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Pela 1ª vez no ano, vacinas freiam alta de mortes em todos os Estados

Dados mostram melhora nos indicadores em todo o País, mas patamares ainda são altos, advertem pesquisadores da Fiocruz

Mulher acaba de ser vacinada

Segundo pesquisadores da Fiocruz, avanço da vacinação especialmente nos grupos mais vulneráveis está contendo avanço de mortes e casos no País | Foto: Getty Images

Pela primeira vez neste ano não houve aumento das taxas de incidência de casos ou de mortes por covid-19 em nenhum dos Estados, segundo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com base em dados da semana de 20 de junho e 3 de julho.

O boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz destaca que o Brasil registrou tendência de melhora nas taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS) pela quarta semana consecutiva, com o avanço da vacinação dando prioridade aos mais vulneráveis.

Nas duas últimas semanas foram observadas quedas no número de casos novos e no número de óbitos. Segundo a Fiocruz, ainda não não está claro se a tendência é sustentada e vai ser mantida ao longo das próximas semanas. Ainda há risco de que o País esteja vivendo um período de flutuação sem sair do alto patamar de transmissão que já dura desde março em todo o país.

Mesmo com redução expressiva no número de casos, as taxas de incidência de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) ainda são muito altas em vários estados. Em sua maioria, esses números indicam casos graves de Covid-19.

Os pesquisadores afirmam que os padrões observados nos últimos meses evidenciam uma redução da taxa de mortalidade, parâmetro não acompanhado pela taxa de incidência. Esse cenário pode ser resultado do avanço da campanha de vacinação, que atingiu os grupos mais vulneráveis em um primeiro momento.

Contágio nos Estados avança sobre mais jovens

Os avanços vão configurando novos cenários, segundo a Fiocruz. No momento atual, o curso da pandemia segue com mudança gradativa do perfil etário de casos internados e óbitos.

O rejuvenescimento, com expressiva concentração entre a população adulta jovem, traz novos desafios com relação às formas de enfrentamento da pandemia, como os relacionados a garantia da cobertura vacinal no maior estrato populacional do Brasil (30 a 59 anos), e reconhecer situações específicas de vulnerabilidade, requerendo abordagens mais adequadas às novas faixas etárias, e um aprofundamento das discussões sobre a repercussão da pandemia nestes estratos populacionais.

Ainda em relação ao rejuvenescimento, o novo boletim da Fiocruz traz resultados sobre a percepção de jovens de diferentes regiões e realidades sociais sobre os efeitos da pandemia em suas vidas e na sociedade, com resultados que vão na contramão do efeito de culpabilização dos jovens.

Taxas de ocupação de leitos

O boletim da Fiocruz demonstra que a maioria dos estados apresentou queda substantiva no indicador, com destaque para as mudanças nos quadros de Tocantins (90% para 71%) e Sergipe (88% para 56%), que migraram da zona de alerta crítico para a zona de alerta intermediário e para fora da zona de alerta, respectivamente.

Em outros 14 estados, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 caíram pelo menos cinco pontos percentuais: Acre (37% para 26%), Pará (63% para 55%), Amapá (55% para 50%), Piauí (76% para 69%), Rio Grande do Norte (72% para 57%), Paraíba (59% para 49%), Pernambuco (76% para 63%), Alagoas (77% para 66%), Bahia (75% para 70%), Minas Gerais (75% para 70%), Paraná (94% para 89%), Santa Catarina (92% para 85%), Mato Grosso do Sul (88% para 74%) e Goiás (85% para 74%).

Com queda de quatro pontos percentuais, o Rio de Janeiro saiu da zona de alerta, com a taxa de ocupação caindo de 63% para 59%. No Maranhão a taxa caiu de 79% para 75% e em São Paulo de 76% para 72%. O Distrito Federal tem mantido o indicador relativamente estável, um pouco acima de 80%.

Apenas Roraima tem ocupação de UTI acima de 90%

Pela primeira vez em meses, somente um estado, Roraima (97%), apresenta taxa de ocupação superior a 90%. Também na zona crítica, com taxas entre 80% e 89%, encontram-se mais dois estados: Paraná (89%) e Santa Catarina (85%) e o Distrito Federal (82%). Quinze estados estão na zona de alerta intermediário (≥60% e <80%): Amazonas (62%), Tocantins (71%), Maranhão (75%), Piauí (69%), Ceará (73%), Pernambuco (63%), Alagoas (66%), Bahia (70%), Minas Gerais (70%), Espírito Santo (63%), São Paulo (72%), Rio Grande do Sul (79%), Mato Grosso do Sul (74%), Mato Grosso (76%) e Goiás (74%). Oito estados estão fora da zona de alerta: Rondônia (59%), Acre (26%), Pará (55%), Amapá (50%), Rio Grande do Norte (57%), Paraíba (49%), Sergipe (56%) e Rio de Janeiro (59%).

Seis capitais estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 iguais ou superiores a 80%: Boa Vista (97%), São Luís (83%), Rio de Janeiro (83%), Curitiba (85%) Goiânia (85%) e Brasília (82%). Onze capitais estão na zona de alerta intermediário, com taxas iguais ou superiores a 60% e inferiores a 80%: Porto Velho (69%), Manaus (62%), Tocantins (71%), Teresina (sem informação direta; número estimado em torno de 66%), Fortaleza (74%), Salvador (62%), Belo Horizonte (63%), Vitória (64%), São Paulo (66%), Porto Alegre (69%) e Campo Grande (78%). Dez capitais estão fora da zona de alerta: Rio Branco (28%), Belém (51%), Macapá (56%), Natal (53%), João Pessoa (48%), Recife (56%), Maceió (57%), Aracaju (58%), Florianópolis (52%) e Cuiabá (61%).

Vacinação chaga a 45% da população adulta

O estudo da Fiocruz aponta que o país vacinou mais de 45% da população adulta com pelo menos uma dose de vacina e cerca de 16% com as duas doses. Os pesquisadores alertam que falhas operacionais no SUS podem resultar em atraso no registro das doses aplicadas.

Segundo os cientistas do Observatório covid-19 da Fiocruz, o sucesso do Plano Nacional de Imunização depende da adoção de estratégias mais adequadas de comunicação, além de melhor coordenação e planejamento. Também é destacado que o surgimento de variantes continua sendo uma ameaça, com potencial de reduzir a efetividade das vacinas disponíveis.

Onze estados apresentaram percentual de vacinados com esquema completo inferior à média nacional, com destaque para Maranhão, Paraná, Rondônia e São Paulo. No Boletim ainda consta que a falta de coordenação nacional fez com que estados e municípios adotassem critérios próprios quanto aos grupos prioritários. Em algumas localidades, inclusive, o calendário de vacinação foi adiantado e por isso faltaram imunizantes para a aplicação da segunda dose.

“O adiantamento da vacinação sem a segurança de doses disponíveis pode causar uma situação de frustração ou até mesmo o deslocamento de pessoas em busca de vacina, sobretudo em busca da segunda dose, caso se adiantem as primeiras doses e ocorra algum problema no cronograma de entrega de vacinas”, ressaltam.

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