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Nelson Freire, maior pianista do Brasil, morre aos 77 anos

Nelson Freire foi um dos maiores pianistas de sua geração e rodou o mundo em recitais e apresentações com as maiores orquestras do planeta

nelson Freire

Pianista se recuperava de fratura no ombro e preparava retorno aos palcos | Foto: Estadão Conteúdo

Maior pianista brasileiro, Nelson Freire, morreu na madrugada desta segunda-feira, dia 1º, aos 77 anos. Ele estava em sua casa no Rio de Janeiro.

Freire sofreu um acidente durante uma caminhada no Rio de Janeiro em 2019 e passou por cirurgias no ombro. Seu retorno aos palcos estava previsto para o ano passado, mas os recitais foram cancelados por conta da pandemia. Há dois meses, ele cancelou sua participação como jurado do Concurso Chopin de Varsóvia.

Nelson Freire nasceu em Boa Esperança, no interior de Minas Gerais, em outubro de 1944. Começou ao piano aos três anos de idade e, ainda em Minas, foi aluno de Nise Obino. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde teve aulas com Lúcia Branco.

Aos 12 anos, foi um dos vencedores do Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro.

Pouco depois, Freire seguiu para Viena, passando a estudar com Bruno Seidlhofer. Conquistou em 1964 o primeiro lugar no Concurso Vianna da Motta, em Lisboa.

Freire tornou-se um dos maiores pianistas de sua geração e rodou o mundo para realizar recitais ou se apresentar com as maiores orquestras do planeta, com um repertório que incluia Bach, Beethoven, Chopin, Liszt, Schumann, Schubert, Mozart, Grieg, Rachmaninov, Villa-Lobos, Debussy e outros.

No início dos anos 2000, o pianista foi tema de um documentário de João Moreira Salles. O filme mostrava a personalidade do pianista: tímido, avesso a entrevistas, ele preferia se comunicar ao piano.

O filme mostra sua paixão pelo jazz, pela pianista Guiomar Novaes, a relação de amizade com Martha Argerich e com o próprio instrumento: uma das cenas mais célebres é aquela em que, na Sala São Paulo, chega à conclusão de que aquele piano não gosta dele.

O sucesso do filme coincidiu com uma nova etapa da carreira de Freire, que passou a realizar novas gravações após quase duas décadas longe dos estúdios.

As gravações para o selo Decca renderam registros de referência de peças como os dois concertos de Brahms, o Concerto Imperador de Brahms e o Concerto nº 2 de Chopin. Também foram marcantes os discos solo dedicados a Beethoven, Schumann e Debussy, além de Encores, em que gravou uma série de autores brasileiros.

Na lembrança do público, no entanto, fica gravada para sempre uma outra peça, que Nelson Freire costumava sempre apresentar como bis em suas apresentações: a Melodia de Orfeu e Eurídice, de Gluck. A delicadeza, o lirismo – ali ficava sempre clara a relação íntima entre o artista, seu instrumento, sua música. O que sua morte agora transforma em memória inesquecível.

Concerto completo em Brasília em 2019

Outros concertos de Nelson Freire disponíveis no Youtube.

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