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Taxa de desemprego do País deve se estabilizar em 2022

Consumo fraco, inflação alta e reabertura econômica estabilizada contribuem para manutenção do mercado de trabalho

Perspectiva de baixo para cima de calçada molhada em São Paulo com pessoas caminhando e prédios ao fundo, alusivo ao desemprego no Brasil

Segundo o Safra, mercado de trabalho deve se manter no patamar atual e pode até se deteriorar um pouco mais a depender de fatores como o aumento da força de trabalho em busca de uma vaga | Foto: Getty Images

Após as divulgações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Banco Safra atualizou as projeções para a a situação do desemprego no Brasil neste ano.

Conforme a instituição, o mercado de trabalho deve se manter no patamar atual até o fim de 2022. Além disso, a situação pode se deteriorar um pouco mais a depender de fatores como o aumento da força de trabalho em busca de uma vaga.

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Recentemente, o Caged divulgou que foram criadas 329 mil vagas de empregos formais em fevereiro. A Pnad Contínua, por sua vez, registrou uma taxa de desemprego no Brasil de 11,2%.

Segundo o Safra, a diminuição da força de trabalho explica a queda da taxa de desemprego no trimestre finalizado em fevereiro reportada pelo IBGE. O banco projetava 11,5% e o consenso de mercado, 11,4%.

Após ajuste sazonal, a taxa de desemprego foi de 11,3% em fevereiro, menor número desde 2016. Ainda na série com ajuste sazonal, foram registradas 94 milhões de pessoas ocupadas, um aumento de 128 mil em relação à última publicação.

Por outro lado, a piora da pandemia em fevereiro e o pagamento do Auxílio Brasil conduziram a uma queda de 114 mil pessoas na força de trabalho, possibilitando a redução da taxa de desemprego.

De fato, a taxa de participação – o número de pessoas economicamente ativas em relação à população em idade de trabalhar – recuou para 61,5% em fevereiro, nível baixo para a série.

Caso a taxa de participação estivesse na média histórica (63%), a taxa de desemprego seria de 13,5% ajustada sazonalmente.

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Sinais contrários sobre o desemprego

Olhando para o emprego formal, o Caged e a PNAD mostraram sinais contrários para fevereiro.

O Cadastro Geral de Empregos (Caged) registrou a criação de 329 mil vagas no mês, número acima do esperado pelo Safra e pelo mercado (221 e 202 mil vagas, respectivamente).

Considerando a série dessazonalizada por setor, houve geração de 186 mil vagas, em linha com a média dos últimos meses. Dentre as categorias, houve criação de emprego em sete dos oito setores, na série com ajuste sazonal. A exceção veio de Administração Pública, em que foram fechadas por volta de 1,3 mil vagas no mês.

Por outro lado, a Pnad Contínua não mostrou aumento da população ocupada em trabalhos formais no trimestre findado em fevereiro.

Foi registrada, inclusive, uma queda por volta de 25 mil vagas, na série com ajuste sazonal. Nos detalhes abaixo, é possível ver que essa redução veio dos trabalhadores por conta própria, cujo número começou a diminuir nos últimos seis meses.

Outra queda foi a do número de empregados no setor público, confirmando o achado nos dados do Caged. Enquanto isso, os empregos informais apresentaram pequena alta no mês.

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Por fim, o rendimento real médio habitual da população ocupada ficou praticamente estável, passando de R$ 2.518 para R$ 2.519, na série com ajuste sazonal.

Importante ressaltar que o rendimento real, ao fim de 2021, estava em seu nível mais baixo desde o começo da série histórica, março de 2012, não obstante o significativo aumento nominal do salário-mínimo em janeiro, refletido no aumento do rendimento nominal.

A inflação do ano, que alcançou 10,1% no ano passado, corroeu o poder de compra da remuneração do trabalhador.

A massa salarial por seu lado apresentou crescimento de 0,3% devido ao crescimento da população ocupada, mas permanece 7,3% abaixo do nível de fevereiro de 2020.

Olhando à frente, o Safra não vê muito espaço para uma grande melhora do mercado de trabalho em 2022.

O crescimento do emprego, por conta da reabertura da economia já tendo cumprido seu curso, e a fraqueza do consumo, devido à inflação e à resposta da política monetária, apontam para uma estagnação na geração de emprego ao longo do ano.

A taxa de desemprego deve ficar por volta do patamar atual, ou até piorar um pouco, caso a taxa de participação da população na força de trabalho venha a subir.

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