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Entenda a pressão dos preços das commodities sobre a inflação

Projeção do Safra para o IPCA em 2022 subiu para 5,8%, com mudanças relevantes na inflação de alimentos e na de combustíveis

Aérea de colheitadeira em plantação de trigo com marcas das carreiras em amarelo, alusivo à alta das commodities e pressão sobre a inflação

Preços de commodities em reais, medidos pelo IC-Br, já subiram 96% desde o começo da pandemia e devem ter uma alta adicional de cerca de 7% em março | Foto: Getty Images

Nos últimos dois anos, diversos fatores têm pressionado a inflação no Brasil e, recentemente, as commodities tomaram o protagonismo nesse sentido.

Com isso, o Banco Safra divulgou uma análise que detalha os efeitos que a escalada de preços nos itens dessa categoria têm para a inflação brasileira.

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Conforme o relatório, a depreciação do câmbio em 2020 encareceu as commodities, que também foram afetadas pelo aumento da demanda por alimentos durante a pandemia.

Em 2021, a crise hídrica causou intensa elevação nas tarifas de energia elétrica, e a recuperação da demanda internacional do petróleo trouxe pressão sobre os combustíveis.

Por fim, surpresas inflacionárias apareceram no setor de bens industriais, também causadas por um descompasso entre oferta e demanda – a primeira restrita por questões sanitárias e a segunda impulsionada por programas de transferência de renda e pelo crédito barato.

Segundo o Safra, as tarifas de energia elétrica devem cair ao longo de 2022 e o desequilíbrio no setor de bens deve se atenuar. As tensões geopolíticas recentes, contudo, têm adicionado incerteza nesse cenário de melhora inflacionária.

Os preços de commodities em reais, medidos pelo IC-Br (Índice de Commodities do Banco Central do Brasil), já subiram 96% desde o começo da pandemia e devem ter uma alta adicional de cerca de 7% em março.

A abertura do índice das commodities entre agrícolas, metálicas e energéticas revela que o setor de agropecuária explica a maior parte da forte alta de preços registrada nos últimos 24 meses.

Mais recentemente, a liderança na margem passou para as commodities energéticas, em especial o petróleo, cujo preço ultrapassou US$ 100 por barril nas últimas semanas

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Frentes de elevação das commodities e da inflação

De acordo com o Safra, as consequências da nova rodada de elevação no preço de commodities para a inflação doméstica tendem a se dar em duas frentes.

A primeira, mais rápida, é através dos preços administrados, especialmente combustíveis. Já houve reajustes nos preços de gasolina, diesel e gás de cozinha, e essas pressões devem fazer a inflação mensal rodar próxima de 1% em março e em abril.

A segunda consequência, segundo o banco, deve aparecer de maneira distribuída ao longo dos próximos meses via preços livres, principalmente de alimentos.

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Os estoques de grãos como trigo, milho e soja permanecem em patamar baixo. Assim, o Safra decidiu aumentar a projeção de IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para 2022, a despeito da recente apreciação cambial recente, de 5,2% para 5,8%, com mudanças relevantes na inflação de alimentos e na de combustíveis.

Ainda conforme o banco, a incerteza atual deve dificultar o trabalho do Banco Central do Brasil de trazer a inflação para a meta no horizonte relevante.

Assim, a autoridade monetária deve conduzir a taxa de juros para o terreno ainda mais contracionista, devendo dar novo aumento para a Selic de 100 pontos-base na reunião de maio, quando ele espera encerar o ciclo de alta da taxa.

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