close

Golpe da ilha que não existe engana mais de 700 pessoas

Vítimas pagaram até mil euros em troca de cidadania do fictício Estado Teocrático Antártico de San Giorgio, que oferecia títulos de nobreza e não exigia vacinas contra a covid

Aérea de ilhas na Itália com lagoa e montanhas ao fundo, alusivo ao local em que golpistas criaram um país falso, o Estado Teocrático de San Giorgio

“Estado Teocrático Antártico de San Giorgio” prometia soberania e privilégios autônomos como a liberação da obrigatoriedade da vacina contra a covid | Foto: Getty Images

Doze pessoas foram detidas e outras 30 estão sendo investigadas na Itália por terem inventado um país falso em uma ilha que não existe e enganado cerca de 700 pessoas com a promessa de cidadania, menos impostos, passaportes, terrenos e até um título de nobreza. A operação policial para investigar o golpe foi revelada pela polícia de Catanzaro na região da Calábria, sul da Itália.

Segundo a polícia, os golpistas criaram a falsa nação chamada “Estado Teocrático Antártico de San Giorgio”, que teria soberania e privilégios autônomos “em virtude do Tratado Antártico de 1959” e concedia cidadania a quem a solicitava, em troca de entre 200 e 1.000 euros (cerca de R$ 1.000 e R$ 5.200).

Saiba mais

Em cerca de um ano, os membros desta rede conseguiram enganar 700 pessoas em toda a Itália e arrecadar cerca de 400.000 euros (R$ 2 milhões).

Operação apura golpe da ilha que não existe

A operação, chamada “A ilha que não existe”, foi lançada pela polícia de Catanzarom em abril de 2021, após uma busca a uma propriedade que tinha sido indicada como a sede diplomática do Estado fictício.

Para dar credibilidade à existência do país falso, os golpistas criaram instituições de governo, como Chefe de Estado, Ministros, Tribunal de Justiça, Supremo Tribunal, Delegações Territoriais, além de um Diário Oficial, site oficial e, principalmente, a criação de documentos de identidade válidos também para a expatriação.

Brasão fictício que os golpistas criaram para o Estado Teocrático Antártico de San Giorgio | Foto: Reprodução
Brasão fictício que os golpistas criaram para o falos país Estado Teocrático Antártico de San Giorgio | Foto: Reprodução

Além disso, o falso Estado oferecia diversas vantagens aos seus nacionais: “desde o possibilidade de receber financiamento para seus projetos de pesquisa, à possibilidade de beneficiar de uma burocracia mais enxuta para suas empresas ou de usar documentos do Estado para circular livremente na Itália e no exterior, à possibilidade de permitir a entrada no território nacional de cidadãos estrangeiros”, diz nota oficial da polícia italiana.

O maior atrativo do suposto Estado era a redução de impostos, diz a polícia, “com uma alíquota igual a de apenas 5% a ser paga ao novo Estado de pertencimento com correlativa isenção de pagamento de impostos na Itália”.

Também havia a possibilidade de preservação de bens próprios de eventuais ações executivas do Estado italiano e a possibilidade de continuar a exercer a profissão de médico mesmo se tiver tido seu registro suspenso e de poder ficar isento das obrigações de vacinação contra a covid-19.

Recorte do Diário Oficial inventado para o Estado Teocrático Antártico de San Giorgio | Foto: Reprodução
Recorte do Diário Oficial inventado para o Estado Teocrático Antártico de San Giorgio | Foto: Reprodução

Venda de terras na Antártica e títulos de nobreza

“Em pelo menos dois casos, surgiu a venda de terras na Antártica com título de nobreza”, e até carteira de motorista do falso país foi utilizada em uma blitz policial.

“Constatou-se também que os criminosos criaram documentos de identificação falsificados (passaportes, bilhetes de e identidade diplomáticos), mas totalmente correspondentes a formatos internacionais, e que os utilizaram em hotéis, na Itália e no estrangeiro, bem como nas verificações policiais e em alguns aeroportos, também para gerenciar o tráfico ilícito de drogas”, informou a polícia.

Entre os 12 detidos, em prisão domiciliar, está o antigo general da Guarda Financeira Mario Farnesi, de 72 anos, que foi “a referência operacional de todas as ramificações do Estado Teocrático” e o autor dos documentos falsos para obter a nacionalidade.

Os golpistas são acusados de formação de quadrilha, fraude, fabricação e posse de documentos falsos válidos para expatriação e lavagem de dinheiro.

De acordo com as autoridades policiais, o dinheiro ilícito da operação era enviado para uma conta estrangeira situada em território maltês, onde estaria sediado um representante do falso Estado. (AE)

Abra sua conta

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra