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O que explica a maior sequência de quedas do Ibovespa em meio século

Além da incerteza sobre a desaceleração da China e juros nos EUA, cresce a preocupação com o plano fiscal do governo

Ibovespa em quedas

Aperto adicional nos juros nos EUA para garantir a convergência da inflação para a meta representa risco de queda adicional para a atividade no Brasil | Foto: Getty Images

O Ibovespa fechou em queda nesta quarta, 16, pela 12.ª vez consecutiva, o que não ocorria havia 53 anos. A principal referência da B3 encerrou o pregão em baixa de 0,5%, aos 115.591,52 pontos, após chegar à máxima de 117.337,65 durante o dia. Para especialistas, diversas razões justificam a sequência negativa, sendo duas referentes ao campo externo – incertezas em relação à economia chinesa e piora nas Bolsas de Nova York, com a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) – e no plano doméstico onde persistem as dúvidas em torno da votação do arcabouço fiscal e da proposta de Orçamento para 2024.

“Além de toda incerteza em relação à economia chinesa, com efeito direto sobre as commodities, há ainda atenção ao fiscal no plano doméstico, com a expectativa para a votação do arcabouço e também para a proposta de Orçamento de 2024. E, nos Estados Unidos, há também a questão dos juros e o efeito sobre a economia e as empresas”, disse Gustavo Harada, especialista em renda variável da Blackbird Investimentos, ao comentar a sequência de quedas do Ibovespa.

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Ibovespa reage à ata do Fed cenário de juros nos EUA

“A ata (do Fed) trouxe muitos detalhes sobre o desenrolar do cenário econômico por lá, e os diretores do Fed estão vendo ainda riscos de alta na inflação. Eles citam a possibilidade de aperto adicional nos juros para garantir a convergência da inflação para a meta, o que representaria risco de queda adicional para a atividade econômica”, observou Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

Cauê Pinheiro, especialista do Safra, reitera que as sinalizações da ata foram vetores de queda de mercados pelo mundo e adiciona dois outros fatores que podem ter impactado as bolsas de valores. “S&P fechou com baixa de quase 0,8% e o Ibovespa acompanhou esse movimento. Além disso, o Yield das treasures atingiu o maior patamar dos últimos 16 anos, desde 2007, e isso trouxe um receio para os mercados e refletiu nas bolsas – e no Brasil não foi diferente”.

Com a queda de ontem, o Ibovespa recua 2,1% na semana. No mês, o índice cede 5,21%, limitando o avanço no ano a 5,34%.  sequência negativa contrasta com o bom desempenho da Bolsa no primeiro semestre, quando o índice subiu 7,61% e ficou entre os dez melhores investimentos do período. O giro financeiro desta quarta-feira foi a R$ 48,8 bilhões.

Após ter encerrado julho perto dos 122 mil pontos, o índice da B3 ainda não registrou nenhum dia positivo este mês. A marca dos 116 mil pontos era considerada uma referência de suporte importante que, uma vez rompida, poderia levar o Ibovespa ainda mais para baixo, em direção aos 110,5 mil pontos.

Ações em alta na 12ª queda do Ibovespa

Ontem, na contramão do Ibovespa, as ações da Petrobras subiram. As ON (ação com direito a voto) tiveram alta de 2,95%, enquanto as PN (preferenciais) registraram valorização de 2,2%, um dia após o anúncio, pela estatal, de aumento nos preços da gasolina (16,2%) e do diesel (25,8%) nas refinarias, válidos a partir ontem. Outros destaques de alta foram IRB (+11,86%), Magazine Luiza (+7,22%) e Via (+5,92%). Entre as quedas, estavam as ações da Natura (-8,90%), Hapvida (-5,78%) e Alpargatas (-4,98%). (AE)

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