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Dividendo recorde da Petrobras corre o risco de ser menor? Entenda

A parcela a ser paga aos acionistas, de R$ 2,75 por ação, pode ser reduzida em R$ 0,50, com a proposta do governo de destinar R$ 6,5 bilhões para investimentos

Prédio da Petrobras

Diante das incertezas, o Banco Safra tem recomendação Neutra para o papel da Petrobras | Foto: Getty Images

O dividendo recorde da Petrobras referente ao 4° trimestre pode não ser pago em sua totalidade. Ao reportar o resultado financeiro, a empresa informou que a parcela destinada aos acionistas poderia chegar a R$ 35,8 bilhões, ou R$ 2,75 por ação. Mas a nova direção da estatal, presidida por Jean Paul Prates, propôs a retenção de R$ 6,5 bilhões em uma reserva estatutária para investimentos, que será avaliada pelos acionistas em assembleia.

“O resultado foi relativamente bom, mas os dividendos que foram anunciados podem não ser pagos. Essa é uma incerteza de curto prazo, será submetido à aprovação em assembleia”, disse, Cauê Pinheiro, estrategista do Banco Safra. O montante a ser pago será decidido dia 27 de abril.

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O valor do dividendo aprovado supera a regra da política de dividendos em R$ 6,5 bilhões (R$ 0,50 por ação). Se o valor for retido para a reserva estatutária, a Petrobras pagará aos acionistas R$ 29,3 bilhões.

“O risco é a companhia pagar menos do que o anunciado. Essa incerteza deve sair da frente à medida que se anuncie o plano estratégico. Dessa forma, o investidor vai saber melhor para onde a empresa vai, mas espera-se que ela será mais ativa em investimentos. A nossa recomendação é neutra para a ação”, disse Pinheiro.

Com toda essa dúvida em torno da política de dividendos da Petrobras, o papel da companhia opera em baixa nesta sessão. Por volta das 15h25, recuava 0,99% (PETR4), mas chegou a perder mais de 2%.

“Vemos o papel muito descontado. Então para quem tem a ação na carteira, desde que ela não seja muito representativa, a recomendação é manter e aguardar. A redução das incertezas poderia ajudar a companhia”, afirmou Pinheiro.

Para o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, uma distribuição de dividendos equilibrada não deve prejudicar investimentos e deve, ao mesmo tempo, remunerar acionistas.

Ele afirmou, ainda, que pretende sim trabalhar com “robustez de dividendos” e repetir os lucros auferidos nos últimos trimestres. Prates falou a investidores durante apresentação dos resultados do quarto trimestre de 2022.

“Distribuição de dividendos equilibrada é aquela que conselho (de administração) e diretoria decidem em conjunto, sem comprometer bons projetos e remunerando os acionistas”, disse o presidente da Petrobras.

Já o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, deu “um puxão de orelhas” no mercado financeiro. “A Petrobras entregou de dividendos mais de R$ 215 bilhões quando ela deveria ter investido metade no crescimento econômico desse país, na indústria brasileira, naval e óleo e gás”, declarou Lula, em evento no período da manhã de lançamento do novo Bolsa Família, no Palácio do Planalto.

Segundo ele, ao invés de a estatal investir no País, “ela resolveu agraciar os acionistas minoritários com R$ 215 bilhões”.

O valor dito por Lula é relativo ao todo o ano de 2022 e, na realidade foi de R$ 194,6 bilhões em dividendos aos seus acionistas, segundo a Petrobras. A União federal recebeu R$ 55,8 bilhões no ano de 2022, tendo em vista que detém 28,7% do total das ações da empresa.

Segundo levantamento realizado por Einar Riveiro, da TradMap, esse montante previsto para ser pago aos acionistas da Petrobras em 2022 é o equivalente ao valor de toda a Ambev, que em 01 de março valia R$ 212 bilhões.

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