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Receita dos clubes brasileiros com patrocínios é a menor em 10 anos

Faturamento de times com grandes empresas atinge R$ 535 milhões em 2020, menor valor desde 2009. Palmeiras lidera a lista

Renovação de contrato de patrocínios entre Puma e Palmeiras, que lidera faturamento entre clubes brasileiros

Renovação de contrato entre Puma e Palmeiras, que faturou R$ 115 milhões com patrocínios em 2020 Foto: Fabio Menotti/SE Palmeiras

Na contramão dos clubes europeus de futebol, os brasileiros têm faturado cada vez menos com patrocínios e chegaram à sua menor receita em dez anos.

No último ano, os times profissionais que disputaram a Série A do Campeonato Brasileiro (com exceção de Sport e Red Bull Bragantino), além de Cruzeiro e América-MG – que jogaram a Série B – faturaram R$ 535 milhões com patrocinadores.

O valor ficou abaixo do registrado entre 2010 e 2019, à frente apenas dos R$ 405 milhões faturados em 2009.

As informações constam em análise da consultoria Sports Value, que compilou dados de 2003 a 2020.

Receitas com patrocínios em 2020 – top 20 clubes brasileiros

Clube – Receita (em milhões de R$)

  1. Palmeiras – 115
  2. Flamengo – 95
  3. Corinthians – 71
  4. Cruzeiro – 33
  5. Grêmio – 33
  6. Internacional – 32
  7. Santos – 24
  8. Atlético-MG – 21
  9. Bahia – 18
  10. Vasco da Gama – 17
  11. São Paulo – 16
  12. Athletico-PR – 14
  13. Fluminense – 10
  14. Ceará – 8
  15. Fortaleza – 7
  16. Botafogo – 6
  17. Coritiba – 6
  18. Goiás – 4
  19. Atlético-GO – 4
  20. América-MG – 2

Participação dos patrocínios nas receitas

Em 2020, os patrocínios representaram 11% do faturamento total dos clubes brasileiros.

Na conta das receitas, entram os direitos de TV, bilheteria e vendas de jogadores, por exemplo.

Porém, em locais onde a modalidade é mais desenvolvida e profissionalizada, como na Europa, a participação do marketing esportivo em parceria com empresas é muito maior.

No Brasil, a fatia dos patrocínios no faturamento dos times chegou a ser de 18% em 2010 e 2011, percentual mais alto identificado pela análise.

Participação dos patrocínios sobre a receita total dos clubes | Fonte: Sports Value

“Hoje, o faturamento dos clubes cresceu com televisão, com venda de jogador e até com venda de jogador, mas despencou com patrocínio. Isso vai na contramão das lógicas dos Estados Unidos e da Europa, onde isso só cresce”, explica Amir Somoggi, sócio diretor da Sports Value.

Dentro deste contexto, houve impacto da pandemia de covid-19, com renegociação de diversos contratos devido à paralisação de campeonatos.

Segundo a consultoria, porém, a queda é uma tendência de médio e longo prazo. “A pandemia deu uma piorada, mas aqui vem piorando ano a ano”, pontua Somoggi.

Diferença entre brasileiros e europeus

O mercado de patrocínios aos clubes ao longo dos anos somente cresceu no futebol europeu.

No Velho Continente, os times movimentam mais de US$ 7,7 bilhões (R$ 38,6 bilhões) em marketing esportivo por ano, segundo a Sports Value.

Outros exemplos trazidos pela consultoria são dos campeonatos nacionais da Inglaterra e da Alemanha.

Os 20 times da Premier League, a primeira divisão profissional masculina inglesa, faturam US$ 1,9 bilhões (R$ 9,5 bilhões). Já os 18 times da Bundesliga, da Alemanha, US$ 1,6 bilhões (R$ 8 bilhões).

Por outro lado, os top 20 times do Brasil faturam menos do que outras ligas com torcidas significativamente menores, como as da Bélgica, Dinamarca e Portugal.

“Se você olhar a tendência, você percebe claramente uma queda no interesse de grandes marcas anunciantes no futebol brasileiro”, afirma Somoggi.

Fator extracampo

De acordo com a Sports Value, o movimento contrário às tendências dos grandes centros do futebol pode ser explicado em grande parte pelo o que acontece fora dos campos.

Recentemente, marcas como a empresa de serviços financeiros Mastercard e as fabricantes de bebidas Ambev e Diageo decidiram não expor suas marcas na Copa América.

A competição seria originalmente realizada na Colômbia e na Argentina, mas condições políticas no primeiro país e de saúde sobre a pandemia no segundo os fizeram desistir de serem sedes.

Com quase 500 mil mortes pela covid-19, o Brasil aceitou receber a competição, o que gerou uma onda de críticas à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) e à confederação brasileira (CBF).

A entidade nacional, inclusive, vive dias turbulentos com o afastamento de seu presidente, Rogério Caboclo, devido acusações de assédio moral e sexual à própria secretária.

“É o que eu chamo do fator extracampo. Todos os times ficam preocupados com a audiência e exposição de marca, mas se esquecem que as polêmicas e notícias negativas afetam diretamente nosso mercado”, diz Somoggi.

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