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Ibovespa cai 2,1%, a 103,4 mil pontos e bate menor nível em um ano

Baixa do principal índice de ações da B3 culminou no menor patamar de fechamento desde novembro de 2020. Risco fiscal pesa

Imagem de baixo para cima de telão interno na B3, onde é negociado o índice Ibovespa

No pior momento, o Ibovespa foi aos 102.835,17 pontos (-2,63%), menor nível intradia desde 13 de novembro (102.508,77) do ano passado | Foto: Divulgação/B3

Com a aversão ao risco fiscal que não poupa as empresas e setores de maior peso no índice, o Ibovespa acentuou perdas ao longo da tarde desta quinta-feira, 4, abaixo dos 103 mil pontos.

Ao final do pregão, a baixa final ficou em 2,09%, aos 103.412,09 pontos, menor nível de fechamento desde 12 de novembro de 2020 (102.507,01), há quase um ano.

No pior momento, foi aos 102.835,17 pontos (-2,63%), menor nível intradia desde 13 de novembro (102.508,77) do ano passado.

PEC dos Precatórios

A aprovação na madrugada desta quinta-feira da PEC dos Precatórios por uma margem de apenas quatro votos em relação ao mínimo exigido para uma emenda constitucional dá uma ideia das dificuldades que o governo enfrentará especialmente quando a proposta chegar ao Senado, onde a resistência tem se mostrado ainda maior.

Mesmo com costura política liderada até o último minuto pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foram obtidos apenas 312 votos no primeiro turno, e Lira não levou adiante a disposição de definir o segundo turno na mesma madrugada, como chegou a dizer que faria, no fim da noite de quarta, antes da votação.

O afastamento do MDB, que costuma votar com o governo, e a necessidade de aproximação com alguns governadores de oposição (BA, CE e PE) em concessão sobre os precatórios do Fundef, bem como ao PDT para alcançar o mínimo de votos necessários, deixou evidente a desintegração da base aliada, sempre instável desde o começo do governo.

Assim, na falta de clareza sobre como permanecerá o quadro fiscal em ano eleitoral, o dia foi de pressão sobre os ativos brasileiros.

Nesta quinta, o Ibovespa chegou na máxima aos 105.626,72 pontos, com abertura a 105.616,88.

O giro foi de R$ 35,7 bilhões na sessão e, na semana, o Ibovespa passa a acumular agora leve perda de 0,09% neste começo de novembro, cedendo 13,11% no ano.

Tendência negativa para o Ibovespa

Após duas sessões de recuperação parcial nesta semana, o Ibovespa retoma a trajetória negativa vista no intervalo de quatro sessões entre 26 e 29 de outubro, quando colheu duas perdas diárias acima de 2%.

“A tendência é o mercado continuar piorando. Mesmo com a votação, o texto é ruim: em dez anos, o rombo de precatórios pode chegar a R$ 1 trilhão. Vai jogando a dívida pra frente e ficando impagável”, diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

“Já se fala muito de o Brasil ter nota rebaixada, fora a Selic alta, e com fuga de capital. Tem recessão à frente”, acrescenta, apontando que alguns partidos estão criando formas para se evitar a votação da PEC em segundo turno, na terça-feira.

“O melhor cenário agora para o Brasil é o menos pior, a aprovação da PEC, embora não tenha o desenho ideal, flexibilize regras fiscais para viabilizar o Auxílio Brasil. Mas o mercado já estava precificado para aprovação dessa PEC. Sem ela, o governo volta à estaca zero, sem o teto e precisando colocar em prática o programa social, o que abriria caminho para prorrogação do auxílio emergencial por medida provisória. Isso elevaria a incerteza do cenário”, contrapõe Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

A PEC “talvez seja o mal menor”, conclui a economista, ressalvando que a solução encontrada é “uma bomba para o futuro”.

“O drible no teto (de gastos) acarreta perda de credibilidade do País, em arranjo visando 2022. Nos próximos anos, até 2026, pode haver um acúmulo de dívidas perto de R$ 170 bilhões. Além da margem para o Auxílio Brasil, há os arranjos para angariar apoio ao governo na disputa (eleitoral)” do próximo ano, observa Everton Medeiros, especialista da Valor Investimentos.

Segundo plano

Com o foco na política e nas consequências para a situação fiscal, fatores que poderiam ter contribuído positivamente na sessão, como o leilão do 5G, ficaram em segundo plano.

Adicionalmente, o dia foi também de correção negativa para os preços do petróleo, após a Opep+ ter decidido manter a diretriz de aumento gradual da oferta da commodity.

Além de Petrobras (ON -2,95%, PN -3,17%), o dia foi ruim para os grandes bancos (Itaú PN -5,28%, Bradesco PN -6,62%), na sequência do balanço do Itaú, divulgado na noite anterior.

“Os bancos mostraram reação negativa ao balanço do Itaú. O CEO (da instituição) vê piora da inadimplência em 2022 e falou em alta do custo do crédito, em entrevista após anunciar lucro recorrente de R$ 6,78 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 35% na comparação anual. O retorno médio sobre o patrimônio subiu para 19,7% no período, de 15,7% um ano antes”, observa em nota a Terra Investimentos.

Na ponta positiva do Ibovespa, destaque para:

  • Getnet (+5,28%)
  • Minerva (+3,68%)
  • Marfrig (+3,60%)
  • JBS (+3,05%)
  • Raia Drogasil (+1,80%)

Na face oposta do índice, ficaram os seguintes ativos:

  • Rede D’Or (-8,17%)
  • Ultrapar (-8,09%)
  • Cogna (-7,96%)
  • Banco Pan (-7,74%) (AE)

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