Trombose pode surgir até um mês após alta da covid
Segundo pesquisa, 39% dos profissionais de saúde relataram ao menos um caso em pacientes que que tiveram covid-19 em 2020
29/03/2021Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular identificou que 39% dos profissionais dessa área atenderam pelo menos um caso de trombose venosa ou embolia em pacientes que testaram positivo para covid-19 em 2020.
“Já foi estudado e comprovado que chega a ser três vezes maior a incidência de tromboembolismo venoso em pacientes com covid-19 severo, mesmo quando comparado com outros pacientes graves em ambiente de UTI, mas que não possuem a doença infecciosa”, relata o cirurgião vascular Ivan Benaduce Casella, membro da Comissão de Tromboembolismo Venoso da entidade.
Inflamaçao leva à formação de coágulos
O especialista explica que, principalmente em casos moderados e graves, há um grande processo inflamatório no organismo que, consequentemente, leva à formação de trombos (coagulações de sangue no interior do vaso sanguíneo).
Por isso, pessoas com pré-disposição à trombose, quando diagnosticadas com covid-19, precisam de acompanhamento com angiologista ou cirurgião vascular, para evitar a coagulação excessiva durante a infecção.
Ex-pacientes de covid-19 devem ficar atentos
Segundo o médico, é importante que esses pacientes, durante o quadro do novo coronavírus, mantenham supervisão da especialidade mesmo após a sua recuperação.
“Para quem teve covid-19, particularmente nas formas mais severas, há uma tendência de risco de eventos de trombose venosa nas quatro semanas após o período de recuperação.
Então, essas pessoas devem prestar atenção a edemas (inchaço) unilaterais (de uma única perna) ou sintomas súbitos ventilatórios (falta de ar ou dor torácica).
Covid-19 pode obstruir artérias
Cirurgião vascular e responsável pela pesquisa sobre a relação entre a trombose e a covid-19, Marcelo Calil Burihan afirma que casos de entupimento das artérias aumentaram em decorrência da covid-19.
“Muitas obstruções arteriais de membros superiores [braços, antebraços e mãos] estão ocorrendo em maior proporção, assim como dos membros inferiores”, diz.
“Os sintomas mais comuns nesses casos agudos são dor lancinante [pontadas, fisgadas internas], frialdade e palidez da extremidade acometida”, explica. (Agência Brasil)