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Redução de estímulos econômicos nos EUA deve começar em 2022

Safra projeta início da compra de títulos pelo Federal Reserve em janeiro. Alta de juros deve ocorrer a partir do fim de 2022

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, o Fed (banco central dos EUA), que decidirá o início do tapering

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos | Foto: Divulgação/Fed

A ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) trouxe mais detalhes das discussões internas sobre o início do processo de redução da compra de títulos – o chamado tapering.

Em linha com os sinais deixados pela ata, o Banco Safra divulgou uma análise que projeta o início do processo somente em 2022.

Adicionalmente, a instituição projeta que o processo de alta dos juros deva se iniciar com o fim do tapering, estimado para final de 2022 e início de 2023.

Referências ao tapering na ata

No que tange o início, segundo o documento, a maioria dos membros indicou que, com a evolução esperada para a economia, seria apropriado iniciar o processo de redução das compras já em 2021.

O motivo seria a alta de inflação e a melhora do mercado de trabalho já representam avanço substancial.

No entanto, ainda há diversos membros que acreditam que somente seria apropriado começar o tapering no início de 2022.

Além disso, essas opiniões estão condicionadas ao impacto da variante delta.

Quanto ao ritmo de redução, ainda não há uma perspectiva clara, mas uma indicação de que poderá depender da data de início, ou seja, quanto mais cedo o processo iniciar, menor a velocidade de redução das compras.

Em termos de composição, a maioria indicou a intenção de reduzir tanto os MBS (títulos atrelados a empréstimo imobiliários) como os Treasuries.

Assim, a discussão sobre o tapering continua evoluindo dentro do Fed, mas ainda com incertezas sobre data de início e magnitude.

Emprego em foco

Quanto ao cenário econômico, o mercado de trabalho deverá ser o principal balizador das próximas decisões.

Os membros do Fed se mostraram preocupados com os atuais choques de oferta, motivados por desorganização nas cadeias de distribuição globais, e seus impactos ao longo de 2022.

Uma desancoragem das expectativas de inflação poderia tornar a tarefa do Fed mais complicada, indicando que há efeitos de segunda ordem na inflação.

No entanto, essa visão não é de consenso, dado que diversos membros observaram que a inflação corrente tem sido concentrada em poucos itens, que não afetariam a dinâmica de médio prazo da inflação.

Em relação ao mercado de trabalho, a interpretação é de que a melhora recente tem sido heterogênea em relação aos setores, demografia e faixas de renda, representando um desequilíbrio longe do objetivo do Fed.

Diversos fatores estariam afetando a oferta de mão de obra, e a normalização de alguns deles, em especial dos benefícios de seguro-desemprego, poderiam trazer fortes alterações ao mercado de trabalho.

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Assim, como a inflação deve permanecer alta até o final de 2021, a recuperação do emprego, da taxa de participação e da renda do trabalho serão as principais variáveis a influenciar a decisão sobre o início do tapering.

A ata reforça ainda o discurso de que a normalização da taxa de juros é um processo independente da redução da compra de ativos.

O início do tapering depende de uma melhora substancial na inflação e no mercado de trabalho, sendo que na primeira variável essa condição parece já ter sido alcançada.

Quanto ao início da normalização da taxa de juros, os objetivos são uma inflação um pouco acima da meta e uma melhora homogênea e ampla do mercado de trabalho, a ponto de gerar pressões sustentadas de preços.

Nesses casos, o Fed entende que somente alcançará esses objetivos ao longo de 2022.

Assim, o início do tapering não seria uma indicação de proximidade da alta de juros.

Além disso, os membros do Fed indicaram que não há uma ligação mecânica entre as duas políticas, depende de uma avaliação qualitativa e assimetria de riscos.

E a indicação é de que os riscos continuam viesados pelo lado negativo, com a possibilidade de impactos da variante delta na reabertura da economia, além das incertezas sobre a inflação e sua sustentabilidade ao longo do tempo.

Tapering e os juros

Sendo assim, a perspectiva do Safra é de que o tapering comece somente em janeiro de 2022, e as altas de juros assim que o processo for encerrado.

Apesar da maioria sinalizar a perspectiva de iniciar a redução das compras já esse ano, a visão do banco é de que a inflação nos EUA já iniciou um processo de desaceleração na oscilação mensal.

Isso deve continuar nos próximos meses, especialmente dada a recente queda nos preços das commodities e apreciação do dólar.

Além disso, as dúvidas sobre o mercado de trabalho somente serão sanadas a partir de outubro, quando termina o principal programa de seguro-desemprego.

Saiba mais

Dessa forma, o Safra entende que a pressão interna pelo início do tapering irá diminuir nos próximos meses.

Dito isso, caso seja antecipado, a projeção é de que isso ocorra na reunião de dezembro 2021, o que não representaria uma grande mudança de cenário.

Quanto à taxa de juros, apesar dos esforços do Fed, é forçoso assumir que o início do tapering reflete maior confiança no cenário corrente, e com isso aproxima a data da normalização da taxa de juros, diz o Safra.

Com o hiato de produto fechado já em 2021, diferente do que ocorreu com pós-2008, o Safra enxerga o movimento de alta de juros começando entre o final de 2022 e início de 2023, assim que forem encerradas as compras de títulos.

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