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Mercado absorve profissionais acima dos 40 dá alívio à inflação

Indicador do Safra do custo de produção das empresas tem variação modesta e indica inflação bem comportados nos próximos trimestres

Emprego trabalho

A elevação da participação de pessoas com maior grau de educação beneficia a produtividade e, consequentemente, permite aumento da média salarial sem pressão relevante no custo unitário do trabalho | Foto: Getty Images

A força de trabalho brasileira está cada vez mais educada e continua absorvendo trabalhadores com mais de 40 anos de idade, segundo análise macroeconômica do Banco Safra. Desde 2022, o nível do emprego ultrapassou o nível pré-COVID e continua crescendo, ainda que em ritmo mais lento. O número de pessoas ocupadas aumentou em 5,6 milhões desde meados de 2019, com aumento de 1 milhão nos 12 meses até junho de 2023. O aumento no volume agregado da ocupação tem sido acompanhado por mudanças na composição da força de trabalho e uma notável integração de trabalhadores com mais de 40 anos de idade, especialmente aqueles com maior nível educacional.

O maior aumento no número de pessoas ocupadas capturado pela PNAD está nas faixas acima de 40 anos, que respondem por pouco menos de 70% dos 5,6 milhões de novas posições ocupadas desde 2019, ainda que representem apenas 44% do total dos ocupados no segundo trimestre de 2023. Trata-se de informação importante, já que muitos desses trabalhadores são experientes e podem estar no pico de sua produtividade, especialmente considerando a participação de novos ocupados com ensino superior.

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O único senão em relação a esses números pode se dar, talvez, pela forma como a pesquisa é desenvolvida – quer no que tange às abordagens na rua quanto aos telefonemas, que pode ter algum viés a favor de pessoas com maior idade (e.g., jovens de modo geral não têm telefones fixos). Essa ressalva é importante em vista do crescimento relativamente modesto da ocupação entre as pessoas de 20 a 40 anos, não obstante sua participação na ocupação como um todo ser maior que o das pessoas acima de 40 anos.

Cai o emprego para profissionais com menor nível de ensino

A segunda tendência notável nesses quatro anos é a queda do emprego entre pessoas com menor nível de ensino. O número de empregados com ensino fundamental incompleto e fundamental completo caiu em relação à 2019 e à 2022.

As categorias médio e superior completos representam respectivamente 45% e 23% dos ocupados. Apesar da discrepância no total, o número de novas vagas destinadas a cada uma dessas duas categorias foi similar: aproximadamente um milhão desde 2022. Em suma, os novos empregados brasileiros têm um perfil com maior grau de educação, com destaque para o crescimento de empregados com ensino superior.

O Banco Safra analisa o emprego por setor de atividade, diferenciando servidores públicos e privados. O setor privado foi responsável por 4,8 milhões dos empregos criados desde 2019, e 700 mil dos criados desde 2022.

O setor de saúde se destaca como de segundo maior crescimento desde 2019 e maior crescimento desde 2022 (apesar de empregar 5% da mão-de-obra privada em 2T23). Entretanto, não necessariamente os setores que mais cresceram desde 2019 cresceram mais também em 2022/23, e vice-versa. Por exemplo, o comércio (maior empregador no setor privado, 21,8% do total) foi quem mais aumentou o número de postos desde 2019.

Entretanto, a quantidade de postos no comércio caiu nos últimos doze meses, após recuperação de uma queda vertiginosa durante a pandemia. Em diferentes magnitudes, o mesmo pode ser dito dos setores de construção, informação e agricultura. Em sentido contrário, alguns setores passaram a crescer apenas recentemente. É o caso do setor de transportes, das atividades científicas e administrativas, e dos setores de hospitalidade e educação. Todos estes setores sofreram fortemente com a pandemia, de modo que parte do crescimento recente pode ser, em teoria, atribuído ao aumento de mobilidade e interação social dos últimos trimestres.

O setor público respondeu por cerca de 14% das vagas criadas no país desde o segundo trimestre de 2019, mas 33% das vagas que foram criadas desde o segundo trimestre de 2022. Nos últimos doze meses, a população ocupada na administração pública aumentou em 99 mil, na educação pública em 123 mil e na saúde pública em 146 mil.

Emprego de profissionais mais qualificados reduz custo unitário do trabalho

Considerando, por fim, a variação no emprego por grau de formalidade: desde 2019, as categorias de trabalho formal, informal e por conta própria (autônomo) criaram vagas em proporção mais ou menos similar ao seus respectivos tamanhos. No entanto, nos últimos doze meses, a imensa maioria das vagas criadas foram formais (1,3 milhões).

O setor informal assalariado contribuiu com 121 mil novos postos. O trabalho autônomo, responsável por mais de um quarto das vagas de trabalho no país, recuou 370 mil. Estes números, somados à queda da taxa de desocupação em 2022-23, sugerem migração da mãode-obra do trabalho por conta própria em direção ao setor formal. Em suma, o nível da educação e da idade da força de trabalho estão aumentando.

A elevação da participação de pessoas com maior grau de educação beneficia a produtividade e, consequentemente, permite aumento da média salarial sem pressão relevante no custo unitário do trabalho. O indicador do Safra do custo de produção das empresas continua apresentando variação modesta e suporta a estimativa do banco de núcleos de inflação bem comportados ao longo dos próximos trimestres.

Íntegra da análise semanal macroeconômica do Banco Safra.

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