close

Startups devem focar na simplificação de serviços e na segurança para crescer

Em conversa com Joaquim Levy, fundador da Mindset Ventures fala sobre verticais de crescimento e desafios do ecossistema startup

Para Daniel Ibri, da Mindset Ventures, há diferentes caminhos para startups que atuam nos nichos B2C e B2B validem sua ideia de negócio e conquistem a confiança de investidores

Empresas de tecnologia – principalmente as startups – que focam em simplificar e intermediar serviços, têm um mar azul pela frente na economia digital. Outra área importante de atuação nos tempos atuais é promover a segurança de dados.

A análise é de Daniel Unger Ibri, cofundador da Mindset Ventures, empresa de investimentos de venture capital em startups de Israel e EUA. Ele concedeu entrevista nesta quinta-feira, 10, ao diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, Joaquim Levy. A entrevista está disponível no canal do Banco Safra no Youtube.

Saiba mais

Na conversa, Levy e Ibri falaram sobre as principais demandas do mercado com relação à tecnologia e quais os caminhos que as startups, que são o foco principal de investimento da Mindset Ventures, podem atendê-las.

Para o nicho B2C (negócio para o consumidor), o executivo da Mindset diz que há duas tendências de negócios a serem explorados: a simplificação e a intermediação de serviços.

“Tudo o que eu consigo transferir do físico para o digital e simplificar a vida do consumidor, é um foco muito grande. Um bom exemplo é o iFood, que explodiu durante a pandemia. A Uber também, embora não seja uma inovação, mas uma simplificação do serviço de transporte”.

“No caso da intermediação, imagine que o Safra queira ter um pool de desenvolvedores na Polônia, onde há mão de obra qualificada para a tecnologia. Mas como remunerar as pessoas lá, como estar de acordo com as leis trabalhistas e tudo mais? É complexo para grandes companhias, mas há startups fazendo isso”, explica Ibri.

Já no caso do ambiente onde as empresas são as clientes (B2B), Levy e Ibri destacaram a carência de serviços e soluções que ajudem na manipulação e monetização de dados, além de elevar o nível de segurança da informação.

Abra sua conta

Segundo Ibri, uma demanda recorrente no meio corporativo é como "como oferecer coisas mais interessantes ao cliente, como me antecipar às demandas dele" utilizando dados já coletados. Nesse sentido, ele aponta as áreas de analytics e inteligência artificial como principais pontos a serem explorados.

No caso da segurança, Levy afirma que a área, principalmente no setor financeiro, é levada muito a sério e exige investimento significativo. Ibri reforça e afirma que "a impressão que a gente tem é que as startups estão sempre correndo atrás" dos novos métodos criminosos que surgem.

Em 2021, a cada segundo uma empresa brasileira recebeu uma tentativa de ataque hacker, conforme estudo da consultoria alemã Roland Berger.

"Vejo muita demanda no Brasil e pouco fornecimento. Mas em Israel, por exemplo, há um polo enorme de produção de cyber segurança. Muitos empresários saíram do exército e acabam transformando a experiência lá em negócio", conta o executivo da Mindset.

Mão de obra para a evolução da economia digital

Crente de que a máquina nunca substituíra o humano em todas as tarefas da vida, Ibri explica que um dos grandes desafios para fazer a economia com serviços voltados para o mundo digital decolar é formar talentos em tecnologia.

"O grande movimento que a gente tem que fazer não é substituir o humano pela máquina, mas qualificar o humano para trabalhos mais complexos e deixar os trabalhos mais chatos para a máquina".

Nesse sentido, o executivo diz que a escassez de mão de obra afeta, não só o Brasil, mas também mercados desenvolvidos como o estadunidense e o europeu.

Porém, a globalização do trabalho, acelerada pela pandemia de covid-19, é um fator que contribui para a busca de talentos em todo o mundo, uma vez que o tele trabalho "aumentou a competitividade pelo talento, porque agora é global".

Viabilidade do negócio e validação de ideias

Buscando trazer um norte aos empreendedores, Levy e Ibri comentaram sobre o que faz a diferença na hora de uma startup se destacar e ser escolhida para um aporte de uma empresa de capital de risco.

Nesse seara, o capital humano é o ponto que tem mais peso na hora da escolha. O cenário ideal do nível executivo de uma pequena empresa é onde há lideranças tanto técnicas quanto de gestão.

"No estágio de startup, com pouco faturamento, o critério principal é pessoas. Você tem que realmente acreditar que aquelas pessoas são capazes de executar e levar o negócio. É apostar muito mais no jóquei do que no cavalo", afirma Ibri.

A equação se completa, segundo Ibri, com critérios mais técnicos, como mercado de atuação, vantagem competitiva da startup e etc.

No entanto, ao analisar o potencial de uma startup, tanto investidores quanto grandes corporações devem se atentar novamente aos nichos B2C e B2B.

De acordo com Levy, "uma das áreas que temos no Safra é a de inovação, que busca boas empresas e startups, que tenham soluções para acelerar nossos processos".

Neste caso, a validação de uma ideia de negócio, que está dentro da esfera B2B, se dá pela continuidade da prestação de serviço ao banco, que remunera a prestadora pela utilização da solução.

Já para o B2C, a orientação principal aos empreendedores é focar na geração de valor através da imagem. "Neste caso é necessário trabalhar a marca, reforçar o próprio branding, uma vez que muitos serviços são ofertados gratuitamente. Depois, essas empresas vão ser vendidas ou abrir capital, muito pelo o que ela representa e não pelos resultados financeiros que elas geram", detalha Ibri.

ESG e o ecossistema que forma a economia digital

Ao final da conversa, Levy e Ibri falaram sobre a influência que o ecossistema de startups e a economia digital como um todo exerce sobre a agenda ESG, de sustentabilidade ambiental, social e de governança.

De forma objetiva, Ibri ainda vê essa agenda e o ambiente de inovação em rotas paralelas, com o ESG ainda distante das startups e empresas de capital de risco, mesmo tendo se tornado essencial a empresas de capital aberto.

Entretanto, o executivo da Mindset Ventures diz que há avanços com as climate techs (empresas que se dedicam a soluções que revertam as mudanças climáticas) e em startups com soluções para o agronegócio - cujo impacto das atividades no meio ambiente é direto.

Por fim, ele menciona ainda que diversos fundos de investimento e empresas têm apoiado o empreendedorismo social, que busca, não só o lucro, mas também o impacto social positivo.

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra