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Capital diplomático do Brasil foi dilapidado, afirma Celso Lafer

Ex-ministro das relações exteriores critica diplomacia do governo Bolsonaro e diz que o a atual gestão não saberia o que fazer no Conselho de Segurança da ONU

A questão do meio ambiente veio para ficar, mas a posição do governo Bolsonaro é totalmente negacionista, afirma Celso Lafer | Foto: Estadão Conteúdo Mas a posição

Advogado, jurista, professor, membro da Academia Brasileira de Letras e ex-ministro das Relações Exteriores nos governos Collor e FHC, Celso Lafer afirma que a percepção do Brasil no exterior, hoje, é negativa, e o capital diplomático está sendo muito dilapidado. Em entrevista ao vivo para a série Cenários, promovida pelo Banco Safra em parceria com o Estadão, ele analisou a conjuntura respondendo às pergundas da colunista Sonia Racy.

“A questão do meio ambiente veio para ficar. Mas a posição do governo Bolsonaro tem sido muito negacionista nessa área. Pelas palavras que ele usa, pelo desmanche das instituições de monitoramento e controle. Os números não nos são favoráveis”.

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Ele destaca que a questão ambiental não é preocupação só de governos, mas de empresas e de consumidores. E para ter acesso a créditos, atender a esses requisitos ambientais é fundamental.

“Quando você tem, na Amazônia, um significativo volume de desmatamento, e quando a ciência já comprovou que há um ‘deeping point’ a partir do qual não é mais possível a regeneração da floresta, há uma avaliação muito negativa”, afirmou.

Ele comenta que na conferência de Glasgow de novembro passado, uma das coisas mais significativas foi a consciência de que meio ambiente não é só um tema de governo, mas da sociedade. A conferência teve participação relevante do setor privado. “É um movimento amplo, a administração Joe Biden nos EUA lhe dá grande importância, os chineses também”.

Para Celso Lafer, governo Bolsonaro não tem visão estratégica do próprio papel na diplomacia

O ex-ministro avalia que a mudança do ministro das Relações exteriores foi muito positiva. “Em Glasgow, o Itamaraty criou um diálogo mais aberto. E o meio ambiente se comportou melhor do que se imaginava, embora um presidente cuja vocação é negar a ciência não possa transmitir ao mundo, é claro, uma visão construtiva nessa matéria. E tem outra área que em Glasgow apareceu, a diplomacia subnacional”.

Ele explicou que a diplomacia subnacional é aquela feita por Estados e municípios. Ele citou o gverno de São Paulo, com bom relacionamento com a China, que viabilizou a oferta de vacinas contra a covid pelo Instituto Butantan.

Sobre a reivindicação do Brasil de participar do Conselho de Segurança da ONU, Celso Lafer comentou: “Eu me pergunto: o governo Bolsonaro sabe o que quer fazer lá? Tem uma visão estratégica de seu papel? Claro que não vai resolver tensões internacionais, mas ele poderia desempenhar um papel construtivo. Não me sinto otimista a respeito. Como você sabe, quem define a política externa é o presidente, por ação, ou por omissão”.

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