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Oportunidades do Brasil no atual estágio da globalização

O atual estágio da globalização foi tema de debate entre o ex-embaixador Rubens Barbosa e o economista Marcos Troyjo na J. Safra Brazil Conference

Marcos Troyjo e Rubens Barbosa na J. Safra Brazil Conference

Marcos Troyjo e Rubens Barbosa estiveram na plenária principal da J. Safra Brazil Conference | Foto: Reprodução

O cenário do comércio global pós-pandemia em meio à guerra na Ucrânia foi tema de um dos painéis no J. Safra Brazil Conference, reunindo dois especialistas no assunto: Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington e Londres e Marcos Troyjo, ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento. Eles analisaram o novo capítulo da globalização e as oportunidades para o Brasil. 

“Eu acho que nós temos hoje uma divisão entre o ocidente e o ‘antiocidentalismo’, analisa Rubens Barbosa. Segundo ele, o crescimento dos BRICS é um indício de que isso é que vai prevalecer. “Nós vamos ter um grupo ocidental e um grupo que está se formando, que vai se caracterizar por ser antiocidental em termos de doutrina multilateral, comércio e multilateralismo”.

Troyjo entende que não existe uma Guerra Fria entre EUA e China, mas uma paz quente. “Quando há uma potência no topo da montanha e você tem uma outra potência ascendente, a que está no topo faz tudo para que a ascendente não suba. Enquanto isso, a que está subindo faz tudo para deslocar aquela que está no topo. Você consegue ver isso no comércio de inteligência artificial, de chips e até na criação de multilateralismos conflitantes, como o BRICS”. 

O ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (banco dos BRICs) afirma que países como Arábia Saudita, Índia, México e Brasil podem fazer o papel de “swing states” e extrair benefícios desses dois pontos de referência.  

Vulnerabilidades do Brasil devem ser discutidas 

O cenário internacional tem colocado um grande desafio para o Brasil, de ser um país ocidental com uma relação comercial e de investimentos profunda com a Ásia, ou seja, uma grande circunstância geopolítica, segundo Rubens Barbosa. Ele entende que essa é uma questão fundamental para qualquer país, já que localização, potenciais e vulnerabilidades passam pelo panorama geopolítico. 

“No Brasil, nós não costumamos falar das vulnerabilidades. A gente fala da política econômica, mas não critica ou comenta as vulnerabilidades”, completa. 

O ex-embaixador opinou sobre o que ele entende ser a maior vulnerabilidade do Brasil: “Acho que a maior vulnerabilidade do Brasil é um atraso científico e tecnológico. Os países que não estão na linha de frente das transformações, como as criadas pela inteligência artificial e 5G, dificilmente vão recuperar o tempo e o espaço perdidos”. 

Segundo Barbosa, a questão da inteligência artificial passa por outra vulnerabilidade importante do Brasil: a deficiência na educação. Ele defende que medidas de curto prazo sejam tomadas pelo setor privado e pelo governo federal com o objetivo de solucionar esses problemas candentes, econômicos, políticos e sociais, que interferem para uma posição mais proativa do Brasil em temas onde poderia ocupar lugar de destaque.  

“O Brasil pode se inserir no mundo de maneira muito forte nas áreas em que ele que ele é competente, como segurança alimentar, na questão ambiental, mudança de clima e transição energética. Nós vamos ter oportunidade para fazer isso na COP 30, no G20 e na reunião dos BRICS, em que o Brasil é coordenador”, aponta o ex-embaixador.  

Saiba mais:

Desindustrialização da China pode trazer benefícios 

Marcos Troyjo destaca o panorama comercial do Brasil no período de 2019 a 2022, mesmo com questões de percepção pública sobre o tema da política ambiental. “O Brasil ampliou o comércio com todas as regiões no mundo. Só em 2022, nós tivemos 600 bilhões de dólares de corrente comercial e 60 bilhões de dólares de superávit comercial, recordes históricos”, enfatizou. 

O ex-presidente do banco dos Brics entende que esses recordes passam pelas vantagens que o Brasil tem hoje em comparação a outros países do mundo, especialmente no setor dos alimentos. Ele destaca o país como um dos quatro grandes produtores de alimentos, com capacidade para ampliar a produção de alimentos e utilização de terras de forma sustentável. 

J. Safra Brazil Conference  

O megaevento realizado pelo Banco J. Safra acontece entre hoje (26) e amanhã (27/09) no hotel Grand Hyatt, em São Paulo (SP), e contará com palestras de personalidades nacionais e estrangeiras.  

São mais de 100 empresas brasileiras, com agendas de painéis sobre temas da atualidade e mais de 1.000 convidados entre executivos e investidores. O objetivo é discutir o cenário macroeconômico e político do Brasil e do mundo. 

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