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‘A melhor dieta é a feita em família’, ensina nutricionista

Conhecida por cuidar da forma de atletas de alto desempenho e executivos, Andryely Pedroso ensina como emagrecer fazendo escolhas simples

Crianças participam da dieta

Segundo especialista, as crianças costumam aderir a mudanças para hábitos melhores com facilidade, estimulando os adultos | Foto: Getty Images

Ninguém faz nada sozinho, nem emagrecer. O conceito muito valorizado na pandemia em que todos de alguma forma precisaram juntar esforços para atravessar a crise, virou espinha dorsal do trabalho da nutricionista Andryely Pedroso, a primeira nutricionista no Linkedin Top Voices do Brasil, desde 2020.

Mestranda em Nutrição e personal diet de atletas e executivos, a catarinense se tornou influenciadora digital do tema, com a apresentação de soluções de sucesso para pessoas com estilos de vida diferentes e sem tempo para se dedicar à forma física.

“Existem dezenas de protocolos testados com sucesso para processos de emagrecimento”, diz ela. “A questão é entender o que pode funcionar melhor para o estilo e o momento de vida de cada um.”

Perder peso requer alicerce emocional

“Quando você entra na casa das pessoas, entende os muitos gatilhos que impedem o sucesso de um programa de emagrecimento. A dinâmica familiar é hoje, ao meu ver, uma das ferramentas mais eficazes para a melhora e a manutenção da forma física com saúde. A família é o mais poderoso alicerce emocional para quem quer ou precisa perder peso”.

A nutricionista ressalva que não se trata de colocar todo mundo em restrição alimentar. “São substituições de hábitos, de ingredientes em receitas, de horários e atividades que devem sempre valorizar a convivência entre os integrantes da família.”

Andryely conta que as crianças são tão aderentes que acabam influenciando os adultos. “Elas se sentem fazendo o bem quando participam, por exemplo, do preparo de uma receita em que o açúcar é substituído por uma fruta picada, por proteína de leite ou algum cereal integral. Começam a escolher e pedir por cardápios mais naturais. É um estimulo para os pais que estão mudando também os seus hábitos”.

Voltar à mesa

A nutricionista afirma que o esforço em compartilhar as refeições pode ser o início de uma melhora na onda de aumento de peso geral na população durante a crise sanitária. Segundo o IBGE, o Brasil tem 20% da população obesa. Da população geral mais de 19% ganhou ao menos 2 quilos desde o início da crise sanitária.

“Durante o isolamento social, a tendência das famílias, que nunca tinham convivido dessa maneira, foi de criar rotinas paralelas, até mesmo para compensar uma eventual sensação de perda de individualidade. Mas com o passar dos meses, ficar cada um em um cômodo diante de telas e fazer as refeições em frente a elas se tornou um inimigo da saúde.”

Ela recomenda um planejamento semanal, a partir dos horários de todos. “Para quem não tem tempo de cozinhar, existem hoje centenas de serviços de entregas de refeições saudáveis, com todos os nutrientes explicados nas embalagens. Recomendo muito os congelados desse tipo para quem tem pouco tempo.”

Ela também ensina que, em geral, um prato saudável e equilibrado tem a metade ocupada por legumes e verduras, um quarto por carboidratos integrais e um quarto por proteína (magra, para quem quer emagrecer). “Para quem não consumir proteína de origem animal, sugiro que dois quartos do prato sejam ocupados pelo sempre excelente arroz com feijão”. O mesmo sugere o Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde em 2014.

A dieta certa leva em conta o modo de vida

As dietas da moda, que funcionam para uns, nunca terão o mesmo resultado para todos. Um exemplo é a tão em voga estratégia do jejum intermitente. “É um programa muito eficaz para alguns, mas pessoas que trabalham com picos de estresse, por muitas horas e pouco descanso, a chance de não dar certo é muito grande”, alerta (leia abaixo).

“O processo de aumentar muito o intervalo entre as refeições torna as rotinas estressantes mais difíceis. Colocar o indivíduo em situação desconforto não é apenas prejudicial para seu bem-estar. Tende a levar a atitudes compensatórias, como ingerir alimentos mais calóricos no momento em que é permitido comer. Isso levará ao aumento de peso e à perda de saúde.”

A sugestão para quem trabalha das 7h às 19h, por exemplo, é “quebrar” as refeições em intervalos de 3 horas, não excluindo os carboidratos, aumentando proteínas e fibras e, para perder gordura corporal e tonificar os músculos, acrescentar atividade física à noite. “É também importante prestar atenção nas calorias invisíveis, como molhos prontos e barras de cereal. Sempre verifique os ingredientes e a quantidade calórica antes de optar por uma refeição ou lanche”, aconselha.

Ao contrário de dietas que ficaram famosas, como a mediterrânea (leia abaixo), a profissional prefere que seus clientes evitem a bebida alcoólica, inclusive o vinho. “O vinho tem moléculas de etanol como a cerveja ou a caipirinha. Como o excesso de gordura, elas causam o que chamamos de inflamação crônica de baixo grau, se consumidas cotidianamente, o que prejudica a perda de peso e o organismo em geral, inclusive a imunidade.”

O que é a dieta do jejum intermitente

Consiste basicamente no aumento dos intervalos entre as refeições, para que o organismo use a gordura corporal para obter energia. Deve ser feita em etapas. Alguns protocolos chegam a intervalos de até 36 horas, sendo permitido nesses momentos apenas o consumo de bebidas não calóricas como água, chás ou café sem açúcar. “Eu não chego a intervalos de mais de 16 horas, quando a opção é por este protocolo”, diz Andryely.

A nutricionista chama a atenção para o risco de submeter o organismo cansado à privação prolongada de alimento. “Algumas pessoas podem desenvolver impulsão alimentar (comer sem controle) para ter a sensação de compensar o corpo pela restrição. E a impulsão, se recorrente, pode se tornar uma compulsão alimentar, que é um distúrbio.”

O que é a dieta mediterrânea

É o estabelecimento de um cardápio baseado em alimentos e preparos típicos das regiões banhadas por esse oceano, como litorais da Itália, Grécia e Sul da França e da Espanha. Aposta em um incremento grande das vitaminas do grupo B (que Andryely também recomenda), provenientes de peixes e frutos, e é famosa em todo o mundo pelo grau de aderência e a melhora dos índices de colesterol e glicemia nos diabéticos do tipo 2. O cardápio é bastante variado e prioriza alimentos naturais, valoriza as gorduras saudáveis, como azeite e oleaginosas. Permite o consumo moderado de vinho.

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