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Bolsas de NY fecham 3ª semana no negativo na onda de pessimismo com a China

Gigante chinesa do ramo imobiliário Evergrande pede recuperação judicial e construtoras estatais apresentam resultados negativos, agravando temor com desaceleração na China

Wall Street placas

Dados negativos da economia e crise de empresas imobiliárias na China abalam mercado em Wall Street | Foto: Getty Images

As bolsas de Nova York acumularam perdas semanais pela terceira vez consecutiva nesta sexta-feira, após fecharem o pregão com resultados mistos, em meio a um quadro de cautela com a economia global, sobretudo diante da crise imobiliária na China que se acentuou nos últimos dias. O índice Dow Jones fechou com elevação de 0,08%, aos 34.501,88 pontos; o S&P 500 cedeu 0,01%, aos 4.370,04 pontos; e o Nasdaq perdeu 0,20%, aos 13.290,78 pontos. Em relação à sexta-feira passada, 11, o Dow Jones recuou 2,21%, o S&P 500 caiu 2,11% e o Nasdaq, 2,59%. Com isso, o índice Nasdaq tem sua maior queda de três semanas desde dezembro de 2022, de acordo com o Dow Jones Market Data.

“Podemos estar vendo mais cautela em todo o mercado em meio a sinais de que o crescimento mais amplo pode estar desacelerando”, disse o CEO do Censo, Andrew Lawrence. O foco nesta sessão esteve nas recentes notícias de que a incorporadora chinesa Evergrande entrou com pedido de recuperação judicial (capítulo 15) nos EUA. Além disso, a Bloomberg noticiou que cresceu o número de construtoras estatais listadas em Hong Kong e na China continental que relataram perdas preliminares nos seis meses encerrados em 30 de junho.

Ao longo da semana, o mercado acionário norte-americano também viu pressão da alta nos rendimentos dos Treasuries, com o título com vencimento em 30 anos atingindo patamares recordes na quinta-feira.

“As ações de tecnologia estiveram especialmente sensíveis à recente alta nos rendimentos de Treasuries”, comentou a CMC Markets, citando o papel da Apple (0,28%) que teve “a pior sequência de perdas semanais neste ano, em queda pela terceira semana consecutiva” e o da Microsoft (-0,13%), que fecharam na “quinta semana consecutiva em queda”.

Nesta sexta, as bolsas oscilaram perto da estabilidade, com viés negativo, por boa parte do dia. Os três principais índices entraram em território positivo na reta final do pregão. Puxando a modesta alta do Dow Jones, a Walmart subiu 1,44%, ainda surfando no seu balanço trimestral publicado na quinta-feira e após uma série de elevação no preço-alvo da sua ação por bancos como UBS, Wells Fargo e Morgan Stanley.

As ADRs chinesas se destacaram negativamente, com a JD.Com e PDD Holdings entre os piores desempenhos do Nasdaq, com quedas de 4,75% e 3,36%, respectivamente. A Moderna devolveu parte dos ganhos que acumulou na quinta-feira, na esteira do anúncio de eficiência da sua vacina mais atualizada contra as novas variantes da covid-19. Assim, a farmacêutica fechou com perda de 4,35%. A Tesla (-1,70%) teve sua sexta sessão de perdas consecutiva, maior sequência desde dezembro.

Gigante imobiliária chinesa Evergrande volta a causar preocupação nos mercados

A incorporadora chinesa Evergrande Group protocolou pedido de proteção dos ativos no âmbito do Capítulo 15 do código de falência dos EUA em Nova York. O dispositivo protege os ativos da empresa nos EUA enquanto os acordos de reestruturação de dívidas são elaborados. Os acordos internacionais de reestruturação de dívidas exigem, em alguns casos, a entrada com o Capítulo 15 durante a finalização de uma transação.

Desde o ano passado, a Evergrande está no centro de uma crise de liquidez que se contaminou toda a cadeia do mercado imobiliário chinês, considerado a espinha dorsal da segunda maior economia do planeta. O movimento levanta preocupações sobre efeitos cascata, já que a China enfrenta um crescimento econômico lento e um setor imobiliário vagaroso.

