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Pesquisa mostra preferência na Bolsa por commodities e serviços essenciais

Participantes da J. Safra Brasil Conference acreditam que a Bolsa Brasileira tem potencial de valorização e indicam onde e como pretendem investir

Levy jSafra

Apresentação de Joaquim Levy, Diretor de Estratégia Econômica e Relações de Mercado do J. Safra, apontou perspectivas favoráveis para as ações brasileiras | Foto: Divulgação

O Banco J. Safra promoveu nos dias 26 e 27 de setembro a J. Safra Brazil Conference 2023, que recebeu cerca de 1.500 participantes, representantes de 107 empresas, com grande participação de integrantes de dirigentes de empresas (mais de 70% de representantes C-level das companhias). Durante o evento foram realizadas 970 reuniões, onde as empresas mais solicitadas foram Lojas Renner, Assai, Hapvida, Localiza, Rede D’or, Eletrobras, Vivara, Arezzo, Allos e Bradesco.

A perspectiva macroeconômica predominante foi favorável para a economia brasileira. A apresentação de Joaquim Levy, Diretor de Estratégia Econômica e Relações de Mercado do J. Safra, apontou perspectivas favoráveis para as ações brasileiras, na visão do banco. A política monetária mais restritiva implementada pelos bancos centrais a nível mundial parece ter sido capaz de controlar a inflação, enquanto a atividade econômica ainda deverá apoiar a demanda por commodities que deverá continuar a níveis razoáveis. A ação combinada dos bancos centrais e a moderação fiscal abriram caminho para uma queda na inflação em todo o mundo e no Brasil.

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Três tendências vão impulsionar a economia brasileira, na visão do J. Safra

No Brasil, a taxa Selic mais baixa provavelmente impulsionará o crédito, o que deverá ajudar o consumo. Além disso, a confiança das empresas está aumentando. Portanto, o cenário parece positivo para a economia brasileira. Joaquim Levy vê três tendências principais para a economia brasileira: as exportações (commodities) continuarão favoráveis, o desenvolvimento de uma economia verde abrirá novas oportunidades de crescimento e a política fiscal continuará relevante. Para ser eficaz, o quadro fiscal requer um crescimento de 2,5% ao ano do PIB do Brasil e disciplina nos gastos.

O feedback dos gestores de ações e de macroeconomia é de cautela, mas com destaque para algumas oportunidades. A perspectivas para as ações no Brasil é positiva, considerando que o ciclo de redução das taxas de juros já começou, enquanto o ciclo de flexibilização monetária em alguns mercados desenvolvidos provavelmente se iniciará em 2024, o que deverá refletir gradativamente no desempenho dos ativos.

Por sua vez, o cenário externo exige cautela e, portanto, as oportunidades de alocação em outros mercados deverão ter caráter oportunista ou de natureza de hedge. Dado o atual nível de valuation dos ativos nacionais, alguns nomes mais tradicionais estão baratos e oferecem boas margens de segurança, nomeadamente nos setores de Utilidades Básicas, Serviços Financeiros, O&G e Infraestrutura.

No painel de macroeconomia, o debate foi sobre as perspectivas desafiadoras para as economias externa e interna, dada a perspectiva de taxas de juros mais altas por mais tempo nos EUA e os impactos que isso poderia ter no fluxo de capital para os mercados emergentes e na atividade dos EUA.

Para o Brasil, apesar da disciplina do Banco Central, taxas de juros mais altas poderiam empurrar a taxa Selic terminal acima do nível neutro e pressionar pela desvalorização do real. Como resultado, os gestores permanecem comprados em dólar.

Sentimento do mercado

Durante os dias de conferência, os Banco J. Safra realizou uma Pesquisa de Sentimento Mercado com Gestores, Analistas e Family Offices para entender o humor em relação ao mercado acionário e à atividade econômica para 2024. De uma maneira geral, as respostas apontam cautela dos investidores quanto às perspectivas para o próximo ano, indicando potencial de valorização limitado para o Ibovespa até final de 2024, baixa propensão a aumento de risco do portfólio e a preferência por uma alocação em setores pouco dependentes da economia doméstica e/ou defensivos e menos cíclicos, como Commodities e Utilities, respectivamente.

A inflação e a política monetária no Brasil, nos EUA e na Europa ficarão no radar do mercado e resultados mais positivos dessas variáveis poderão ser os principais gatilhos para a bolsa em 2024. Por outro lado, quase metade das respostas apontaram para potenciais riscos para a economia brasileira vindos de uma piora nos EUA, Europa e China.

