Livro Bege: economia dos EUA desacelera e dificulta aumentos de preços
Livro Bege, documento do Federal Reserve que apresenta condições da atividade econômica, indica desaceleração com alta dos juros
29/11/2023O Livro Bege do Federal Reserve (Fed), divulgado nesta quarta-feira, mostrou que a economia dos Estados Unidos desacelerou de forma ampla entre o período do último relatório, de 18 de outubro até 17 de novembro. Segundo o documento, quatro distritos onde o banco central americano está presente mostraram “crescimento modesto”; dois relataram estabilidade ou ligeira queda; e seis, redução leve da atividade.
Publicado a cada seis semanas no período entre reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), o Livro Bege é um resumo sobre as condições da atividade econômica, inflação e do mercado de trabalho dos EUA feito a partir de pesquisa com contatos do Fed no setor privado.
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Quanto à inflação, o relatório afirmou que os consumidores americanos estão mais sensíveis aos preços, o que dificultou o repasse de custos pelas empresas. Segundo o Livro Bege, provedores de serviços tiveram mais capacidade de repassar o aumento de preços, enquanto o setor manufatureiro teve “poder de precificação” limitado.
Os contatos consultados pelo Fed avaliaram que a perspectiva para a atividade nos próximos seis a 12 meses piorou, enquanto os preços devem continuar em alta moderada em 2024.
Entre setores, o Livro Bege relata um cenário “misto” tanto para a atividade do varejo quanto para a manufatura. Nesse contexto, a demanda por empréstimos ao setor privado diminuiu, principalmente para empreendimentos imobiliários. O documento ainda destaca que as vendas de casas diminuíram e os estoques aumentaram no período da pesquisa, enquanto o setor imobiliário comercial seguiu desacelerando.
Livro Bege mostra crédito saudável
Do lado do consumidor, a concessão de crédito permaneceu “saudável”, mas alguns bancos relataram aumento das taxas de inadimplência, diz o Livro Bege.
O relatório também informou que o aumento dos preços arrefeceu de forma ampla nos EUA, com destaque para os custos de frete e matérias-primas industriais. A inflação, contudo, segue “elevada” e a alta dos salários foi classificada como “de modesta a moderada”.
O mercado de trabalho também trouxe boas notícias para o Fed, ao mostrar uma oferta de mão de obra maior na maioria dos distritos e demanda reduzida das empresas. Segundo o Livro Bege, a força de trabalho diminuiu em alguns setores por conta de demissões em massa e fechamento de postos de emprego.
Ainda assim, contatos de vários distritos ainda classificam o mercado de trabalho americano como “apertado” já que algumas pressões salariais persistem por conta de alguns relatos de dificuldade de contratação e retenção de funcionários com desempenho e grau de especialização altos. (Valor Econômico)