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Resultados da Sulamérica monstram impacto da variante ômicron

Seguradora com foco nos ramos de saúde e odontologia, a SulAmérica (SULA11) tem recomendação compra com preço-alvo de R$ 40 por ação

SulAmérica

O portfólio de saúde da SulAmérica teve adições líquidas de 66 mil associados no trimestre | Foto: Getty Images

A SulAmérica (SULA11) apresentou números operacionais acima do esperado no primeiro trimestre de 2022, apesar de receitas um pouco abaixo da estimativa dos analistas do Banco Safra. A MLR (sinistralidade) ficou alguns pontos base abaixo da estimativa, melhorando sequencialmente, apesar de ainda acima dos níveis históricos devido aos custos relacionados ao Covid e outros impactos.

O lucro por ação (LPA) ajustado ficou em R$ 0,08, -44% A/A (vs. consenso Bloomberg de +R$0,24 e Safra de – R$0,12). As provisões de abaixo do previsto também beneficiaram a margem operacional, levando a uma surpresa positiva no EBITDA (embora ainda em território negativo).

Saiba mais

O Safra vê alguns impactos transitórios na sinistralidade, que provavelmente devem diminuir nos próximos trimestres (Covid e mudanças negativas nos preços individuais).

No entanto, no atual ambiente inflacionário, parece provável que novas rodadas de aumentos de preços sejam necessárias para levar a sinistralidade de volta aos níveis históricos, e tal cenário tem um impacto incerto na acessibilidade.

Por enquanto, a avaliação (SulAmérica negocia a 25x P/L 2022 e 14x 2023 assumindo o lucro pro-forma com RDOR) e as perspectivas positivas que vemos para a combinação de negócios com a Rede D’Or parecem boas o suficiente para compensar tais riscos, mas isso é algo que devemos monitorar de perto.

A receita líquida ficou 1% acima do trimestre anterior e -2% abaixo das nossas estimativas. A carteira de saúde da SulAmérica teve adições líquidas de 27 mil associados no trimestre, com a base de saúde atingindo 2.136 mil.

O crescimento do número de clientes foi impulsionado principalmente pelos segmentos corporativo e de PMEs, com adições líquidas de 14 mil membros no trimestre cada.

O crescimento orgânico de 11 mil membros. A carteira odontológica atingiu 1.985 mil membros (plano T/t e +6% A/A). A linha Direto continua crescendo (+11% T/t), embora em desaceleração em relação aos trimestres anteriores e com uma penetração ainda baixa de 3% do total de membros (embora todos os planos mid-ticket representem 9% do total).

O ticket médio teve uma ligeira melhora de 1% T/t (-2% A/A). A MLR (sinistralidade) continua a pressionar o resultado final. A MLR atingiu 86,3% (71bps melhor que nossas estimativas), apesar da melhora sequencial (283bps T/t) a

MLR continua acima dos níveis históricos, chegando em 577bps pior A/A. Esse indicador continuou prejudicado por uma sazonalidade atípica relacionada a procedimentos eletivos e efeitos da Covid devido à alta da Omicron no início do ano.

Segundo a empresa, o impacto da Covid foi de R$ 198 milhões no trimestre (+359bps para MLR). Além disso, o reajuste negativo de preços dos planos individuais implementado no ano passado por determinação da ANS contribuiu com 20bps para a MLR no 1T22.

Excluindo o impacto relacionado ao Covid, a MLR caixa teria sido de 82,7% (81,3% também excluindo o impacto das variações negativas de preços nos planos individuais), ainda acima dos níveis históricos (MLR média 2018/2019 de 79,3%).

