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Mercado tem ‘superquarta’ de cautela à espera de sinais do Fed e Copom

Às 15 horas, o Fed deve anunciar alta de 0,50 ponto no juro. No Brasil, o Copom deve elevar novamente a Selic e indicar os rumos do aperto monetário

Juros

Copom anuncia hoje nova alta de 1 ponto na Selic, de 11,75% para 12,75% ao ano, mas mercado aguarda sinais sobre rumos do aperto monetário | Foto: Getty Images

O mercado financeiro aguarda as sinalizações dos bancos centrais – brasileiro e americano – para as próximas reuniões. A cautela vem do receio de que um Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) mais agressivo se traduza em uma atividade global ainda mais difícil.

Com isso, ativos de emergentes como o Brasil sofreram nas últimas semanas. A Bolsa brasileira já opera nos mesmos patamares de janeiro e anula boa parte do rali emplacado no primeiro trimestre. Nesta terça, terminou próxima da estabilidade, em queda de 0,10%, aos 106.528,09 pontos. No ano, acumula alta de 1,63%.

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É consenso entre os economistas que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central deve anunciar hoje uma nova alta de 1 ponto na Selic, de 11,75% para 12,75% ao ano. No entanto, não á consenso sobre quando o ciclo do aperto monetário, vai terminar, e se será necessária nova alta da Selic na próxima reunião do Copom, em junho.

No último boletim Focus, em que o BC mede a expectativa do mercado financeiro, a projeção é de que a taxa básica encerre 2022 em 13,25% ao ano. As estimativas do mercado para a inflação, entretanto, vêm crescendo há pelo menos 16 semanas.

Mercado aguarda sinais do Fed e Copom sobre futuro dos juros

A expectativa de alta acompanha o aumento nos preços. Em março, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, foi de 1,62%, maior taxa para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. Em 12 meses, o acumulado chegou a 11,30%, quase o dobro do teto da meta do Banco Central, que é de encerrar o ano com inflação de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

O desânimo na Bolsa brasileira ocorre a despeito de uma recuperação das ações ligadas a commodities, em um movimento técnico após a forte queda dos últimos dias, destacadamente o setor de metais e siderurgia. Os papéis da CSN estiveram entre as maiores altas do Ibovespa e subiram 4,44%, enquanto Gerdau metalurgia subiu 2,08%. Vale, por sua vez, teve leve queda, de 0,51%.

“O setor de siderurgia recupera um pouco da queda dos últimos dias, apesar de a China permanecer fechada, pelo feriado do dia do trabalho, e manter a política de zero covid”, apontou Rodrigo Moliterno, chefe de renda variável da Veedha Investimentos.

Na segunda-feira, os mercados reagiram fortemente a dados piores da indústria chinesa, que mostram que os lockdowns do governo de Xi Jinping têm afetado a atividade do gigante asiático. Nesta terça, o mau humor foi menor, por conta das commodities, mas não o suficiente para emplacar uma alta.

Mercado vive momento avesso a riscos

“O que está acontecendo hoje é expectativa, todo mundo avesso a risco. A grande expectativa é com a ‘super quarta’, com decisão de juros nossa e americana”, aponta Felipe Moura, analista de investimentos da Finacap.

Hoje, às 15 horas, o Fed divulga sua decisão de política monetária e, logo em seguida, às 15h30, o presidente da instituição, Jerome Powell, dá sua tradicional entrevista coletiva. A expectativa do mercado é de alta de 0,50 ponto no juro americano. No Brasil, em decisão a ser divulgada às 18h30, a autoridade monetária brasileira também não deve entregar surpresas e os investidores esperam uma alta de 100 pontos na Selic.

Com sinalizações mais agressivas por parte dos diretores e fatores, como a guerra na Ucrânia, que só têm alimentado as pressões inflacionárias, a expectativa é de que o Fed sinalize na direção de aumentos ainda maiores, de 0,75 pontos, para as próximas reuniões. Já no Brasil, a expectativa é se o Banco Central irá mesmo cumprir com o sinalizado e encerrar o aperto de juros na próxima reunião. A aposta do mercado é que, diante do atual risco de desancoragem de expectativas, o BC opte por deixar a porta aberta ao menos para mais um aumento.

“Mais importante do que propriamente a divulgação – quase consensual – da alta na taxa de juros lá e aqui no Brasil, será avaliar a postura, o comunicado ao mercado”, disse Lucas Carvalho, especialista de Renda Variável da Blue3. (AE)

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