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Bolsa chega a quarta semana de alta e acumula ganho de 7,08% no ano

Com Petrobras em alta diante da disparada do petróleo, Ibovespa continuou atraindo capital externo e ignorou a 'PEC Kamikaze' no Senado

Bolsa

No final do pregão, o Ibovespa mostrava alta de 0,49%, aos 112.244,94 pontos | Foto: Getty Images

O fluxo comprador segue vivo na B3, mesmo quando os desdobramentos domésticos não são os mais favoráveis, como nesta sexta-feira, 4, de dólar em alta e de bolsas em boa parte do dia negativas no exterior.

A aparição de uma “PEC Kamikaze” no Senado afetou o ânimo dos investidores. A proposta ampla combina desonerações no combustível até 2023, sem compensação fiscal, e benefícios sociais como vale-gás e bolsa caminhoneiro.

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Quando os detalhes da proposta vieram a público, o Ibovespa retomava os 112 mil pontos, então nas máximas do dia, refletindo também a melhora no S&P 500 e no Nasdaq, em Nova York, que acabaram por fechar em alta, movidos em especial por balanços.

Se no mercado a reação foi de indiferença (ou descrença), a nova proposta de PEC sobre combustíveis caiu como bomba no Ministério da Economia. Nos bastidores, com efeito fiscal estimado em mais de R$ 100 bilhões nas projeções iniciais, o texto apresentado pelo senador Carlos Fávaro (PSD-MT) foi apelidado de “PEC Kamikaze”, em referência aos pilotos japoneses que usavam seus aviões contra embarcações adversárias na 2ª Guerra Mundial.

No final do pregão, o Ibovespa mostrava alta de 0,49%, aos 112.244,94 pontos, entre mínima de 110.320,84 e máxima de 112.415,43 pontos (+0,64%), renovada perto do fechamento, com giro menos moderado do que no dia anterior, nesta sexta a R$ 30,5 bilhões.

Em sessão na qual Petrobras era quase estrela solitária (ON +1,79%, PN +1,75%) entre as blue chips, movida por alta superior a 2% no petróleo, que recolocou o Brent acima de US$ 93 por barril, os bancos (Santander +1,32%, Bradesco PN +0,66%) acabaram por se alinhar à melhora do humor ao longo da tarde, à exceção de BB (ON -0,19%), firmando-se também no positivo, assim como Vale (ON +2,62%).

Na ponta do Ibovespa, destaque para forte retomada em Locaweb (+11,33%), à frente de PetroRio (+7,34%) e de Cielo (+6,39%). Na face oposta, Eztec (-6,41%), Ecorodovias (-6,38%) e Via (-5,80%).

Com o avanço desta sexta, na semana, o Ibovespa emendou novo ganho (+0,30%), após acumular três altas, de 2,72%, 1,88% e 4,10%, desde a segunda semana do ano.

Ibovespa acumula alta de 7,08% no ano

Neste começo de fevereiro, o índice de referência segue em recuperação, embora em ritmo menor, com leve alta de 0,09% no intervalo, colocando o ganho do ano a 7,08%.

“Há uma retomada na B3 induzida por fluxo externo, por desempenho dos preços das commodities, por múltiplos ainda favoráveis nas ações e mesmo pelo avanço da Selic, que contribui para a recuperação das ações de bancos. O nível de 112 mil pontos tem se mostrado como um ponto de estabilização para o Ibovespa. Estamos em ano eleitoral e o tom é o do populismo, mas o mercado tem mostrado compreensão de que se o político promete, a área técnica dá o limite do que pode ou não ser feito. Ainda assim, é preciso ver, na semana que vem, se haverá exigência de mais prêmio de risco nos preços dos ativos”, diz Ariane Benedito, economista da CM Capital.

Nos Estados Unidos, a geração de vagas de trabalho no mês passado, bem acima do esperado, e a evolução da renda salarial, divulgadas pela manhã, foram a princípio o contrapeso para a boa aceitação dos números trimestrais da Amazon, após o tombo do dia anterior nas bolsas de Nova York decorrente do balanço da controladora do Facebook, outra gigante da nova economia.

Mas, ao fim desta sexta-feira, S&P 500 e Nasdaq mostravam ganhos, no dia como também na semana. “O quadro geral para o Fed não muda: o mercado de trabalho está apertado e as pressões salariais seguem altas”, avalia o Commerzbank.

No meio da tarde, os índices de Nova York, inclusive o Dow Jones (ao final, negativo na sessão), chegaram a ganhar fôlego com a aprovação da lei “América Compete” pela Câmara dos Representantes, com aporte de US$ 350 bilhões, ao que o presidente americano, Joe Biden, referiu-se como movimento “crucial” para que o país supere a competitividade da “China e de outras nações no século XXI”.

“O otimismo continua: das 278 empresas do S&P 500 que já divulgaram resultados, cerca de 80% conseguiram superar as estimativas, ainda um pouco abaixo da média – a expectativa era por 84% nesta condição. As companhias continuam a apresentar resultados melhores, resultados crescentes”, diz Breno Bonani, analista-chefe da Valor Investimentos.

Por outro lado, “os próximos dois meses devem ser muito agitados para os mercados de ações, já que a certeza de aperto do Fed claramente levará em conta a rapidez com que os problemas vistos (antes) na cadeia de suprimentos têm melhorado. O Fed está correndo para corrigir erro no combate à inflação, e esse ambiente global de rendimento de títulos crescente se tornará difícil para os ativos de risco. Vender em alta pode não se tornar o tema dominante, mas é difícil imaginar um (comportamento) ‘bullish’, agressivo, dos investidores”, observa em nota Edward Moya, analista da Oanda em Nova York. (AE)

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