada de energia eólica e solar aumentará 24% neste ano, ante quase 40% em 2023. O investimento total deve ficar na casa dos 500 bilhões de yuans – mais próximo do realizado no ano passado, de 520 bilhões de yuans.
Crescimento da China deve manter patamar de 2023
As expectativas do J Safra Sarasin apontam para uma continuidade de ações para recuperar o setor imobiliário em 2024 e que haja crescimento menor do investimento total em ativos fixos em relação a 2023. A projeção de crescimento da China para 2024 fica em torno de 5%, caso mantenham-se as estratégias nos setores habitacional e de manufatura.
Confira o relatório completo do J Safra Sarasin.
Clique aqui e baixe o Cross-Asset Weekly, em inglês, neste link