A pesquisa com os participantes revelou que 44,3% acreditam que a Bolsa brasileira alcançará entre 120 mil e 130 mil pontos no fim do ano. 27% apostam no patamar de 130 mil a 140 mil pontos.

A cotação do dólar no final de 2024 deve ficar entre R$ 4,80 e R$ 4,90 para 29,6%, entre R$ 4,90 e R$ 5 para 27% e abaixo de R$ 4,80 para 15,7%. 27,8% apostam em câmbio acima de R$ 5.

A taxa Selic no fim de 2024 deve ficar entre 8,5% e 9% ao ano para 43,5%. Entre 9 e 9,5% para 36,5%. Entre 8 e 8,5% para 14,8%. Só 5,2% acreditam na Selic abaixo de 8% no fim de 2024.

A inflação no fim do ano que vem deve ficar entre 3,5% e 4% para 42,6% dos participantes. E entre 4% e 4,5% para 31,3%. 22,6% apostam em IPCA de 4,5% e 5% e apenas 3,5% apostam em inflação inferior a 3,5%.

Em relação ao PIB de 2024, 34,8% apostam em taxa de 1,5% a 2% e 33% cravam crescimento de 2% a 2,5%. 16,5% apostam em crescimento inferior a 1,5% e 15,7% acham que o país pode crescer mais de 2,5%.

Os setores com melhor desempenho na Bolsa em 2023 e início de 2024 devem ser commodities (33,9%), utilities (17,4%), serviços financeiros (14,8%), construção/mallls (13%), consumo e varejo (10,4%), transportes (4,3%), educação (3,5%) e saúde (2,5%).

No setor de commodities as preferências são para agribusiness e alimentos (38,3%), petróleo e gás (35,7%), papel e celulose (13%) e siderurgia e mineração (13%).

Os gatilhos positivos para o mercado brasileiro nos próximos meses e no ano que vem devem ser a queda da inflação e juros (35,7%), desaceleração dos EU e Europa (24,3%), melhora fiscal no Brasil (16,5%), reformas estruturais (9,6%), aceleração da China (6,1%), preço das commodities (5,2%) e outros (2,6%).

Integra da pesquisa com participantes do J. Safra Brasil Conference

Destaques da pesquisa com participantes da J. Safra Brazil Conference:

  • Ibovespa – A expectativa média para o Ibovespa é chegar em 129,6 mil pontos no fim de 2024, o que representa uma alta de ~13% sobre o patamar atual.
  • Beta e Caixa – Dentre os participantes da Pesquisa, predominou a intenção de manter estável o Beta e o Caixa das carteiras até o final de 2024: 60% pretendem manter, 24,8% aumentar e 15,2% reduzir.
  • Setores de Preferência – Em relação aos setores, a preferência ficou para Commodities 33,9% e Utilities 17,4%. Em Commodities, a preferência fica para o setor de Alimentos e Bebidas 38,3% seguida de Petróleo e Gás 35,7%.
  • Potenciais Gatilhos para a Bolsa em 2024 – Os participantes revelaram que o principal gatilho para a bolsa seria a redução da inflação e o corte de juros no Brasil (35,7% das respostas), seguido da desaceleração da inflação nos EUA e Europa (24,3% das respostas).
  • Economia Americana, Europeia e Chinesa – Para 49,6% dos participantes, a dinâmica econômica americana e europeia poderia atrapalhar a economia brasileira. 34,8% acreditam que poderia ajudar e 15,7% não vêem influência. Sobre a economia chinesa, a expectativa para 45,2% das respostas é que ela poderia atrapalhar a economia brasileira. 43,5% acreditam que poderia ajudar e 11,3% não esperam impactos.
  • Expectativa para Economia brasileira em 2024 – A expectativa média para o dólar ficou em R$4,94 (número um pouco abaixo do que a Pesquisa Focus projeta para o próximo ano, em R$5,00). Para a Selic, a expectativa média ficou em 8,8% (patamar ligeiramente abaixo do projetado pela Pesquisa Focus, que está em 9% e mais próximo da projeção do Safra em 8,75%). Sobre o IPCA, a expectativa média ficou em 5,3% (acima do que é projetado pela Focus, hoje em 3,86%, e também acima da projeção de nossa área macro). Para o PIB, a expectativa ficou em 2% de crescimento (abaixo das estimativas de nossa equipe macro de 2,5% de crescimento).

Íntegra da pesquisa com participantes do J. Safra Brasil Conference

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