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Senado aprova Gabriel Galípolo para a diretoria do Banco Central

Senado aprova entrada de Gabriel Galípolo e Aílton Aquino para a diretoria do Banco Central, primeiros indicados do governo Lula

Galípolo

Gabriel Galípolo é mestre em economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e tem passagem tanto pelo setor público quanto pelo privado | Foto: Agência Brasil

O plenário do Senado aprovou por 39 votos a favor, 12 contra e uma abstenção o nome de Gabriel Galípolo para o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central nesta terça-feira. Mais cedo, Galípolo foi sabatinado pela Comissão de Assuntos Econômicos da Casa.

Galípolo foi dirigente do Banco Fator. Aproximou-se do grupo político de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, durante a campanha eleitoral, quando intermediou encontros do petista com operadores do mercado.

Já no governo, Gabriel Galípolo se tornou o braço direito do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foi secretário-executivo da pasta. É cotado para suceder a Roberto Campos Neto na presidência da autoridade monetária.

Lulistas têm aumentado a pressão para o Banco Central baixar a taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano. No Banco Central, Galípolo conviverá com diretores indicados no governo de Jair Bolsonaro.

O plenário do Senado aprovou também o nome de Ailton Aquino para a Diretoria de Fiscalização, por 42 votos a favor e 10 contrários. Os dois nomes foram aprovados mais cedo pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que sabatinou os dois indicados. Galípolo e Aquino são os primeiros diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A posse dos dois novos diretores ainda depende de procedimentos formais. Primeiramente, o Senado terá de enviar um comunicado à Presidência da República informando a aprovação. Em seguida, as nomeações serão publicadas no Diário Oficial da União para, só então, o BC marcar a solenidade de posse.

Os dois novos diretores, os primeiros a serem indicados pelo atual governo, participarão da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na primeira semana de agosto. Originalmente, a sabatina e a votação em plenário ocorreriam no último dia 27, mas foram adiadas em uma semana.

Defesa de reformas econômicas e do arcabouço fiscal

Durante a sabatina, Galípolo defendeu a atual agenda de reformas econômicas, como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, e disse que a melhor solução para controlar a dívida pública brasileira consiste em fazer a economia crescer mais. Esse caminho, declarou, aumentaria o Produto Interno Bruto (PIB) potencial, produção máxima que não faz crescer a inflação, e reduziria os juros de equilíbrio, taxa necessária para segurar os preços e não estimular nem desestimular a atividade econômica.

“Se a gente seguir com premissas de um crescimento potencial de 1,5% ou 1,6% e uma taxa de juros neutra de 4,5%, por mais sofisticados que sejam os modelos dos economistas, a relação dívida [pública]/PIB não vai apresentar um bom comportamento. A única solução, como também disse Roberto Campos Neto [presidente do BC], é crescer, e para crescer é preciso seguir com a agenda econômica enfrentada agora”, declarou Galípolo no início da sabatina.

Sobre as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aos juros básicos atuais, de 13,75% ao ano, o futuro diretor afirmou que o debate público não pode ser interditado. Para Galípolo, é necessária uma discussão sobre os movimentos da economia, tanto na esfera técnica como na esfera política. “

“Não cabe a nenhum economista, por mais excelência que tenha, impor o que ele entende ser o destino econômico do país à revelia da vontade democrática e dos seus representantes eleitos, que são os senhores [senadores]”, comentou Galípolo.

Servidor de carreira do BC e primeiro negro a ocupar um cargo de diretor no órgão, Aquino disse estar comprometido com os objetivos da autoridade monetária, que consiste em garantir a estabilidade de preços, a segurança do sistema financeiro, a redução da volatilidade na economia e o fomento ao pleno emprego (taxa em que o mercado de trabalho tem o mínimo de desemprego possível).

O novo diretor de Fiscalização também afirmou estar otimista com a economia brasileira, destacando a queda nas expectativas de inflação e os aumentos recentes nas estimativas de crescimento do PIB em 2023.

Quem é Gabriel Galípolo 

Gabriel Galípolo é mestre em economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e tem passagem tanto pelo setor público quanto pelo privado. É apontado por colegas como um negociador habilidoso com contatos no setor empresarial e financeiro e que gosta de trabalhar em equipe.

Conforme o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Galípolo tem bom trânsito no Congresso e tem feito negociações com o Parlamento, “sendo coautor de todas as políticas públicas endereçadas ao Congresso”.

Já foi chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo (2007) e diretor de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo (2008).

Na iniciativa privada, foi presidente do Banco Fator entre 2017 e 2021. Também é coautor do livro Manda Quem Pode, Obedece Quem tem Prejuízo, lançado pela Editora Contracorrente, sobre o funcionamento do mercado financeiro e a relação da economia com a política. Galípolo é ligado ao economista Luiz Gonzaga Belluzzo, amigo e um dos conselheiros do presidente Lula.

Na avaliação do economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, a nomeação de Galípolo para o BC é uma tentativa de aproximação entre o governo e a autarquia.

“Não vejo como tentativa do governo de mudar a postura do BC de dentro para fora, porque o Galípolo é um dos nomes mais alinhados ao mercado financeiro. Ele já foi presidente de banco e, quando foi nomeado para ser o número dois da Fazenda, a leitura foi de que era uma tentativa do PT de se aproximar do mercado financeiro”, afirma. “Mas, de qualquer forma, ele não vai poder, sozinho, mudar o direcionamento da política do BC.” (AE)

 

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