A Evergrande está buscando proteção dos credores sob o Capítulo 15 do código de falências dos Estados Unidos, que se aplica a casos de insolvência envolvendo vários países, enquanto faz esforços para se reestruturar. O pedido faz referência às próximas negociações que acontecerão em Hong Kong e nas Ilhas Cayman. Os credores podem votar sobre uma reestruturação neste mês.

A incorporadora chinesa esclareceu que o processo representa um “procedimento normal” para reestruturação da dívida offshore e “não envolve um pedido de falência”. Em comunicado, a empresa explicou que os bônus emitidos em dólares estão sujeitos à legislação de Nova York. Por isso, protocolou pedido de proteção contra os credores para reconhecer as renegociações dos débitos conduzidas em Hong Kong e nas Ilhas Virgens Britânicas.

Dados preocupantes na China contaminam o mercado financeiro global

O índice Hang Seng, da Bolsa de Hong Kong, fechou nesta sexta-feira, 18, em baixa de 2,05%, e 17.950,85 pontos. Ele já perdeu um quinto de seu valor na comparação com a máxima recente, do fim de janeiro, o que significa que esse mercado está em território de bear market – quando uma bolsa enfrenta desvalorizações acompanhadas de pessimismo por parte dos investidores.

A movimentação do índice mostra a dramática mudança de sentimento na bolsa local, após um boom registrado neste ano apoiado por expectativa de recuperação econômica na China. Agora, a economia chinesa não mostra muito impulso e seu setor imobiliário dá novos sinais de dificuldades. Na própria China, ações também atingiam mínimas em 2023. O índice de referência do país CSI 300 recuou 1,2%, estendendo seu declínio a 2,3% neste ano. Os mercados acionários da Ásia exibiram quadro negativo, nesta sexta-feira, 18. Preocupações com a China estiveram em foco, em meio a novos temores sobre o setor imobiliário do país. Além disso, a perspectiva de política monetária mais apertada pelo mundo para conter a inflação também estava presente.

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A Bolsa de Xangai fechou em queda de 1,00%, em 3.131,95 pontos, na mínima do dia, e a de Shenzhen, de menor abrangência, caiu 1,72%, a 1.950,26 pontos. Quase todos os setores terminaram no vermelho em Xangai, com o índice local recuando 1,8% na semana. Preocupações com o fato de que a China Evergrande entrou com pedido de falência (capítulo 15) nos EUA pesaram. Papéis ligados ao consumo e de fabricantes de softwares lideraram as perdas.

Pessimismo derruba mercados

Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei recuou 0,55%, a 31.450,76 pontos. Ações de varejo e de farmacêuticas estiveram entre as baixas, com preocupações sobre o aperto monetário por bancos centrais e seu impacto na economia. Zensho Holdings caiu 4,3% e Daiichi Sankyo, 2,0%.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng recuou 2,05%, a 17.950,85 pontos. Temores com a China após a notícia sobre a Evergrande estiveram em foco. Ações ligadas ao setor imobiliário caíram em Hong Kong, com Longfor Group Holdings em baixa de 3,8%. Papéis de tecnologia também estiveram entre as quedas. Xpeng recuou 6,6% e Alibaba Group Holding, 3,4%.

Na Coreia do Sul, o índice Kospi fechou em baixa de 0,61% em Seul, a 2.504,50 pontos. Trata-se da sexta queda diária consecutiva da bolsa sul-coreana, a sequência mais longa de baixas nesse mercado desde junho de 2022, segundo o FactSet. Analistas do IG, Yeap Jun Rong afirmou que a perspectiva de postura hawkish na política monetária continua a pesar, após a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) da quarta-feira. LS Corp. Recuou 7,55% e Posco International, 6,5%.

Em Taiwan, o índice Taiex registrou queda de 0,82%, a 16.381,31 pontos. Na Oceania, em Sydney o índice S&P/ASX 200 fechou praticamente estável, em alta de 0,03%, em 7.148,10 pontos. A bolsa australiana teve sua maior queda semanal desde o início de setembro, de 2,6%. Entre ações em foco hoje, os setores financeiro, de telecomunicações e papéis ligados ao consumo e à energia estiveram entre as baixas. (AE)

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