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Pierre Cardin morre na França aos 98 anos

Estilista deixou uma marca licenciada em 140 países que rende anualmente cerca de 8 bilhões de euros em royalties

Pierre Cardin

Empresário da moda, ele criou e influenciou tendências internacionais de consumo de uma grande variedade de produtos / Foto: Facebook

O estilista franco-italiano Pierre Cardin, que transformou seu nome em sinônimo mundial de roupas de alta qualidade, morreu nesta terça-feira, 29 de dezembro, aos 98 anos, no hospital de Neuilly-sur-Seine, ao lado de Paris.

Cardin nasceu no norte da Itália e aos 2 anos migrou com a família para a França, onde cresceu e construiu a carreira, fazendo de seu nome uma marca mundial da moda e do design.

Estilista de vanguarda, teve grande importância na retomada da alta costura na França após a Segunda Guerra, tornando-se ícone do prêt-à-porter, a roupa pronta para o uso.

Cardin criou e influenciou grandes tendências da moda internacional, como as coleções masculinas e as peças unissex.

Com oitocentas licenças em 140 países, calcula-se que sua marca tenha um faturamento anual de mais de 8 bilhões de euros em royalties.

Tino empresarial implacável

Pierre Cardin deixa uma marca que está associada a produtos de qualidade que vão de carros a perfumes.

Ao longo de mais de 60 anos, Cardin causou inveja e admiração em colegas estilistas devido ao seu tino empresarial implacável. Ele afirmava ter erguido seu império comercial sem nunca ter pedido empréstimos.

Cardin foi o primeiro designer a vender coleções de roupas em lojas de departamentos no final dos anos 1950 e o primeiro a entrar no ramo dos licenciamentos de perfumes, acessórios e até alimentos – hoje uma grande fonte de lucro para muitas grifes.

“É a mesma coisa para mim se estou fazendo mangas ou pernas de mesa”, disse certa vez uma citação reveladora de seu site.

Por difíceis que sejam de imaginar décadas mais tarde, chocolates Armani, hotéis Bulgari e óculos de sol Gucci se baseiam todos na percepção de Cardin de que o glamour de uma marca de moda tem um potencial de comercialização sem limites.

Ao longo dos anos, seu nome estampou lâminas de barbear, utensílios domésticos e acessórios vulgares, como cuecas boxers baratas.

Intuição para comercializar o nome

Uma vez ele disse que não se incomodaria de ver suas iniciais PC em rolos de papel higiênico, e foi a inspiração de um frasco de perfume de aparência fálica.

Seus detratores o acusavam de destruir o valor de sua marca e a noção de luxo em geral, mas ele parecia essencialmente indiferente às críticas.

“Tive a intuição para comercializar meu nome”, disse Cardin ao jornal alemão Sueddeutsche Zeitung em 2007. “Será que o dinheiro estraga as ideias da pessoa? Não sonho nem um pouco com dinheiro, mas enquanto estou sonhando, estou ganhando dinheiro. Nunca se tratou de dinheiro.”

O estilista também se aventurou além da moda, comprando o lendário restaurante parisiense Maxim’s nos anos 1980 e inaugurando réplicas do estabelecimento em todo o mundo.

Ele melhor com o investimento ao lançar a Minim’s, uma rede de restaurantes de fast-food chiques que reproduzem a decoração típica da Belle Époque do restaurante original e exclusivo de Paris.

O império que deixa inclui perfumes, alimentos, desenho industrial, imóveis, entretenimento e até flores frescas.

“Sempre tentei ser diferente, ser eu mesmo”, disse Cardin em uma entrevista recente à Agência Reuters. “Se as pessoas gostam disso ou não, não é o que importa.”

(Com Agência Brasil)

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