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Petrobras envia pedido ao Ibama para operar na foz do Rio Amazonas

Empresa quer explorar petróleo em cinco blocos na região marítima. Órgão ambiental já rejeitou quatro pedidos de outra companhia

Perspectiva das águas do Rio Amazonas, com a mata margeando e o pôr do sol ao fundo, alusivo à intenção da Petrobras de operar no local

Estimativa é que há até 14 bilhões de barris de petróleo na região, o que supera reservas provadas do Golfo do México | Foto: Getty Images

A Petrobras apresentou ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pedido de licença de operação para explorar petróleo na região da foz do Rio Amazonas, uma área de sensibilidade ambiental.

A solicitação da licença de operação, documento necessário para autorizar as perfurações, foi enviada ao órgão ambiental no dia 30 de agosto, mas a Petrobras só tornou o ato público nesta semana, por meio de aviso no Diário Oficial da União.

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A insistência da Petrobras em perfurar cinco blocos na região marítima da foz do Amazonas ocorre após o Ibama rejeitar quatro pedidos feitos pela antiga dona das concessões, a petroleira francesa Total E&P.

Os blocos estão localizados em águas profundas no norte do Brasil, a aproximadamente 120 km do Estado do Amapá, uma área que, segundo a Petrobras, é uma “fronteira exploratória de alto potencial na margem equatorial brasileira”.

Em fevereiro, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou a transferência dos cinco blocos de petróleo da Total para a Petrobras.

A decisão ocorreu após a empresa francesa não conseguir avançar com o processo de licenciamento ambiental dos blocos, que estão localizados em uma das áreas mais sensíveis da região e de extrema riqueza ambiental.

As áreas foram leiloadas em 2013, arrematadas em um leilão pelo consórcio formado entre a Total e a britânica BP.

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A licença ambiental para exploração dos blocos, porém, nunca foi obtida pelas companhias. Em 2018, o Ibama rejeitou, pela quarta vez, um pedido da Total para iniciar a perfuração na bacia.

À época, a Petrobras afirmou, em comunicado, que entrou em acordo com a Total para assumir "a operação e a integralidade das participações" da empresa nos blocos.

Nos cálculos de geólogos, haveria até 14 bilhões de barris de petróleo, o que supera as reservas provadas do Golfo do México.

Riscos da operação da Petrobras no Rio Amazonas

A reação internacional ao projeto alerta para os riscos ambientais dessa exploração.

O Greenpeace chegou a contratar pesquisadores especialistas para examinar os riscos das atividades.

A organização alertou para impactos como perturbação ao bem-estar de animais como baleias, golfinhos, tartarugas e peixes-boi, risco de contaminação de um dos maiores manguezais do mundo e devastação dos corais da Amazônia, antes mesmo de a ciência conhecer bem esse ecossistema.

Em 2018, Suely Araújo, então presidente do Ibama, negou o pedido de licença da Total e destacou "pendências graves" nos estudos, como o não atendimento integral de procedimentos a serem adotados em caso de incidente na perfuração.

Na época, as análises apontaram ainda que a caracterização das etapas do processo de perfuração não estava em conformidade com as regras.

Em seu pedido de licença, a Petrobras declara que "foram elaborados o Estudo de Impacto Ambiental, protocolados eletronicamente" no Ibama. (AE)

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