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Reajuste da gasolina e do diesel eleva estimativas para a inflação

Primeiro reajuste de preços da gasolina e do diesel no atual governo deve acrescentar 0,40 ponto porcentual no IPCA entre agosto e setembro, segundo Campos Neto

Gasolina e inlfação

Após o reajuste dos combustíveis, o Itaú reviu sua estimativa para o IPCA no fim do ano, de 4,9% para 5,1% | Foto: Getty Images

O primeiro aumento de preços da gasolina e do diesel desde o início do governo levou o mercado a rever suas projeções para o IPCA no ano. Até o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou em impacto na inflação por conta do “grande aumento”. “O impacto da gasolina é direto na cadeia”, afirmou ele. Nas suas contas, a alta dos combustíveis deve puxar o IPCA em “mais ou menos 0,40 ponto porcentual entre agosto e setembro”.

A Petrobras anunciou ontem um reajuste de 16,2% para a gasolina (o equivalente a R$ 0,41 por litro) e de 25,8% (R$ 0,78) para o diesel nas suas refinarias. O Itaú Unibanco reviu sua estimativa para o índice no fim do ano, de 4,9% para 5,1%. O banco calcula que o reajuste da gasolina deve gerar um impacto de 0,32 ponto, enquanto o do diesel deve responder por uma alta adicional de 0,02 ponto. “O movimento veio acima da nossa expectativa de curto prazo, que embutia um reajuste menor na gasolina, próximo de 5%”, disse o banco. Outra instituição que reviu seus números foi a Warren Rena, de 4,6% para 5%.

Saiba mais

A diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central, Fernanda Guardado, explicou nesta terça-feira, 15, que o Comitê de Política Monetária (Copom) já havia antecipado uma parte da alta dos reajustes de combustíveis, anunciados hoje pela Petrobrás.

“Uma das mudanças que fizemos no balanço de risco na ata foi das commodities. Já observamos que, na última reunião, boa parte do movimento de queda das commodities agrícolas e energéticas que observamos em março, em junho e julho já estava se revertendo. O Copom já tinha embutido algum reajuste de gasolina, então parte já estava prevista. Não posso antecipar (o quanto), mas parte já estava prevista”, disse.

A atual direção da Petrobras vinha sendo criticada por retardar o repasse de aumento de custos com a compra do petróleo para os preços no mercado nacional. Em maio, a empresa abandonou o antigo modelo de PPI (Preço de Paridade de Importação), que acompanhava a oscilação de valores internacionais.

Presidente da Petrobras diz que reajuste da gasolina e do diesel veio “no momento certo”

Ontem, no comunicado que trouxe os novos valores, disse que, “estando a Petrobras no limite da sua otimização operacional”, foi “necessário realizar ajustes de preços para ambos os combustíveis, dentro dos parâmetros da estratégia comercial, visando reequilíbrio com o mercado e com os valores marginais para a Petrobras”. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), mesmo com o reajuste os preços mantêm defasagem com os valores no exterior.

Criticado mesmo por integrantes do governo por adiar o repasse do aumento de custos para os preços internos, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que os reajustes anunciados ontem para o diesel e a gasolina aconteceram no momento certo, considerando a avaliação de que o preço do barril de petróleo (em alta nas últimas semanas) já teria se estabilizado no mercado internacional.

Ele negou ainda qualquer interferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na decisão – que era esperada pelo mercado –, afirmando que o chefe do Executivo “jamais, em tempo algum, (nem) sequer sugeriu algum muxoxo para fazer isso ou aquilo”.

Segundo Prates, se os reajustes tivessem levado em conta a média do mercado considerando o modelo de PPI (Preço de Paridade de Importação, que deixou de ser seguido pela estatal), o diesel teria sido reajustado em mais de R$ 1 (ante os R$ 0,78 efetivamente autorizados pela Petrobras), enquanto a gasolina teria subido pelo menos R$ 0,50 por litro (ante R$ 0,41 anunciados). (AE)

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