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Cenário global favorece valorização do real e crescimento do Brasil

No programa 'Papo de Especialista', José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados e Joaquim Levy, do Safra, analisam a economia global

“Não podemos deixar que visões ideológicas estreitas limitem o nosso crescimento”, afirma José Roberto Mendonça de Barros | Foto: Divulgação

O economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da consultoria MB Associados e ex-secretário de Política Econômica, avalia como positivo para a economia brasileira o cenário internacional, apesar da guerra na Ucrânia e das pressões inflacionárias que ela acarreta. Ele debateu o tema com o diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados no Banco Safra, Joaquim Levy, no programa ‘Papo de Especialista‘, disponível no canal do Banco Safra no Youtube.

Segundo Mendonça de Barros, no ano que vem o Brasil deve ter crescimento maior do que em 2023, mesmo com as expectativas para o PIB deste ano revisadas de 1% para pelo menos 2%. “Os preços das commodities cederam um pouco, mas isso ajudou o Brasil: o setor agrícola produziu mais, graças às condições climáticas favoráveis, e os preços continuaram favoráveis, apesar da queda, o que garantiu receita com exportações maior que a do ano passado, e isso derrubou o dólar, favorecendo a queda da inflação”, explica o economista.

“A safra boa já era esperada, mas foi espetacular, gerando uma injeção de renda que trouxe a surpresa para o PIB: a expectativa de crescimento do PIB em 2023 subiu de 1% para pelo menos 2%”.

Ele comenta que o cenário internacional ainda é difícil, mas o conjunto para o Brasil é bem razoável. “O País precisa ampliar sua participação no comércio internacional com uma lição que não podemos esquecer nunca: não podemos deixar que visões ideológicas estreitas limitem o nosso crescimento”.

Joaquim Levy concorda com a análise e destaca a importância do posicionamento diplomático do governo brasileiro. “É preciso saber levar uma agenda internacional com bastante equilíbrio e clareza, sem conflitos com ninguém, isso é muito importante para o País. Já fizemos isso e sabemos como fazer”.

Saiba mais

Ao analisar a economia dos Estados Unidos, José Roberto Mendonça de Barros destaca que o mercado imobiliário desacelerou, e o receio de crise bancária está ultrapassado. A economia americana caminha para a normalização, sem risco de alta. O Federal Reserve ainda deve promover uma ou duas altas de 0,25 ponto nos juros, afirma. “Existe boa chance de um pouso suave, sem risco de recessão, e a economia dos Estados Unidos deve crescer em 2024, sem risco de recessão”.

A perspectiva, segundo Mendonça de Barros, é de que a inflação deve convergir para a meta, ficando em 2% ao ano em 2025. O início do corte de juros deve ficar para o ano que vem. “A perspectiva é animadora para abril do ano que vem”.

Ele considera provável que a tecnologia traga novos avanços na área de inteligência artificial, favorecendo o problema da falta de mão de obra nos Estados Unidos.

Ele analisa as mudanças a indústria mundial e diz que boa parte do investimento das grandes empresas continua na Ásia, mas não mais na China. O investimento recente da Apple, por exemplo, concentra 25% da produção na Índia, e não mais na China. Ele destaca também a queda do crescimento populacional na China, o que também deve afetar o crescimento. “A China vai continuar a ser um forte parceiro do Brasil, mas outros países asiáticos devem ganhar importância”. A Índia quer alcançar exportações de US$ 1 trilhão, três vezes mais que o Brasil. “Um novo polo prestigiado pelo mundo”, reforça Joaquim Levy.

Cenário internacional favorece o crescimento do Brasil

Sobre a Europa, Mendonça de Barros afirma que um dos erros no passado foi a grande dependência da energia russa, mas ele destaca que a região foi muito competente em reduzir essa dependência durante a pandemia. “Em pleno inverno, a população conseguiu economizar 25% em média, e as empresas também conseguiram reduzir o consumo sem interromper a produção.

Apesar da guerra na Ucrânia continuar sem solução, o economista lembra que os países da região são ricos, muito avançados no processo de descarbonização, e estão muito mais próximos da economia do futuro que as demais regiões. “Eles vão ter de aumentar mais os juros e vão demorar mais para reverter o aperto monetário, mas estão avançando”.

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