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UBS compra o rival Credit Suisse por US$ 3,25 bilhões

Junção do UBS com o Credit Suisse, fundado há 167 anos, forma instituição financeira com cerca de US$ 5 trilhões em ativos

Fachada do Credit Suisse

Esta semana o Credit Suisse recebeu socorro de US$ 54 bilhões do banco central da Suíça | Foto: Getty Images

O banco UBS (UBS) anunciou a compra do Credit Suisse por US$ 3,25 bilhões, em uma transação com troca de ações, informou o Financial Times, citando fontes com conhecimento direto da transação. A combinação dos dois arquirrivais suíços vai resultar em um banco com mais de US$ 5 trilhões em ativos totais espalhados pelo mundo. Será o terceiro maior da Europa neste segmento, e o 11º no ranking mundial de gestão de recursos de terceiros, segundo estimativa do próprio UBS.

O Credit Suisse aceitou a proposta e os acionistas receberão uma ação do UBS para cada 22,48 ações do Credit Suisse. A ação do Credit Suisse foi avaliada em 0,76 francos.

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A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, elogiaram os anúncios das autoridades suíças para apoiar a estabilidade financeira após o UBS ter chegado a um acordo para comprar o Credit Suisse por 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,25 bilhões) neste domingo, 19. O acordo foi costurado pelas autoridades suíças, e o presidente do país, Alain Berset, confirmou a aquisição em entrevista coletiva.

O BC da Suíça vai fornecer um empréstimo de 100 bilhões de francos suíços (US$ 108 bilhões) apoiados por uma garantia de inadimplência federal para apoiar a venda do Credit ao UBS, que deve ser concluída até o fim do ano.

“Saudamos os anúncios das autoridades suíças hoje para apoiar a estabilidade financeira. As posições de capital e liquidez do sistema bancário dos EUA são fortes, e o sistema financeiro norte-americano é resiliente. Mantivemos contato próximo com nossas contrapartes internacionais para apoiar a sua implementação”, disseram Yellen e Powell, em comunicado.

O The Wall Street Journal informou que o Swiss National Bank ofereceu ao UBS cerca de US$ 100 bilhões em liquidez para ajudá-lo a assumir as operações do Credit Suisse, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

O acordo teria sido costurado por reguladores suíços para evitar que o desmoronamento da confiança nos bancos se espalhe, segundo fontes. As autoridades suíças buscavam um anúncio do negócio antes da abertura dos mercados asiáticos.

O UBS fará teleconferência com analistas para comentar a compra do Credit Suisse neste domingo, 19, às 22 horas no horário da Europa Central (CET, na sigla em inglês), 18 horas de Brasília.

O UBS comunicou que concordou em comprar o Credit Suisse após um fim de semana de conversas intensas capitaneados pelos órgãos reguladores financeiros da Suíça.

A venda das operações globais do Credit já era esperada e ganhou força em reação à crise desencadeada após o seu principal acionista, o Saudi National Bank, sinalizar que não concederia mais fôlego financeiro ao banco suíço no futuro caso fosse necessário. Uma restrição regulatória e estatutária o impede, porém, de elevar a sua fatia para mais de 10% no Credit.

Na sequência, o Credit anunciou que teria apoio de uma linha de até 50 bilhões de francos suíços, o equivalente a quase R$ 285 bilhões, por parte do Banco Nacional da Suíça (SNB, o banco central do país).

A ação, porém, veio tardia e não foi suficiente para estancar as perdas e os temores de investidores, com o Credit Default Swap (CDS) do conglomerado, um instrumento financeiro que investidores usam para se proteger de calotes, do Credit Suisse renovando as máximas históricas. O CDS muito alto indica que investidores atribuem probabilidade elevada de falência do banco.

Crise do Credit Suisse mobiliza grandes bancos e autoridades monetárias

As ações de muitos bancos, incluindo o recentemente resgatado credor de médio porte First Republic, retomaram sua queda vertiginosa, apagando os ganhos do dia anterior, que proporcionaram um breve momento de calma durante uma semana tumultuada.

Na quinta-feira, o First Republic Bank, cujo preço das ações despencaram este mês, anunciou um pacote de resgate de US$ 30 bilhões. O banco também suspendeu seus dividendos e disse que tomaria medidas para reduzir sua dívida.

Quatro nomes célebres nas finanças americanas – JPMorgan Chase, Bank of America, Citigroup e Wells Fargo – concordaram em cada um colocar US$ 5 bilhões em depósitos não segurados com a First Republic. O Goldman Sachs e o Morgan Stanley, pilares de Wall Street, lançaram US$ 2,5 bilhões cada, e cinco bancos regionais menores acrescentaram US$ 1 bilhão cada.

Na quinta-feira, em Zurique, o Credit Suisse anunciou que havia obtido uma ajuda de US$ 54 bilhões do banco central da Suíça. O Credit Suisse foi atingido por anos de erros e controvérsias que lhe custaram dois executivos-chefes em três anos. As ações do banco suíço de 166 anos caíram para uma mínima recorde antes de se recuperar um pouco.

Novos dados do Federal Reserve divulgados na quinta-feira mostraram que os bancos tomaram emprestado quantidades recordes de fundos de emergência do banco central, aproveitando as instalações existentes e um novo programa para reforçar a liquidez que foi anunciado após a quebra do Silicon Valley Bank e do Signature Bank. (Com AE)

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