As despesas SG&A ficaram 2% abaixo da nossa projeção e ficaram estáveis em relação ao ano anterior como percentual da receita em 17,3%. O resultado financeiro líquido totalizou R$ 150 milhões (+82% T/t e +275% A/a), impulsionado por maiores taxas de juros. A combinação de maior MLR e maior resultado financeiro líquido levou a um lucro líquido de R$ 32 milhões (vs. prejuízo líquido de R$ 21 milhões no 4T21, -R$ 47 milhões esperados por nós e R$ 95 milhões de lucro líquido previsto pelo consenso).

Crescimento da SulAmérica (SULA11)

O portfólio de saúde da SulAmérica teve adições líquidas de 66 mil associados no trimestre, com a adição de 23 mil associados de crescimento inorgânico e 11 mil associados de adições líquidas orgânicas da estratégia mid-ticket. A carteira de saúde atingiu 2.109 mil membros, enquanto a carteira odontológica atingiu 1.988 mil membros (+2% T/t e +11% A/a).

A MLR surpreendeu negativamente em 89,4%, o pior nível desde o início da pandemia, com 514bps mais alto no trimestre e 812bps acima das estimativas do Safra. A MLR foi prejudicada por uma sazonalidade atípica relacionada a procedimentos eletivos, efeitos da Covid e reajustes negativos nos planos individuais. Apesar da desaceleração dos casos de Covid durante o 4T21, a onda da ômicron atingiu as últimas semanas do ano, impactando principalmente a frequência de atendimentos de emergência.

O impacto da Covid foi de R$ 111 milhões no trimestre. Excluindo o impacto relacionado ao Covid, a sinistralidade (MLR) em dinheiro teria sido de 87,2%, ainda significativamente acima dos níveis históricos (MLR média 2018/2019 de 79,3%).

Os resultados de Vida & Previdência apresentaram melhor desempenho com o menor índice de sinistralidade por sinistros relacionados ao covid-19. O resultado financeiro líquido totalizou R$ 82 milhões (-14% T/t e +22% A/a), com um maior nível de endividamento compensando o impacto positivo de maiores taxas de juros nas receitas financeiras.

A combinação de maior sinistralidade (MLR) e resultados financeiros líquidos abaixo do esperado levou a um prejuízo líquido de R$ 21 milhões (-153% menor T/t e -147% A/a, e -124% abaixo de nossa projeção).

Vale a pena investir em SULA11?

  • A Sul América é um dos players independentes mais relevantes no mercado de seguros de saúde;
  • Excelente desempenho devido a iniciativas inovadoras de economia de custos;
  • A empresa tem presença nacional com mais de 7 milhões de clientes e um forte potencial de venda cruzada; e
  • O mercado de operadoras de assistência médica está fragmentado, mas em tendência de consolidação.

Quais são os principais riscos de SULA11?

  • Possível tendência de inflação médica acima do índice médio da inflação;
  • Os players integrados podem se tornar mais competitivos se puderem operar seus hospitais com melhores indicadores de desempenho do que a indústria; e
  • A maior parte do mercado de assistência médica da Sul América é de planos corporativos, o que pode representar um risco se houver uma migração do modelo atual para o ASO (Administrative Services Only).

Sobre a SULA11

A Sul América (SULA11) atua nos ramos de seguro saúde e odontológico e outros ramos elementares. A companhia atua ainda nos segmentos de seguros de vida e acidentes pessoais, gestão de ativos, produtos de previdência privada e capitalização. No ano de 2018, as receitas da companhia atingiram R$20,5 bilhões. Em 31 de dezembro de 2018, a Sul América Investimentos possuía R$41,6 bilhões em ativos sob gestão.

Com aproximadamente cinco mil funcionários, seus negócios são realizados por meio de uma ampla e diversificada rede de distribuição que inclui mais de 30 mil corretores independentes, além de parcerias com mais de 20 instituições financeiras de varejo, que adicionam à Sul América 16 mil pontos de venda.  Com aproximadamente 7,0 milhões de clientes (pessoas físicas e jurídicas) e 100% das suas receitas geradas no Brasil, a sede administrativa da Sul América fica localizada no Rio de Janeiro.

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